Google estuda formatos híbridos de trabalho no retorno às atividades pós-pandemia

Um estudo feito pela companhia revelou que 62% dos funcionários não querem voltar a trabalhar todos os dias nos escritórios

Pablo Santana

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – O Google estuda implantar formatos híbridos de trabalho no retorno pós-pandemia, com os funcionários alternando o trabalho em casa com o trabalho no escritório, segundo Sundar Pichai, CEO da Alphabet, controladora da companhia. 

Em entrevista à revista Time, nesta quarta-feira (23), Pichai disse que o Google está repensando suas opções após uma pesquisa recente realizada pela companhia revelar que a maioria dos seus funcionários não querem voltar a trabalhar em tempo integral nos escritórios. 

Divulgado na última terça-feira (22), o levantamento apontou que 62% dos funcionários do Google desejam retornar aos seus escritórios em algum momento, mas não para trabalhar todos os dias. Em maio, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez, o percentual de funcionários que gostariam de trabalhar em locais alternados era de 53%. 

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Cerca de 8% dos colaboradores da empresa preferem trabalhar integralmente nos escritórios e outros 15% revelaram que preferem ir aos escritórios apenas em eventos particulares. As razões dos funcionários para quererem voltar aos escritórios incluem tempo para conversar e trabalho direto com colegas e melhores oportunidades de colaboração, mostrou a pesquisa.

“Acreditamos firmemente que estar junto pessoalmente e ter um senso de comunidade é muito importante quando você tem que resolver problemas difíceis e criar algo novo, então não vemos isso mudando. Mas achamos que é preciso criar mais flexibilidade e modelos híbridos. Vejo o futuro mais flexível”, disse Pichai.

No final de julho, a empresa estendeu o home office para seus 200 mil funcionários em todo mundo até julho de 2021. A decisão foi tomada principalmente por conta dos empregados com crianças em casa e que enfrentam um ano letivo com aulas remotas. Para eles, retornar aos escritórios neste ano dificultaria ainda mais as suas rotinas.

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O Google está desde março com os escritórios fechados por conta da pandemia. Inicialmente, a empresa planejou que os funcionários retornassem ao trabalho em sua sede no dia 6 de julho.

“Para dar aos funcionários a capacidade de se planejar com antecedência, estendemos nosso trabalho em casa voluntário, em nível global, até 30 de junho de 2021, para funções que não exigem a presença no escritório”, escreveu o CEO do Google.

“Quando vejo pessoas viajando por duas horas em uma sexta-feira por estar longe de suas famílias e amigos, você percebe que eles não podem ter planos”, disse Pichai na entrevista, referindo-se ao longo trajeto feito por alguns trabalhadores que atuam no Vale do Silício. “Então, acho que poderíamos fazer algo melhor”, complementou.

As grandes empresas de tecnologia estão estudando formas de retornar suas atividades de forma segura. Microsoft e Amazon também estenderam o home office, diante do aumento de casos de coronavírus nos EUA, principalmente em Seattle – onde fica a sede das duas empresas.

Em maio, o Twitter permitiu que os funcionários trabalhassem de casa “para sempre”, se desejassem. O Facebook, assim como o Google, está estudando possibilidades de longo prazo sobre como e quando os funcionários voltam ao trabalho. Em maio, Mark Zuckerberg, disse que o Facebook vai começar a permitir que parte dos seus 50 mil funcionários comecem a trabalhar em casa de forma permanente.

Segundo Zuckerberg, nos próximos cinco a 10 anos, ele espera que cerca de 50% da força de trabalho do Facebook trabalhe remotamente.

A adoção do trabalho híbrido por parte das empresas é uma tendência que deve ser adotada no cenário pós-pandemia, segundo Claudio Hidalgo, head da WeWork na América Latina.

Em painel realizado no FII Summit – Fórum de Fundos Imobiliários, evento promovido pelo InfoMoney, na noite desta quarta-feira (23), o executivo acredita que o modelo alternado entre o trabalho no escritório e remoto será adotado em todo o mundo, mesmo com uma vacina eficiente que garanta o retorno às atividades.

Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios