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Com a maior frota de helicópteros da América Latina, a cidade de São Paulo tem mais de 175 helipontos cadastrados na ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), a maioria deles concentrados na região da Faria Lima. E foi justamente neste coração financeiro da capital que a startup de mobilidade urbana Revo resolveu estrear suas operações, nesta quinta-feira (3).
Com dois helicópteros Airbus, a empresa aposta no que classifica como quinta evolução da mobilidade urbana, unindo serviço terrestre e aéreo. O foco está no público de alta renda e, para isso, deve atuar em duas rotas pré-definidas, ligando os escritórios da Faria Lima ao Aeroporto de Guarulhos e à Fazenda Boa Vista, da JHSF, em Porto Feliz.
“Não queremos voar a toda hora, e sim oferecer o serviço para o momento em que faz sentido”, diz João Welsh, CEO da Revo, ao IM Business. “Poucas pessoas estão dispostas a pagar o valor para fretar um helicóptero, portanto, é preciso compartilhar a aeronave para que o custo chegue ao aceitável. Fazemos isso com uma inteligência artificial que entende os horários e nos dá os mais adequados. O cliente encontra o assento disponível, faz a marcação, paga e está reservado”.
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Ao todo, serão 40 voos semanais compartilhados entre cinco ou oito passageiros, sendo 30 viagens durante a semana e outras 10 entre sábado e domingo. Os horários são determinados pelo algoritmo que, no caso da rota de Guarulhos, por exemplo, combina a agenda com os períodos de maior fluxo de pousos e decolagens dos aviões comerciais.
Reduzindo pela metade o tempo até o terminal internacional, o valor de cada assento tem preço fixo de R$ 3,5 mil, enquanto a rota para o interior custa R$ 5 mil e leva menos de 30 minutos. A expectativa é alcançar 3,7 mil reservas já neste ano.
Em seu modelo de negócio, a startup chega com o desafio de competir com empresas já consolidadas no mercado nacional, sobretudo o paulistano, como a Flapper, mas argumenta que tem a frota e tecnologia própria como diferenciais.
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Conforme destaca Welsh, está nos planos da empresa a extensão da operação para outros locais, especialmente para atender o Aeroporto Catarina, em São Roque, onde parte dos executivos prefere embarcar. No entanto, em razão da disponibilidade de dados operacionais, a rota ainda não pode ser confirmada.
“Existe uma grande vontade, mas faltam dados importantes. Eu não consigo ter no nosso algoritmo as informações suficientes para criar essa rota agora. Quando começarmos a ter mais dados dos fluxos em Catarina, poderemos criar voos para lá”, antecipa, ressaltando que negocia com a administração do aeroporto.
A Revo é subsidiária da portuguesa Omni Helicopters International (OHI), que tem 12 bases no Brasil, de São Paulo a Amazonas, prestando serviços offshore com 90 helicópteros para empresas como Petrobras e Shell. O grupo tem o fundo de private equity britânico Stirling Square Capital como principal acionista e, no ano passado, apurou receita de 300 milhões de euros (cerca de R$ 1,5 bi).
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De olho nos eVTOLs
Para além da operação atual feita por helicópteros, a Revo está olhando o futuro, já pensando nas aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL). Por isso, a marca tem um contrato de pré-reserva com a Eve Air Mobility para a compra de 50 unidades do carro voador, quando o modelo estiver pronto e aprovado pelos órgãos reguladores.
Segundo dados da Eve, já são 2,8 mil cartas de intenção, sendo 285 pedidos no Brasil. Avantto, Helisul, FlyBis, Flapper e Voar são algumas das marcas que ocupam a fila. Recentemente, a subsidiária da Embraer anunciou sua primeira fábrica para produção de aeronaves voltadas à mobilidade urbana, localizada em Taubaté, no interior de São Paulo.
Ainda não há certeza sobre quando os eVTOLs serão realidade, mas um estudo da consultoria McKinsey projeta que este tipo de equipamento pode estar sobrevoando os céus de grandes cidades até 2030. Na Revo, a expectativa para este cenário futurista é nos próximos cinco anos, quando pretende ser responsável por até 20% do faturamento global do grupo OHI.
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“O nosso projeto é se preparar para este futuro. Estamos falando do eVTOL, mas falta todo o restante. Quem vai entrar neste veículo se não se sentir seguro?”, indaga João. “Há muito a ser feito ainda em termos de infraestrutura para que os carros voadores se tornem uma realidade em alguns anos. Estamos entrando primeiro, começando um processo acelerado de aprendizagem com helicópteros para liderar essa transição”.
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