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Todo mundo tem alguma especialidade. Trabalhei boa parte da minha vida com contratos de opções negociados na Bolsa de Valores.
Durante esse tempo eu negociei contratos em nome de clientes como corretor. Executando os negócios, dando conselhos e orientação. Depois negociei em meu nome por minha conta e risco. Também gerenciei dinheiro de outras pessoas.
Nesses anos talvez tenha apanhado mais do que batido, e quem apanha nunca esquece. Nesse tempo também venho ajudando as pessoas a entender sobre esses assuntos que são muito complexos e particulares.
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A primeira palestra que dei sobre opções foi em 97, de lá para cá se vão 19 anos. Aprendi que o professor é seu maior aluno. Todo mundo que passa milhares de horas fazendo e pensando na mesma coisa acaba sabendo e percebendo particularidades dessa coisa que os outros não veem.
Eles adquirem um conhecimento intuitivo do assunto e não necessitam pensar para fazer ou entender certas coisas. No mercado de opções, pegamos dados, fazemos cálculos e com os resultados desenhamos gráficos para conseguir entender melhor o comportamento dos preços. Esses gráficos são variados e muitos possuem formatos de curvas.
Com o passar do tempo e a prática você passa a não necessitar de desenhar o gráfico para poder enxergar estas curvas; sua cabeça faz as contas de alguma maneira e você enxerga as curvas na imaginação.
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Com a inclusão de outras variáveis, como a passagem do tempo e o custo do dinheiro, passa-se a desenhar e ver as curvas em mais dimensões e elas passam a se parecer com pistas de skates e ondas havaianas.
O que os especialistas têm em comum é que na sua área de competência eles conseguem enxergar as curvas daquilo que fazem. Médicos fazem exames e produzem imagens, infográficos com muitas formas, que dizem segredos sobre a saúde das pessoas. Os médicos que mais conhecem sua área, aqueles que passaram milhares de horas pensando e tratando aquilo, conseguem enxergar estas curvas em sua cabeça. E isso os ajuda a tomar decisões melhores e curar pessoas.
Construtores enxergam as curvas físicas de sua obra e as curvas imaginárias formadas pelos fluxos dos custos e prazos. Agricultores veem as curvas da safra crescendo, da variação do clima e dos preços. Músicos veem acordes que dançam e os artistas concretizam suas curvas imaginarias pintando-as ou esculpindo.
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Independente daquilo que escolhemos ou sobrou para nós fazermos, temos que prestar muita atenção, praticar, pensar até fritar a peruca e seremos capazes de ver as curvas, de ver a onda.
***Texto escrito por Luiz Fernando Roxo, sócio da ZenEconomics e professor do InfoMoney