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Com expansão logística, Shopee quer captar clientes com frete grátis e descontos na Black Friday

Empresa inaugurou seu nono centro de distribuição no início do mês e já opera para atender demandas de todo o país

Giovanna Sutto

Logotipo da Shopee
(Fonte: REUTERS/Edgar Su)
Logotipo da Shopee (Fonte: REUTERS/Edgar Su)

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A Shopee entende que seu modelo de negócio, que conecta clientes a vendedores, pode ser um trunfo na Black Friday deste ano. O racional é que o formato traz mais agilidade nas entregas, o que inclui também frete grátis para alguns produtos, com direito ainda a R$ 8 milhões em descontos via cupons. Além do benefício no bolso do cliente, a empresa aposta também no entretenimento, com lives com famosos em que os consumidores conseguem fazer compras ao vivo.

“Somos um marketplace e, por essa dinâmica, queremos oferecer uma experiência positiva tanto para consumidores como para vendedores durante a data”, afirma Felipe Piringer, responsável pelo marketing da Shopee, em entrevista ao IM Business, a penúltima de uma série sobre as estratégias logísticas das varejistas para a Black Friday. “Estamos construindo e melhorando nossas operações no país para atender cada vez melhor nossos usuários.”

Em ritmo de expansão no país, a companhia conta com nove centros de distribuição, sendo quatro deles em São Paulo, e os outros cinco no Rio de Janeiro, Paraná, em Minas Gerais, Pernambuco e na Bahia. Do total, as unidades de Salvador e de Recife foram inauguradas em maio deste ano, enquanto um CD localizado em Guarulhos (SP) entrou em operação no início deste mês.

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Esses espaços são classificados como “cross-docking”, modelo em que as mercadorias coletadas via parceiros logísticos são reorganizadas e direcionadas aos hubs (pontos menores) para serem entregues ao consumidor final. Esse tipo de centro é diferente do principal modelo de várias concorrentes no país, como Magazine Luiza, Mercado Livre e Amazon, que possuem centros de distribuição no formato “fullfiment”, que são espaços maiores que permitem armazenamento de produtos mesmo antes da venda.

A Shopee não possui produtos próprios em sua plataforma, por isso, não trabalha com estoque, segundo o executivo. Com objetivo de fazer entregas mais rápidas e deixar a operação mais eficiente, a empresa planeja campanhas de Black Friday “alinhadas à capacidade de processamento de pacotes diários nos espaços logísticos e também aos parceiros que coletam os produtos dos vendedores e realizam as entregas ao consumidor”, afirma Piringer.

Logística sofisticada

A Shopee tem mais de 100 hubs logísticos, locais menores que cross-docking, em que recebe os pacotes dos centros de distribuição e separa as rotas para enviá-los. Em seguida, acontece a expedição para os motoristas e transportadores parceiros.

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São mais de 1.400 pontos de coleta e entregas, no modelo “PUDO” (pick up, drop off  em inglês), que basicamente é um estabelecimento comercial parceiro da empresa que aceita receber pedidos dos vendedores próximos de seu ponto e a Shopee os recolhe e leva até o consumidor.

Apesar do investimento na infraestrutura, Piringer não revelou os prazos de entrega da companhia, nem se há uma expectativa de redução. “O prazo de entrega depende da região do consumidor e do vendedor e a informação está devidamente indicada na hora da compra. Se os dois são do mesmo estado, por exemplo, o produto chegará ainda mais rápido”, afirmou o executivo.

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E a seca no Norte?

A seca histórica que a região Norte vem enfrentando é um ponto de alerta para todo o varejo, que depende da Zona Franca de Manaus para a produção e distribuição de alguns produtos.

No caso da Shopee, Piringer explica que, como a empresa não tem produção própria, está trabalhando próxima aos lojistas parceiros da região para evitar gargalos na Black Friday e no fim de ano.

“De acordo com o que temos apurado, não teremos problemas com estoque ou com prazos de entregas para o período”, prevê o executivo.

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Taxação de produtos

A Shopee foi uma das protagonistas de todo o imbróglio envolvendo a tributação de mercadorias de até US$ 50 no país, que começou em meados de abril deste ano. A ideia inicial era cobrar impostos de varejistas estrangeiras, como Shopee, Shein e AliExpress, por exemplo, que vinham sendo acusadas de ganhar terreno sobre as concorrentes brasileiras ao supostamente fazer vendas como pessoa física e pagarem menos tributos.

Na época, o barulho nas redes sociais com consumidores com receio de pagar mais em compras fez o governo recuar e lançar o programa Remessa Conforme, da Receita Federal, que oferece benefícios às varejistas estrangeiras em troca de regularização da situação junto ao Fisco. A implementação da medida foi feita, com isenção de imposto de importação para compras de até US$ 50, e a Shopee foi uma das várias empresas que aderiram.

Questionado sobre a atual situação e quão transparente sua operação está, Piringer ressaltou que a Shopee, que tem sede principal em Singapura e pertence ao Sea Group, é um aplicativo de compras local.

“Temos dois escritórios na cidade de São Paulo e uma malha logística bem estruturada no país que atende apenas as compras dos mais de 3 milhões de vendedores brasileiros que temos no marketplace. Mais de 90% das vendas são de vendedores brasileiros”, afirma o executivo.

Segundo ele, não há taxação nas compras de produtos de vendedores brasileiros na plataforma — esses são sinalizados com uma bandeira do Brasil.

“Para os consumidores que desejam comprar de vendedores internacionais, cujas vendas representam menos de 10% na plataforma, suas compras acima de US$ 50 estão sujeitas a tributação, de acordo com as regras do Programa Remessa Conforme, do governo federal”, finaliza o executivo.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.