“PSB caiu no colo de Marina Silva”; mas será que ela tem a cara do partido?

O consultor político Vitor Oliveira e o cientista político Fábio Ostermann traçaram o deram entrevista ao InfoMoney e destacaram cenário para Marina Silva

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Muito especula-se sobre a candidatura de Marina Silva, pelo PSB, no lugar de Eduardo Campos, que faleceu na manhã de ontem em um acidente aéreo. No entanto, de acordo com Vitor Oliveira, consultor político e blogueiro do InfoMoney, é cedo para qualquer especulação, visto que ela enfrenta diversos problemas dentro do PSB e era justamente Campos que amenizava as tensões entre Marina e o partido.

Vale ressaltar que na terça-feira, em entrevista ao Jornal Nacional, Campos afirmou que ficou ao lado de Marina contra a votação do Código Florestal, que foi aprovada pelo PSB quase unanimamente. “Neste caso, em particular, eu defendi as posições de Marina. Na nossa bancada, ela rachou, na verdade. Teve muita gente que era ligado a estados onde o agronegócio tinha mais expressão que não votou com a orientação partidária, mas eu defendi a posição que foi representada por Marina”, disse Campos ontem a William Bonner e Patrícia Poeta.

Porém, caso Marina seja a candidata do PSB à presidência, pode mudar o jogo, uma vez que ainda há uma boa parte do eleitorado que ainda não manifestou tanto interesse nas eleições. “Ainda é cedo para falar e também não sabemos a rejeição em relação a ela neste cenário, mas ela pode atrair uma parcela do eleitorado que ainda estava desinteressada com as eleições”, disse Oliveira.

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Já para Fábio Ostermann, cientista político pela Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, só existem dois cenários prováveis, ou o PSB desiste das eleições, o que seria extremamente grave para o partido, ou eles nomeiam a Marina Silva, visto que outro nome seria totalmente irrelevante há menos de dois meses das eleições.

Por outro lado, o presidente do PSB, Márcio França, afirmou ao InfoMoney que desistir do pleito é algo fora de cogitação. Assim, o cenário mais provável, de acordo com o especialista, é a nomeação de Marina Silva, apesar dos desentendimentos. “Marina deve assumir como candidata, pois pode trocar a cabeça da chapa até 20 dias antes do pleito”, concluiu.

Conforme aponta o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, “é  uma situação difícil uma vez que ela está a rigor num partido que não é o dela, será uma escolha traumática para o PSB colocar como líder alguém que está apenas de passagem na legenda. No entanto, devido ao curto tempo até o pleito, não me parece razoável tentar lançar outro nome. O PSB caiu no colo de Marina Silva”.

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“Temos que ponderar se ela vai aceitar a aliança costurada por Eduardo. Sabemos que há posições muito distintas entre o PSB e o Rede, principalmente no tocante ao meio ambiente. A candidata Marina Silva é uma pessoa, como sabemos, de firmes convicções e não será uma escolha trivial para ela assumir a estratégia que Eduardo e o PSB costuraram nos últimos meses”, afirma.

Mas, caso Marina seja a escolhida do partido, há pouco para avaliar. “As últimas pesquisas são de fevereiro deste ano quando tanto Campos quanto Aécio ainda eram pouco conhecidos. Segundo os dados do Datafolha ela tinha ampla vantagem sobre Aécio como podemos ver nas tabelas abaixo. Num hipotético 2º turno Dilma teria 54% dos votos contra 27% do Aécio na pesquisa de fevereiro. No caso de Marina a diferença seria menor, 50% contra 35%”.

Para Perfeito, a presença de Marina na corrida traz desafios importantes para ambos os atuais candidatos. Para Dilma fica complicado o cenário do 2º turno, para Aécio o fato de Marina ser conhecida, e agora envolta com um grande apelo emocional por conta da morte de Campos, irá construir uma terceira via que pode crescer muito rapidamente. “Como dissemos ainda é cedo. Marina Silva só deve se manifestar no fim dessa semana depois de consultar aliados próximos”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.