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O Grupo Oncoclínicas, especializado em tratamentos para câncer, fez a sua abertura de capital em 2021 e arrecadou quase R$ 2 bilhões para seu caixa – um momento marcante para todo o mercado brasileiro já que este foi o último IPO que aconteceu no Brasil até hoje. Para a empresa, a situação foi igualmente emblemática e determinou um ponto de virada na empresa que começou como uma clínica com seis médicos e dez cadeiras em Belo Horizonte, em 2010.
A ‘semente’ da empresa, contudo, surgiu muitos anos antes, quando o mineiro Bruno Ferrari estudava medicina na faculdade, quando a oncologia ainda não fazia parte do currículo escolar. No seu quinto ano de residência em ginecologia e obstetrícia, Ferrari descobriu a mastologia e o estudo do câncer de mama. “Mudei todo o rumo da minha carreira e fui estudar oncologia. Meus colegas brincavam que eu ia me formar em residência”, relembra Ferrari, em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo.
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Depois do estágio no Brasil, Ferrari foi estudar em Houston – uma referência mundial no tratamento ao câncer –. Lá, trabalhou no MD Anderson, um dos maiores cancer centers do mundo. “Ali eu tive a primeira lição sobre a oncologia: o paciente precisa ser visto de uma maneira integrada. Não é a doença de um médico, é de uma equipe multidisciplinar. É um exército contra uma doença. Você planeja uma estratégia e vai para os planos táticos que são os tratamentos”, afirma Ferrari. De lá, Ferrari voltou com a ideia de construir uma rede de clínicas particulares especializadas no tratamento do paciente com câncer.
Mais de 10 anos depois, ele, mais dois sócios e um grupo de seis médicos compraram uma clínica que daria origem ao grupo e conseguiram vender a ideia para um fundo de investimento que ‘comprou o powerpoint’. “Nascer já em conjunto com um fundo de venture capital nos fez olhar para a governança desde o primeiro ano. E fez muita diferença no crescimento e aceleração do grupo”, afirma Ferrari. Pouco depois, outro fundo de investimento entrou no negócio e acelerou a expansão, mas foi a chegada do Goldman Sachs, que fez da Oncoclínicas seu maior investimento proprietário no mundo, que o plano de expansão começou de fato. “Quando a Goldman entrou, nós tínhamos 13 clínicas e um EBITDA de R$ 25 milhões. Entregamos, no ano passado, um EBIDTA maior que R$ 700 milhões e em linha para entregar acima de R$ 1 bilhão esse ano”, afirma Ferrari.
Em 2020, com a necessidade de uma nova onda de crescimento, a Oncoclínicas se preparou para o IPO. “O que acontece [com o IPO] é uma transformação, mas como a gente não fez para os acionistas ganharem dinheiro, mas para inserir a companhia no mercado de capital, isso permitiu que aquele plano que a gente tinha elaborado fosse executado. Captamos R$ 1,7 bilhão e em seis meses a gente já tinha utilizado os recursos – e não casuisticamente”, diz. Com um mercado super fragmentado que apresentava oportunidades de M&A, a empresa faz um follow-on, que, segundo o fundador, foi importante para dar mais liquidez para o papel.
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Hoje, a Oncoclínicas é o maior grupo especializado em tratamento de câncer na América Latina e um dos maiores do mundo. Ainda assim, possui apenas 7% do mercado local, com 136 unidades em 35 cidades. Na busca por expansão e verticalização do tratamento, a Oncoclínicas firmou uma parceria com o Dana Farber Cancer Institute, afiliado à Harvard Medical School e uma referência no tratamento ao câncer, para abrir Cancer Centers no Brasil em colaboração com o Dana Farber. A primeira unidade dessa parceria já foi aberta em Belo Horizonte e outras serão abertas nos próximos meses – inclusive em São Paulo. “Não é só pela marca, é pelo processo. Eles fazem isso há 75 anos e ficamos dois anos estudando e fazendo ajustes inclusive em instalações para essa parceria sair”, afirma Ferrari. “Mas ainda somos tímidos: temos muito para crescer”, afirma.
Avenidas de crescimento
A Oncoclínicas possui algumas avenidas de crescimento. Uma delas, segundo Ferrari, é o crescimento orgânico de suas próprias unidades. “Nossas unidades vão crescer porque, infelizmente, a incidência de câncer vai aumentar e não há nada que a gente possa fazer contra isso, porque esta é uma das grandes variáveis é o envelhecimento da população. As taxas de incidências dos diversos tipos de câncer vão continuar aumentando, mas, felizmente, também vai aumentar o tempo e o número de tratamentos, porque eles serão mais acessíveis e eficazes” afirma o executivo. Por sua vez, esses novos tratamentos farão com que os pacientes vivam mais e melhor. “Você, conhecendo melhor a doença, oferece melhores tratamentos e isso tem um um impacto direto nas taxas de sobrevidas”, resume Ferrari.
Além disso, a incorporação de novas tecnologias, terá um impacto no custo da Oncologia. “Compramos, recentemente, uma empresa de IA em Boston e desenvolvemos nosso próprio programa de genoma. Fazemos o mapeamento genético dos tumores para fazer um tratamento cada vez mais personalizado”, explica.
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Outra vertente de crescimento do grupo são as parcerias com fontes pagadoras como as Unimeds, Porto e Golden Cross. “E outras virão. Porque essa é uma essa é uma maneira da gente oferecer para uma fonte pagadora sustentabilidade, custo efetividade e alta qualidade para o beneficiário deles”, afirma.
A história da empresa é o tema do episódio de hoje (25) do Do Zero ao Topo. O programa está disponível em vídeo no YouTube. O programa também está disponível nas principais plataformas de streaming como ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Google Podcast, Castbox e Amazon Music.
Sobre o Do Zero ao Topo
O podcast Do Zero ao Topo entra no seu quinto ano de vida e traz, a cada episódio, um empreendedor(a) ou empresário(a) de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio.
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O programa já recebeu nomes como o Fernando Simões, do Grupo Simpar; Stelleo Tolda, um dos fundadores do Mercado Livre; o empresário Abílio Diniz; Rodrigo Galindo, chairman da Cogna; Paulo Nassar, fundador e CEO da Cobasi; Mariane Morelli, cofundadora do Grupo Supley; Luiz Dumoncel, CEO e fundador da 3tentos; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; e contou dezenas de histórias de sucesso. Confira a lista completa de episódios do podcast neste link.