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“Meu objetivo não é enfeitar a noiva, mas melhorar o negócio”

CEO do Pão de Açúcar, Marcelo Pimentel, afirma discordar do preço-alvo  indicado pelos analistas do BofA

Lucinda Pinto Vera Brandimarte

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O dia não foi fácil para o Pão de Açúcar, que viu sua ação  cair quase 7% em reação a um relatório divulgado pelo Bank of America (BofA). Mas, para o CEO da companhia, Marcelo Pimentel, esse tipo de percalço não deve tirar a companhia do seu foco: melhorar a operação, diminuir a alavancagem e, paralelamente, reestruturar seu capital. “Acredito e vejo um potencial enorme de upside para o Pão de Açúcar”, afirmou Pimentel, em uma rápida entrevista após sua participação no evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) em Campinas, interior de São Paulo.

O BofA cortou o preço-alvo do Pão de Açúcar de R$ 15,00 para R$ 3,50, em parte pela adequação à nova realidade do papel desde o spin-off do Êxito. O relatório afirma também que o avanço operacional conduzido pela empresa não é suficiente para evitar a pressão sobre os resultados.

Em seus dois aplicativos, o Grupo Pão de Açucar já acumula 82% de penetração entre os clientes de suas lojas. Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Pimentel explica que a mudança do preço-alvo pelo BofA contempla, primeiramente o “split” das ações do Êxito.  Ele lembra, quando houve a operação, a ação do Pão foi para R$ 4,90 e a do Êxito tocou R$ 15,00. “Naquele movimento a gente criou valor para o acionista”, diz. Ajustado esse efeito, analistas estão ajustando   o valuation da companhia, cuja ação terminou a sessão de hoje pouco acima de R$ 4,00.  O executivo afirma, entretanto, que não concorda com o novo patamar de preço indicado pelos analistas do BofA, de R$ 3,50. E que a reestruturação conduzida por ele, desde que assumiu a companhia, em 2022, vai levar a uma melhora nos preços para o acionista.

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“Estamos passando por um momento de transição. Do nosso lado, é um foco absoluto no que a  gente se comprometeu a fazer em termos operacionais e redução de alavancagem”, diz. Ele se refere à melhora de imagem,  redução de despesas e aumento das vendas, o que já se traduziu em crescimento de market share ao longo dos últimos cinco trimestres.

“A questão da estrutura de capital vai sendo feita no paralelo, mas a operação começa a ganhar um protagonismo no resultado que nos últimos anos ela não teve”, afirma.

A intenção já manifestada pelo Casino de vender sua participação no Pão de Açúcar em nada altera a estratégia da empresa, diz Pimentel. Ele garante que os ajustes em curso na empresa não têm como objetivo “enfeitar a noiva” para a venda por um melhor preço da parcela do sócio francês. “Meu trabalho é melhorar o negócio. Se a gente ficar trabalhando para melhorar o preço única e exclusivamente, vamos criar uma visão não necessariamente correta do business”, diz.

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A proposta de valor do Pão de Açúcar, de voltar a ser um “varejo premium”, tem sido compreendida por fornecedores e clientes, diz Pimentel. E isso fica claro no aumento do volume de vendas – métrica importante, considerando-se o momento de deflação do preço de alimentos que tem impactado o varejo. E também pela indústria, que voltou a fazer seus lançamentos de produtos nas lojas do Pão.

O risco neste momento, afirma, é reagir a pressões de curto prazo do mercado e perder o foco. Isso poderia levar a “voos de galinha”. “A marca é  forte,  temos um mercado cativo, não tem por que nosso acionista não tenha ganho de valor”, diz. “O preço da ação é  consequência de tudo o que está sendo feito.”

Do ponto de vista de estrutura de capital,  a empresa segue trabalhando para encontrar uma alternativa de venda da fatia remanescente no Êxito. Depois do spin-off, o Pão de Açúcar ficou com 13% do capital da rede colombiana.

Lucinda Pinto

Editora-assistente do Broadcast, da Agência Estado por 11 anos. Em 2010, foi para o Valor Econômico, onde ocupou as funções de editora assistente de Finanças, editora do Valor PRO e repórter especial.