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Os fretes rodoviários caíram ao menor patamar do ano nos corredores de exportação de grãos do Arco Norte do país.
Segundo dados compilados por João Petrini, analista da consultoria Argus, o frete entre Sorriso, no centro-norte de Mato Grosso, e Miritituba, no Pará, ficou, em média, R$ 17 por tonelada mais barato na semana encerrada no dia 24 de novembro que na semana anterior, e o transporte de soja e milho pela rota que percorre a BR-163 saiu por entre R$ 240 e R$ 245 a tonelada, ante entre R$ 265 e R$ 275 no mesmo período de 2022. De Sinop, município mato-grossense ao norte de Sorriso, a Miritituba, a queda semanal foi de R$ 7, em média, para cerca de R$ 230 a tonelada, contra entre R$ 245 e R$ 260 um ano antes.
A retração foi provocada pela seca trazida pelo El Niño. Ocorre que, após chegarem a Miritituba, as cargas são carregadas em barcaças para continuar a viagem pelo rio Tapajós, até os portos do Norte e do Nordeste. Com a estiagem, explica Petrini, os rios dessas regiões estão com níveis baixos e navegação restrita, especialmente em Itacoatiara, no Amazonas, e Barcarena e Santarém, no Pará. Segundo o analista, informações do porto de Manaus indicam que a seca na região do rio Negro é a mais severa desde que as medições começaram, em 1902.
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Com os problemas no Arco Norte, parte das cargas está sendo desviada para portos como Itaqui, no Maranhão, Santos, em São Paulo,e Paranaguá, no Paraná. Resultado: aumento de custos nesses trechos. Entre Rondonópolis, em Mato Grosso, e Paranaguá, o frete subiu para R$ 385 por tonelada na semana encerrada em 24 de novembro, ante R$ 300 um ano antes. O cenário também está alterando a logística dos fertilizantes, já que alguns navios com o insumo importado que deveriam atracar no Norte estão sendo obrigados a buscar outros portos, gerando filas e gastos adicionais com demurrage.
Petrini observa que, em 2022, foram exportados pelos portos do Arco Norte 52,3 milhões de toneladas de soja e milho, contra 37,1 milhões no ano anterior. Pela primeira vez o volume superou o escoado pelo porto de Santos (46,8 milhões de toneladas). Como mostram os dados compilados por Petrini, os custos menores de transporte justificam a virada de eixo, mas desde que o clima permita. E os radares meteorológicos sinalizam que os problemas vão perdurar nos próximos meses. A colheita de soja da safra 2023/24 deverá ganhar força em fevereiro em Mato Grosso, Estado que lidera a produção brasileira de grãos.
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