Semideus ou ditador? Série sobre Hugo Chávez causa polêmica entre apoiadores e opositores

Produção com 60 capítulos sobe a vida de um dos nomes mais importantes da América Latina estreou no exterior em janeiro e chega ao Brasil em março pela TNT

Rodrigo Tolotti

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Publicidade

SÃO PAULO – Uma das figuras mais polêmicas da história moderna ganhou uma série para televisão que promete contar os segredos de sua vida. Se o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, causa discussão em qualquer debate político, imagine quando o assunto é uma produção norte-americana falando sobe ele. É o caso “El Comandante – La vida secreta de Hugo Chávez”, que estreou dia 31 no exterior e deve chegar em março ao Brasil.

Dividida em 60 capítulos, a série conta com a produção de um dos maiores críticos do ex-presidente venezuelano, o ex-ministro de Comércio e Indústria e escritor Moisés Naim, e está conseguindo ser criticada tanto por chavistas quanto por opositores do regime.

Entre os críticos da produção está o atual presidente Nicolás Maduro, que chamou a série de “um verdadeiro lixo”. O líder ainda afirmou que está pronto para fazer uma “verdadeira batalha” contra “as mentiras criminosas” que vão afetar a memória do ex-presidente, “de um homem gigante como Hugo Chávez”.

Continua depois da publicidade

O temor dos chavistas é que a série “estrague” a imagem do ex-presidente, que faleceu em março de 2013, em um momento extremamente delicado para o poder do partido. A Venezuela passa por uma forte crise política e econômica e o presidente é constantemente questionado pela oposição, que tentou fazer um referendo para tirá-lo do poder.

Mas nem mesmo estes opositores estão contentes com a série. O temor é que a produção possa “reforçar” a imagem de “semideus” tida por Chávez. Quando o primeiro trailer da série foi divulgado, em outubro do ano passado, muitos políticos anti-chavistas criticaram a publicação por “idolatrar um homem que destruiu o país”.

O diretor da série, Felipe Cano, já afirmou anteriormente que usou milhares de documentos e texto de “todos os lados”, para tentar dar a maior veracidade possível ao comportamento e às atitudes de Chávez. Mesmo assim, é impossível da produção ser completamente verdadeira, e um pouco de ficção foi colocada no roteiro, principalmente ao contar a infância e os relacionamentos amorosos do ex-líder venezuelano.

Autor avatar
Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.