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SÃO PAULO – A decisão sobre quem será o próximo presidente do Federal Reserve se aproxima e as indicações convergem para a substituição de Ben Bernanke por Janet Yellen ao invés do ex-secretário do Tesouro dos EUA, Laurence Summers. Caso Yellen seja eleita, ela será a primeira mulher a ser chefe de política monetária dos EUA.
De acordo com pesquisa feita pela CNN, a maioria deles prefere Yellen ao o ex-secretário. Dos 21 consultados pela agência de notícias norte-americanas, 14 deles acreditam que a atual líder do Fed de São Francisco. E o gênero não deve ser um fator decisivo para tanto. Apenas dois economistas dos 21 eram do sexo feminino; quando a pesquisa se destinou a 100 economistas mulheres, a esmagadora maioria acreditava na escolha de Yellen.
E um fator em especial aponta para a preferência pela presidente do Fed de São Francisco ao invés de Summers. Apesar dos dois economistas possuírem qualificações suficientes para ocupar a cadeira que será deixada por Ben Bernanke, Yellen se destaca por possuir um discurso e política mais dovish (suave, com alta de juros de maneira paulatina) do que o seu rival, que adota um discurso mais hawkish (agressivo).
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A entrada de um dirigente do Fed com o último perfil acabaria afetando muito as projeções sobre os próximos passos da autoridade monetária, que já vem registrando uma grande mudança no destino dos capitais ao sinalizar a retirada paulatina do programa de flexibilização monetária.
Lembrem-se: Bernanke era um “azarão”
Contudo, algumas reviravoltas podem marcar a escolha do substituto de Bernanke. Conforme destacou no site da Fortune o seu editor sênior Stephen Gandel, o que é mais relevante não são quantos economistas ou profissionais da imprensa estão do lado de um ou outro candidato, e sim quem está apoiando os candidatos.
Alguns pontos são destacados por Gandel. Em novembro de 2004, a agência de notícias Associated Press dizia que havia três economistas propensos a substituir Alan Greenspan, e nenhum deles era Bernanke, que ressaltava o atual presidente do Fed como um “azarão”. Glenn Hubbard era o favorito. Em janeiro de 2005, Paul Krugman ressaltou Bernanke como uma possibilidade, mas só porque o economista de Harvard Martin Feldstein foi deixado de lado por criticar o republicano Ronald Reagan.
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Analisando o que já foi dito, Gandel ressalta que Yellen parece ter feito um bom trabalho de alerta sobre a bolha imobiliária, enquanto Summers teve um bom desempenho quando ela explodiu; porém, quando atuou como secretário do Tesouro, ele pode ter desencadeado estes problemas. “Ponto para Yellen”, destaca o editor.
Enquanto isso, Yellen é uma das autoras da flexibilização monetária, o que reduziu a taxa de juros e impulsionou o mercado de ações, além de não ter causado a inflação que muitos temiam. Já Summers tem alertado para os problemas que o Quantitative Easing pode causar, mas destacou que pode continuar o programa caso seja nomeado – nesse caso, ponto para a “flexibilidade de Summers”, aponta Gandel. Ele ressalta ainda que Yellen é uma construtora do consenso, ao passo que Summers está disposto a irritar e ir contra a corrente.
Summers: mais “pontos” que Yellen
Contudo, nada disso importa muito. O único ponto totalmente determinante é saber a opinião de quem realmente irá tomar a decisão ou influenciará no resultado. Com base nisso, Gandel fez um estudo, pontuando de 0 a 1 tendo como parâmetro o poder de decisão. Para o presidente Barack Obama, a pontução é 1, uma vez que ele faz a escolha, enquanto os funcionários de Obama tem pontuações relativamente altas.
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Já economistas exercem menor influência conforme mais longe eles estejam da capital Washington; profissionais da imprensa também têm pontuações próximas a zero. Assim, mesmo com um grande número de pessoas apoiando um ou outro candidato, a grande decisão se concentra em Obama e nos mais próximos deles.
E o resultado surpreende. Com base nos números apresentados, Summers ganharia, com 4,9 pontos totais. Mas Yellen vem logo em seguida, com 4,7 pontos. É esperar para ver.