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SÃO PAULO – “Pesquisas já demonstraram que a carga estressante que advém da demissão é significativa, superada apenas pelos eventos mais dramáticos da vida humana, como morte de cônjuge ou familiares próximos, divórcio, prisão. Perfeitamente explicável, pois o emprego tem posição central na vida das pessoas, associa-se com sua identidade, ocupa maior parcela do seu tempo e organiza suas relações com os outros”, diz o livro “Empreendedorismo e experiência em RH”, escrito por Hélio Terra, presidente da Ricardo Xavier Recursos Humanos.
Mesmo que a culpa pela demissão não tenha sido do profissional – a empresa pode ter decidido demitir aqueles que ganhavam mais, por uma questão de redução de custos, ou ainda fechar todo um departamento que deixou de ser estratégico -, ele tende a questionar o que fez de errado e a sentir-se mal.
Dizem especialistas que a maioria das demissões se devem à escassez de competências comportamentais. Isso porque os conhecimentos técnicos todos nós podemos aprender, por meio de cursos, treinamentos e da própria vivência, mas a personalidade de alguém é difícil mudar.
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“Existem vários motivos que resultam na demissão de um profissional. Eles podem estar ligados ao conhecimento técnico, ao desempenho e ao comportamento, sendo atribuído a este último a responsabilidade pela grande maioria das vítimas”, explica o diretor de Projetos da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Vladimir Araújo.
Como evitar uma demissão
Na opinião de Araújo, para evitar que a demissão aconteça novamente, o profissional deve questionar sempre a importância do seu trabalho na área em que atua, ou seja, se é essencial e diferenciado ou pode ser facilmente substituído.
“Além disso, o profissional deve se manter informado sobre como anda o mercado no qual atua a sua empresa e como ela é vista. Para tanto, converse com profissionais de outras organizações do mesmo ramo e consulte sites e jornais especializados”, aconselha.
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Para o coach e diretor da UP Treinamentos e Consultoria, Carlos Cruz, as pessoas devem analisar se a empresa e as atividades desempenhadas estão de acordo com aquilo que buscam. Isso porque é consenso entre especialistas que os profissionais somente conseguem se destacar quando fazem o que gostam, o que acreditam e utilizam seus talentos. Pode acontecer de alguém ser demitido não porque era incompetente, mas porque não se deu bem com determinada função ou empresa.
De qualquer maneira, Cruz defende que é importante aprender com o passado. Se seu erro foi insistir em um emprego que não era “sua cara”, de agora em diante, aposte nos trabalhos que têm a ver com você. “Não se desespere e comece a enviar currículos para qualquer lugar. Escolha com cautela a empresa e as atividades a serem desempenhadas”.
Se comprometa com a empresa
Outra forma de evitar a demissão é se comprometendo com a empresa. “Melhore cada vez mais sua capacidade de entrega, saiba trabalhar em equipe e demonstre interesse e integração com o que acontece na organização. Se isso não for garantir o seu emprego, pelo menos irá minimizar o impacto e evitar surpresas”, garante Araújo.
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Além disso, o diretor da UP Treinamentos e Consultoria lembra da importância de se antecipar, para não ser uma vítima da história. Logo, se está sentindo que seu departamento irá fechar ou que sua empresa corre o risco de falir em breve, comece a procurar outro emprego. “Esteja atento ao mercado e à empresa. Pesquise. Se souber que seu emprego corre risco, vá em busca de outra coisa”, enfatiza ele.
Não se engane
“As pessoas têm a tendência de culpar os outros ou as situações, em uma tentativa de enganar a si mesmas. Logo, quando são demitidas, pensam: eu fui dispensada porque meu chefe era ruim ou porque o mercado está difícil. Mas, no passado, elas tomaram uma decisão e escolheram estar naquela empresa. Por isso, devem sempre ponderar o quanto contribuíram para que a demissão ocorresse”, explica Cruz.
A verdade, entretanto, é que a demissão é uma oportunidade única de aprendizado. E o fracasso pode ser um grande aliado na carreira, segundo a professora da Fundação Dom Cabral e sócia-diretora da MBA Empresarial, Sandra Betti.
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“Fiz uma pesquisa, há muitos anos, e descobri que os bem-sucedidos executivos e diretores de grandes empresas tinham quatro características em comum: eles receberam muito feedback ao longo da carreira, tiveram bons gurus e mentores que os inspiraram, eram resilientes e vivenciaram um wake-up call, uma situação que deu uma chacoalhada em suas vidas, como uma demissão”, conta Sandra.
Eles aprenderam muito com as situações negativas. “A verdade é que você aprende bastante tanto com o bom chefe quanto com o mau chefe. Além disso, com a situação de fracasso, esses profissionais tiveram que ser fortes, se levantar e sacudir a poeira. Como resultado, se tornaram pessoas tão fortes que não quebram com qualquer adversidade”, diz ela.
Moral da história
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O que é possível aprender com uma experiência tão traumática quanto uma demissão? Que o sucesso do passado não garante o sucesso do futuro, por isso a necessidade de manter-se atualizado sempre, se tornando menos vulnerável, explica Araújo, da Ricardo Xavier Recursos Humanos.
“Mantenha a empregabilidade, ou seja, realize periodicamente uma honesta e objetiva auto-análise, reconhecendo suas forças e fraquezas, identificando seus objetivos a curto, médio e longo prazos, estabelecendo e acompanhando quais ações deverá realizar para chegar lá e manter-se empregável”, acrescenta ele.
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