SocGén: Grécia vai precisar de mais resgates e não deve cumprir metas de dívida

Por outro lado, se mostrar determinação em realizar as reformas estruturais, país deve continuar recebendo auxílios

Renato Rostás

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SÃO PAULO – Depois de ver o FMI (Fundo Monetário Internacional) aprovar um pacote de resgate de € 28 bilhões para a Grécia, o Société Générale acredita que é apenas uma questão de tempo para que o país venha a precisar de outro auxílio. Se vai consegui-lo ou não, dependerá de o governo local demonstrar comprometimento com as reformas.

Segundo o banco francês, os gregos vão passar por dois grandes testes até o próximo semestre, em maio e junho, nos quais terão que provar que estão avançando. De qualquer jeito, a analista Michala Marcussen não acredita nas projeções da Comissão Europeia para melhora do déficit e da dívida pública. Sua estimativa é de endividamento em mais de 150% do PIB (Produto Interno Bruto) para 2020.

Obstáculos a vencer
O primeiro obstáculo, na visão do banco francês, será a adoção de medidas de corte de gastos públicos até que a estratégia fiscal de médio prazo da Grécia seja formulado. Ainda há, nas contas da instituição, 5,5% do PIB a ser reduzido do déficit público da nação.

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Em maio, os gregos publicam esse relatório. O fechamento desse “gap”, no entanto, só poderá ser prioridade na pauta governamental depois que as eleições, que serão adiantadas, realmente sejam realizadas. A previsão é de alguma data entre o fim de abril e o início do mês seguinte. O banco vê a possibilidade de uma coalizão ser formada, mas alerta que chegar a detalhes da austeridade será tarefa difícil.

Já o segundo teste deve vir, para Michala, na forma do próximo relatório da Troika – grupo de negociação que inclui o FMI, a Comissão Europeia e o BCE (Banco Central Europeu). No último, o tom foi neutro, falando de progressos, mas pedindo novas medidas para reformas estruturais.

O próximo documento, que será publicado em junho, deve ser o termômetro sobre como andam as mudanças na Grécia. A Troika quer estímulos ao crescimento – controlando sonegação de impostos, fortalecendo o controle sobre despesas públicas, reformando o ambiente corporativo e também o setor de saúde – e assessoria técnica para supervisionar a aplicação das medidas, bem como os ativos que serão privatizados.

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Dívida pode ser maior
Por fim, o banco não confirma as estimativas da Comissão Europeia tanto de crescimento como de dívida sobre o PIB para o país nos próximos anos. As autoridades da Europa creem em um nível de 117% das obrigações frente ao crescimento, mas se a expansão da atividade for 100 pontos-base maior, o patamar pode chegar a 105%; se for 100 pontos menor, pode ser de 129%.

Como o Société só vê espaço para alta no PIB em 2015, enquanto a União Europeia espera isso já em 2014, a projeção é muito mais pessimista para a instituição financeira – acima dos 150% daqui a 18 anos. “Ultrapassar as metas pode ser perdoável, porém, se a Grécia mostrar determinação”, finaliza a analista.

Confira as perspectivas do SocGén e da Comissão Europeia para o crescimento grego:

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Crescimento do PIB 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Comissão Europeia -4,7% 0,0% +2,5% +3,1% +3,0% +2,8% +2,6% +2,5% +2,3%
Société Générale -7,3% -2,9% -1,2% +0,2% +0,8% +1,5% +2,0% +2,0% +2,0%