SÃO PAULO — A maioria dos investidores em ações já ouviu, compartilhou e repetiu frases de Warren Buffett. Mas poucos no país conseguiram aplicar sua estratégia como Cesar Paiva, fundador e gestor do fundo Real Investor.
Seguidor incondicional do value investing e de Buffett, Paiva e seu fundo, sediados em Londrina (PR), chegaram ao primeiro bilhão de reais sob custódia em setembro deste ano usando dessa estratégia.
“O value investing tem uma lógica que nunca vai ficar obsoleta. E só investir onde o valor é muito mais alto que o preço que você está pagando. Saber a diferença de preço e valor é essencial”, afirma Paiva.
Resumida em poucas palavras, ela pode ser definida como a busca por boas empresas a preços baixos.
Trajetória
Antes de ser gestor, Paiva trabalhou como bancário e assessor de investimentos até montar seu clube de investimentos, em 2008. Seus primeiros cotistas eram ele mesmo, seu pai e sua mãe.
Os resultados foram bons e, em 2012, o clube virou fundo. O número de cotistas aumentou e a caça às ações baratas continuou rendendo frutos.
Nos últimos 10 anos o Real Investor rendeu 1.114%, contra 198% do Ibovespa no mesmo período, sempre aplicando o value investing. Assim Paiva acabou ganhando o apelido de oráculo de Londrina, em alusão ao apelido de Buffett, que também optou por permanecer longe dos grandes centros financeiros e se tornou o oráculo de Omaha.
Investidor profissional
A história do Real Investor é um exemplo de como o value investing pode levar investidores longe. Por isso, o próprio Paiva se tornou professor.
“A trajetória que eu percorri ainda é possível, talvez seja até mais fácil hoje. Na minha época não existiam cursos, eu tive que achar e ler vários livros, sem orientação”, afirma. “Eu até cheguei a fazer um MBA, mas os professores de avaliação de empresas não tinham conhecimento de mercado”, completa.
Iniciativas educacionais
Paiva é um dos gestores que será professor no MBA de Ações e Stock Picking, realizado em parceria entre o InfoMoney e o Ibmec. “Hoje em dia os gestores estão ensinando em cursos e se expondo em mídias sociais, então pode ser mais fácil hoje, mas por outro lado a concorrência vai aumentar é preciso se preparar muito bem”, diz.