Publicidade
SÃO PAULO – Na última década, os gurus de autoajuda viraram ícones; nas prateleiras das livrarias, há livros e mais livros sobre como ser bem-sucedido no mercado de trabalho, como lidar com o estresse, como ser um bom líder; as palestras motivacionais ficaram mais caras; os coachs ficaram em voga; surgiram técnicas diferentes de avaliação de desempenho, como aquela que é a última moda, a avaliação 360º (na qual todos avaliam todos); e proliferaram os especialistas em qualidade de vida.
Esta foi a resposta social da população para um fenômeno: o aumento da competitividade no mundo dos negócios e no mercado de trabalho.
Foi um processo. A psicóloga especializada em Psicologia Organizacional, Mariá Giuliese, explica, no livro “Será mesmo que você nasceu para ser empregado” (Gente Editora), que o século XXI é um período caracterizado pela necessidade de desenvolver um estudo consistente sobre a psicopatologia no trabalho, a fim de reduzir o aumento das síndromes psicopatológicas causadas por excesso de trabalho, estresse, hierarquias rígidas, falta de reconhecimento e relações perversas no trabalho.
Continua depois da publicidade
O que levou a isso
Nas empresas, registra-se um número crescente de pessoas com depressão, síndrome do pânico, estresse e viciadas em álcool ou cigarro.
Segundo Mariá, as condições que encontramos hoje, no mercado, são:
- Aumento das fraudes por parte dos próprios funcionários;
- Classificação dos trabalhadores em talentos (chamados de high potentials) e não talentos, gerando falsas esperanças e crença numa superioridade de uns sobre os demais;
- Redução do tempo de permanência nos empregos a uma média de dois anos;
- Instituição de bônus e outras formas de compensação pelos resultados, que geram ambição desmedida e favorecem a promoção de sofrimento do outro para a obtenção do desejado prêmio;
- Aumento do índice de divórcios decorrentes da excessiva dedicação ao trabalho;
- Aumento de ações judiciais por assédio sexual e moral;
- Viagens constantes e exposição a jogos de poder perversos;
- Trabalho matricial com diferentes linhas de comando e exigências;
- Aumento de afastamentos de funcionários por síndrome de burnout, depressão, estresse, síndrome do pânico, etc;
- Aumento das toxicomanias e alcoolismo no trabalho.
“O sofrimento psíquico permanece não estudado. A empresa, como promotora da doença psíquica, não é analisada. Proliferam técnicas de manipulação para submeter não só corpo, mas a capacidade de o trabalhador pensar e atuar como ser livre e independente”, relata a especialista em seu livro.
Continua depois da publicidade
Segundo ela, a palavra de ordem agora é a redução do tempo disponível à empresa, a melhoria das relações interpessoais no trabalho, a fim de prevenir as doenças psíquicas.
Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.