Com contabilidade de hedge, Petrobras deve aumentar dividendos para ações ON

Na sessão passada,ações ordinárias da companhia tiveram fortes ganhos; analistas também aumentaram projeções de lucro para companhia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou que, desde meados de maio, está realizando a contabilidade de hedge, o que deve permitir que a companhia reduza o impacto das variações do câmbio. Com isso, as ações ordinárias da Petrobras fecharam a sessão da véspera com ganhos de 7,25%, a R$ 14,80, liderando os ganhos do Ibovespa, enquanto os ativos preferenciais da companhia registraram alta menos expressiva, de 3,88%, a R$ 15,80. 

Conforme destacam os analistas do JPMorgan, através desta contabilidade, os resultados da Petrobras podem vir mais positivos, com asw expectativas de perdas financeiras se reduzindo em cerca de R$ 4,5 bilhões. Com isso, no período, a companhia pode deixar de registrar prejuízo e passar a registrar lucro líquido no período. Por outro lado, os indicadores de alavancagem da companhia não devem mudar. 

Já o Barclays elevou a projeção de lucro para a companhia em 15%, passando de US$ 0,49 para US$ 0,56 por papel da companhia. Para 2013, a projeção de lucro passou de US$ 2,10 para US$ 2,20 por ação, um aumento de 4,8%. 

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Dividendos devem aumentar
Dentre outros fatores positivos, os analistas do JP Morgan destacam que, com a melhora dos resultados consolidados para a petrolífera, o pagamento de dividendos por ação deve aumentar, visão compartilhada também pela analista do UBS, Lilyanna Yang, que vê aumento dos proventos para os detentores de ações ordinárias com essa nova contabilidade da companhia. Enquanto isso, o UBS vê a mudança levar a ganhos estimados entre R$ 3 e R$ 5 bilhões para a companhia entre 2013 e 2014. “Tal aumento poderia se traduzir em um aumento de R$ 0,06 a R$ 0,09 em dividendos por ações ordinárias, acrescentou.

“Essa prática se reflete em um melhor desempenho econômico e operacional da empresa – através de receitas dolarizadas no longo prazo – representando assim aumento dos lucros na base anual ao invés de declínio, o que pode levar ao aumento no pagamento de dividendos para o Tesouro Nacional do Brasil, que é proprietário de 58% das ações votantes “, destaca Yang. O governo brasileiro é o maior detentor de ações ordinárias da companhia.

Vale ressaltar que, em fevereiro de 2013, após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre da companhia, a Petrobras informou que pagaria um valor menor de dividendos para os detentores de ações ordinárias menor na comparação com a proposta feita para aqueles que possuem papéis preferenciais, prevendo uma economia de R$ 3,5 bilhões com a medida. Os dividendos das ordinárias passaram a ser de R$ 0,47 por papel ON e de R$ 0,96 por PN. 

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Com isso, as ações ON da companhia passaram a registrar fortes quedas no período após o anúncio e, no ano, registram perdas de 23%, enquanto os ativos preferenciais registram baixas menores, de 15,92%. Assim, a expectativa por aumento de dividendos impulsionou as ações com direito a voto da companhia. 

Detalhes da operação
A Petrobras informou na última quarta-feira que, a partir de meados de maio, passou a aplicar às exportações a prática contábil conhecida por contabilidade de hedge.

“Essa prática, regulada no Brasil pelo pronunciamento contábil CPC38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração, permite que empresas reduzam impactos provocados por variações cambiais em seus resultados periódicos, desde que gerem fluxos de caixa futuros em moeda de outro país que se equivalham e tenham sentidos opostos”, informou a companhia. 

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No caso da Petrobras, esse mecanismo contempla, inicialmente, cerca de 70% do total das dívidas líquidas expostas à variação cambial, protegendo cerca de 20% das exportações, por um período de sete anos. “A aplicação dessa prática permite que os resultados contábeis da companhia sejam melhor alinhados à sua realidade econômica e operacional”, destacou a petrolífera.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.