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Cocamar investe para abrigar um mar de grãos

Grupo paranaense também se prepara para começar a operar em Mato Grosso

Fernando Lopes

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O forte aumento da colheita de grãos em sua área de atuação na safra 2022/23 e as boas perspectivas para as próximas temporadas motivaram a Cocamar a elevar a capacidade de armazenagem. A partir de investimentos de cerca de R$ 250 milhões, a cooperativa paranaense, que faturou R$ 11,1 bilhões no ano passado, está ampliando três estruturas existentes e vai construir uma nova.

Os armazéns que estão sendo preparados para receber um volume adicional conjunto de 300 mil toneladas são nos municípios de Cambé, Japurá e Santa Cruz de Monte Castelo, no Paraná. Já a nova unidade, para 30 mil toneladas, será em Maringá, onde está a sede do grupo e já há outros silos. Segundo José Cícero Aderaldo, vice-presidente da Cocamar, a capacidade extra total representa um incremento de quase 15% em relação ao total existente (2,3 milhões de toneladas).

Fundada em 1963, a Cocamar conta com 112 pontos de atendimento espalhados por Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Em 80 deles há armazéns, e essa capilaridade é fundamental para uma cooperativa atrair e fidelizar associados. Atualmente, o grupo recebe a produção agrícola, sobretudo soja, milho e trigo, de mais de 19 mil cooperados.

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“Abrigar a safra 2022/23 está sendo um grande desafio. Não só pelo tamanho da produção, mas também por atrasos nas colheitas e pela mudança do ritmo das entregas dos cooperados, por causa das fortes oscilações dos preços dos insumos e da queda das cotações dos grãos no início do ano”, afirmou Aderaldo ao IM Business.

José Cícero Aderaldo, vice-presidente da Cocamar

A forte alta dos insumos, gerada por reflexos negativos da pandemia no mercado de defensivos e da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro do ano passado, elevou os custos da safra 2022/23. Isso fez com que muitos produtores segurassem mais do que o normal a soja colhida no verão, já que os preços do grão estavam em baixa entre o fim de 2022 e os primeiros meses deste ano.

O adiamento de vendas gerou um acúmulo de soja nos armazéns da Cocamar.  Há uma disputa por espaço em alguns armazéns do grupo entre a soja que ainda não foi negociada e o milho safrinha que está sendo colhido. Os novos investimentos em armazenagem têm por objetivo, portanto, aliviar o aperto nas próximas temporadas, tendo em vista que os volumes movimentados deverão crescer.

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Em 2022/23, a Cocamar recebeu dos cooperados cerca de 2,3 milhões de toneladas de soja e prevê a chegada de 1,6 milhão de toneladas de milho. No ciclo 2021/22, por causa do clima adverso principalmente no Paraná, segundo maior Estado produtor de grãos do país, atrás de Mato Grosso, foram apenas 1,2 milhão de toneladas de soja. E, em razão de perdas provocadas pela praga da cigarrinha, o volume de milho ficou em 1 milhão de toneladas.

Os associados que trabalham com trigo também estão com as colheitadeiras no campo e deverão entregar 100 mil toneladas, 20 mil a mais que no ano passado. O faturamento da Cocamar deverá crescer 15% em 2023, para R$ 12,7 bilhões. Os aumentos dos volumes das três culturas mais do que compensam as quedas de preços – que, por sinal, já reagiram nos últimos meses..

Os grãos representam cerca de 50% do faturamento do grupo e 30% do valor obtido nessa frente vêm de exportações. Vendas de insumos agrícolas aos cooperados respondem por outros 30%, e o restante é dividido entre venda de máquinas, produtos processados comercializados no varejo, moinho de trigo, fiação de algodão, fábrica de rações e fertilizantes foliares.

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Além da expansão das operações em sua atual área de atuação, Aderaldo afirma que a Cocamar está se preparando para começar a operar em Mato Grosso. O primeiro ponto de atendimento da cooperativa no Estado será em Água Boa, na região do Vale do Araguaia, onde se destacam os cultivos de soja, milho e gergelim.

A empreitada exigirá investimentos de R$ 150 milhões, incluindo a construção de um armazém com capacidade para 150 mil toneladas. “Esse projeto é uma resposta a um pedido do governo de Mato Grosso. Nessa região os produtores são de menor porte [para os padrões mato-grossenses] e o cooperativismo pode ser um apoio importante. Para nós, a diversificação geográfica é também uma boa oportunidade para mitigar riscos climáticos”, disse Aderaldo.

Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023.