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SÃO PAULO – A volatilidade da Bolsa nos últimos dias diante das incertezas eleitorais, com uma forte pressão negativa diante do cenário com Dilma Rousseff (PT) à frente nas pesquisas, não são exatamente o cenário visto pelo mercado durante essas eleições. Em 7 meses de Ibovespa influenciado pela corrida eleitoral, o principal índice da Bolsa chegou a ter ganhos de mais de 37%, e junto com o benchmark muitas ações não tiveram do que reclamar.
São os papéis do chamado “Kit Eleições”, ou seja, ativos que são mais sensíveis às mudanças que poderiam ocorrer com um novo governo, com destaque para as estatais e para os bancos privados. Mesmo diante de algumas quedas nos últimos dias, ações como as da Petrobras (PETR3; PETR4) e do Banco do Brasil (BBAS3) têm valorizações superiores a 30% desde o início do rali eleitoral, em março.
No caso da petrolífera, os ganhos chegaram a superar 100% na máxima atinginda nos últimos meses. As ações PETR3 saltaram de R$ 11,69 em 17 de março para atuais R$ 15,70, o que representa uma alta de 34,30%, mas não supera os ganhos de 99,23% até 2 de setembro, dia de sua máxima, cotada a R$ 23,29. Neste dia a Bolsa como um todo passou a cair forte com os investidores precificando uma maior chance de vitória de Dilma. Já os papéis preferenciais da estatal subiram 35,61%, passando de R$ 12,02 para R$ 16,30, sendo que até dia 2 de setembro, quando bateu sua máxima, a alta era de 104,33%, com os papéis batendo R$ 24,56.
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Já no caso do Banco do Brasil, a valorização entre 17 de março e 2 de setembro bateu 102,56%, com a ação saltando de R$ 18,33 para R$ 37,13, mas a ação perdeu força desde então e agora acumula ganhos de 40,48%, cotada a R$ 25,75. Enquanto isso, a Eletrobras (ELET3; ELET6) viu suas ações ordinárias subirem 31,03%, para R$ 6,08 nestes 7 meses, enquanto os papéis preferenciais avançaram 15,99%. No auge do rali, em 1 de setembro, os ativos tinham valorização de 85,34% e 58,88%, respectivamente.
Já entre os bancos privados, os destaques ficam para o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Bradesco (BBDC3; BBDC4). No caso dos ativos ITUB4, a valorização entre março e hoje atingiu 25,85%, com os papéis saltando de R$ 26,34 para R$ 33,15 – se consideramos apenas até a máxima em 2 de setembro, os ganhos chegam a 56,49%. Já as ações ordinárias do Bradesco saltaram 19,08% no período, cotadas agora a R$ 32,89, enquanto os papéis preferenciais subiram 28,93%, a R$ 32,89. Até 2 de setembro porém, os ganhos eram de 48,15% e 59,08%.
Outro papel que acompanhou todo esse desempenho, mas com menor intensidade foi o da BM&FBovespa (BVMF3), que entre março e hoje subiu 11,52%, passando de R$ 9,55 para os atuais R$ 10,65. Porém, em sua máxima neste rali, em 5 de setembro, os ganhos atingiram 48,59%, quando o papel chegou a ser cotado a R$ 14,19.
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Vale destacar as empresas de açúcar e álcool, em especial a Cosan (CSAN3), que após a morte de Eduardo Campos (PSB) em agosto passou a subir forte, principalmente com a entrada de Marina Silva (PSB), considerada por muitos uma grande apoiadora dos combustíveis alternativos, o que poderia ajudar o setor. Naquela época, entre 14 e 29 de agosto, os papéis da companhia tiveram ganhos de 27,40%, passando de R$ 32,34 para R$ 41,20. Os ativos chegaram a cair forte com a perda de força da pessebista e dispararam novamente com a ida de Aécio ao segundo turno. Porém, não conseguiu sustentar os ganhos e entre o início daquela alta e hoje as ações caem 2,75%.
A Bolsa e o rali eleitoral
No dia 17 de março teve início o chamado “Rali Eleitoral”. Naquela data surgiu o primeiro rumor sobre uma pesquisa Ibope, com os boatos indicando que a atual presidente estaria perdendo força entre os eleitores e teria sua reeleição ameaçada. Com isso, papéis de algumas empresas passaram a subir forte diante da expectativa de que Dilma não seria reeleita. Em pouco tempo, tanto o índice quanto ações como estatais e bancos privados subiram forte, com ganhos que chegaram a 20% em 2 meses.
O movimento deixou claro que o mercado tem um grande desejo de mudança. Analistas afirmaram que os investidores não estão contentes com a atual política econômica, principalmente por conta das intervenções do governo em diversos setores. Por isso, a cada queda de Dilma – ou alta dos adversários – nas pesquisas, a Bolsa reagia de forma bastante positiva.
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Perdendo força durante a Copa do Mundo, o movimento de alta da Bolsa ganhou nova força em agosto, quando um trágico acidente acabou vitimando o candidato Eduardo Campos (PSB). Neste cenário, Marina Silva (PSB) se tornou candidata e logo já era apontada como uma das principais adversárias na corrida eleitoral, assumindo o segundo lugar nas pesquisas e trazendo um novo ânimo para os investidores.
Com isso, o Ibovespa voltou a subir forte, chegando em sua máxima no dia 2 de setembro, quando atingiu os 61.895 pontos, representando uma alta de 37,65% desde o início do rali. Porém o cenário mudou e a pessebista começou a perder força nas pesquisas, o que trouxe grandes incertezas para o mercado, levando os investidores a temerem até uma vitória em primeiro turno da petista.
Porém, nos últimos dias antes do primeiro turno o mercado voltou a apostar em pelo menos um segundo turno, que foi confirmado, mas com Aécio Neves (PSDB). Isso animou os investidores, principalmente após o tucano aparecer liderando as primeiras pesquisas, o que levou o Ibovespa a uma alta de 8% em apenas três dias. Dia 14 de outubro o índice estava em 58.015 pontos – ganhos de 29,02% desde o início do rali.
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Mas novamente o cenário mudou e Dilma voltou a ganhar força nas pesquisas, “azedando” o cenário na Bolsa, concluindo na última pesquisa Ibope, que colocou a petista pela primeira vez à frente de Aécio, sem empate técnico. Com isso, o índice chega ao último pregão antes das eleições com ganhos de 15,51% desde março, ou seja, perdeu grande força nos últimos dias com o mercado apostando em uma vitória de Dilma. Resta agora aguardar a segunda-feira, que pode ser marcada por uma disparada da Bolsa ou com ela afundando.