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A francesa Swile, primeira centauro (startup que chegou a um faturamento de US$ 100 milhões) do setor de benefícios do mundo, está participando das negociações junto ao governo federal para a regulamentação das novas regras do chamado Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que passou por mudanças aprovadas no Congresso recentemente. A regulação deveria ter sido implementada até maio deste ano, mas o governo de Luiz Inácio Lula da Silva decidiu postergá-la por mais 12 meses. Dentre os principais temas previstos (e que causam discussão entre as empresas do setor) no decreto 10.854/21 estão o fim do ‘rebate’ – prática de descontos negociada direto com a área de RH das empresas — e a possibilidade de portabilidade na modalidade de benefícios.
Segundo o CEO da companhia, Júlio Brito, que tem vasta experiência no setor, algumas empresas desse segmento têm se aproveitado do “limbo” com o período de implementação das novas regras para “burlar a lei”. “Eles [os rivais] estão cheios de criatividade. Estão pagando plano de saúde, boletos e festinha de fim de ano. Ou seja, estão fazendo várias ações criativas para não perder o cliente. Com isso, estão burlando a lei”, diz ele ao IM Business. Ele também espera que a portabilidade não seja usada como forma de oferecer um “rebate disfarçado” pela concorrência.
Com seis anos de vida, a Swile é uma das empresas que tem ajudado a quebrar a imagem “quadrada” que se tinha do setor de benefícios ao trabalhador até pouco tempo atrás — hoje, além da estruturação dos tradicionais VA (vale alimentação) e VR (vale refeição), as plataformas também utilizam outras possibilidades para o uso dos benefícios.
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Mesmo com o cenário ainda nebuloso em relação às mudanças na legislação, a empresa quer acelerar o desenvolvimento de soluções para fazer do Brasil sua principal fonte de receita. A Swile está prestes a ampliar seu portfólio com um produto voltado ao segmento de viagens corporativas. Hoje, 16 funcionários da empresa, entre diretores, gerentes e vendedores, estão testando o modelo para que ele seja azeitado e, posteriormente, levado para sua base de mais de 7,5 mil clientes corporativos até o fim do primeiro semestre de 2024. “Nós queremos facilitar a emissão do bilhete aéreo, da reserva do carro e do hotel para o RH das empresas”, diz Brito. “O funcionário não vai precisar guardando as notas fiscais para apresentar ao RH. Isso vai ficar guardado no nosso sistema”.
A estimativa é que cerca de 50% de seus clientes possam aderir ao Swile Travel. Ele revela ainda que já há parcerias previstas com empresas como Expedia, Amadeus, CVC e com as companhias aéreas. Para poder colocar o projeto em prática, a Swile também teve que registrar uma nova razão social para “se adaptar às exigências da legislação de viagens no Brasil, o que atrasou um pouco o lançamento desse projeto”, conta Brito.
Na França, a companhia já tem uma presença de mercado avaliada em mais de 30%. Seu desafio é repetir esse sucesso no Brasil, onde desembarcou em 2021, ano em que comprou a Vee Benefícios. “Nós saímos de menos de 100 mil cartões emitidos para mais de 600 mil. A nossa meta é fechar o ano de 2024 com 1 milhão, mas, pelo ritmo dos negócios, vamos conseguir essa marca antes”, conjectura. Hoje, seu market share no Brasil está avaliado em torno de 2%, em um mercado que movimenta mais de R$ 150 bilhões anualmente.
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Aos 58 anos, Brito tem passagens no mercado financeiro (Banco do Brasil, Cielo e Safra) e foi diretor da concorrente Alelo. Sua estratégia à frente da empresa da Swile passa pela expansão da oferta no país aos moldes do que acontece hoje na França. “Na França, a gente tem diferenciais no aplicativo como celebração de aniversário, vaquinhas entre colaboradores, transferências, descontos em alguns parceiros comerciais. Temos um superapp que abrange tudo sobre o mundo do trabalho”, diz ele. “Mas a gente sabe que, de repente, o que funciona lá, pode não ser bom para o Brasil. Então, estamos avaliando os cenários.”
Com 220 funcionários atualmente, a Swile não divulga projeções de faturamento para o Brasil, mas diz que sua receita no país irá crescer mais de 300% este ano. Segundo o executivo, a subsidiária brasileira tem “surpreendido” o conselho global. “A Swile no Brasil não fatura mais que na França ainda, mas tem um ritmo de crescimento maior. Pelo andar da carruagem e o potencial, vamos ultrapassar a operação francesa nos próximos anos”, diz Brito. A empresa tem reforçado sua área de tecnologia e diz que seu sistema hoje já comporta ter mais de 1 milhão de usuários ativos.
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