Vem aí a série de ondas do investimento em ações

Enxergo um enorme potencial positivo de fluxo de recursos para a Bolsa de Valores, fato que pode mudar o patamar do mercado de renda variável no Brasil

Eduardo Guimarães

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Enxergo um enorme potencial positivo de fluxo de recursos para a Bolsa de Valores, fato que pode mudar o patamar do mercado de renda variável no Brasil. Eu acredito que o aumento de alocação em ações está apenas começando e que o Ibovespa poderá voltar a ser a bola da vez dentre os mercados emergentes.

Como dizem lá no interior, fazendo uma conta rápida num papel de pão, eu chego num resultado impressionante: o fluxo de recursos de investimento em ações no Brasil pode chegar a R$ 350 bilhões até o final de 2019.

Esse montante de recursos equivale ao volume negociado durante 27 dias de negociação do Ibovespa (média de outubro R$ 13 bilhões diários).

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Eu ressalto que a estimativa de R$ 350 bilhões é conservadora e que o fluxo pode ser ainda maior. Mas, quem me conhece sabe que eu sou conservador e que gosto de fazer apostas arriscadas apenas no futebol.

Como eu cheguei nesse valor que parece um tsunami?

Esses recursos virão de três fontes: investidores estrangeiros, investidores pessoas físicas e fundos de pensão e administradoras de recursos.

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O gringo pode colocar até R$ 250 bilhões

A grande incerteza desta eleição presidencial afastou o investidor estrangeiro da Bolsa de Valores brasileira. Esse fluxo é dividido em: mercado à vista (Ibovespa) e mercado futuro (BMF).

De janeiro a outubro de 2018, o fluxo no mercado à vista de ações (B3) está negativo em R$ 5,7 bilhões e no mercado futuro (BMF) está negativo em R$ 7,3 bilhões, uma saída total de R$ 13 bilhões de investidores estrangeiros da Bolsa em 2018.

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Segundo dados da EPFR Global, o Brasil respondia por apenas 0,37% do total de fundos globais investidos em ações, comparado a 1,4% em outubro de 2014 antes do mandato da reeleição de Dilma Rousseff. O Brasil atualmente responde por apenas 6,4% dos fundos globais de mercado emergentes, comparado a 11,1% em outubro de 2014.

Se a alocação de recursos de fundos de investimento globais no Brasil voltar aos patamares de 2014, o fluxo adicional de recursos no mercado local de ações pode chegar a R$ 250 bilhões.

Mercado local: impacto de aproximadamente R$ 100 bilhões

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Segundo a Anbima, os fundos de ações tiveram saldo total de R$ 288,4 bilhões em outubro de 2018 comparado ao montante de R$ 4,55 trilhões do total da indústria de fundos de investimento. Portanto, representam apenas 6,3% do total.

A participação dos fundos de ações em relação ao total de fundos ficou por volta de 10% entre os anos de 2007 e 2012. Antes da crise de 2008, a participação das ações chegou a 15% do total (em dez/2007). Historicamente, a média é de 8% desde 1994.

Assumindo que a alocação em fundos de ações volte para a média histórica de 8% do total de fundos, o fluxo adicional de recursos para fundos de ações é estimado em R$ 76 bilhões.

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Fundos de pensão: o Titanic começou a mudar a direção

Os dois maiores fundos de pensão do Brasil têm um total de R$ 266 bilhões de recursos sob gestão: Previ (R$ 186 bilhões) e Petros (R$ 80 bilhões). Um aumento de alocação de apenas 10% em ações teria impacto de R$ 27 bilhões no mercado acionário.

Os fundos de pensão no mercado doméstico devem aumentar sua exposição ao risco com o objetivo de obter melhores rendimento da carteira de investimentos.

Esse movimento de aumento de exposição ao risco é natural devido ao atual nível baixo das taxas de juros (Selic de 6,5% ao ano). Eu já falei sobre este assunto aqui nos meus artigos: “O fim da cultura do CDI” e “Quer ganhar mais, corra mais risco”.

Ponta do iceberg: investimento em ações

Eu acredito que esse aumento de alocação em ações está apenas começando e que o Ibovespa poderá voltar a ser a bola da vez. O aumento de 43% no volume médio negociado diário na Bovespa para R$ 13,2 bilhões a partir de outubro em relação à média de 2018 é apenas a ponta do iceberg deste crescimento.

O aumento do volume de recursos investidos em ações é o principal combustível para o Ibovespa buscar patamares mais altos por volta dos 150-160 mil pontos em 2 anos.

Eu chego ao final do texto citando uma expressão que eu gosto: “Já combinou com os russos?”. Quero dizer que o aumento do fluxo de investimento em ações depende muito da efetividade do governo eleito em fazer as reformas necessárias, como a da Previdência, e controlar as finanças públicas.

Com essa onda gigante de crescimento do investimento em ações, pode haver uma grande janela de oportunidade para você obter alta rentabilidade na Bolsa. Conheça o produto As Melhores Ações e saiba quais são as 7 ações recomendadas por mim na série.