O Ethereum 2.0 se aproxima: o que esperar da atualização da rede

Com uma grande mudança na porta, Ethereum se prepara para ter uma papel ainda mais de protagonista como a principal infraestrutura cripto do mundo

Gustavo Cunha

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Há anos se fala sobre o upgrade da rede Ethereum (ETH) para o ETH 2.0 e, muitos atrasos depois, há boas razões para se acreditar que isso ocorra ainda esse ano. As últimas previsões apontam para setembro.

Mas o que é realmente essa mudança? Será ela importante somente para a rede Ethereum ou para todo o mercado cripto?

Antes de tudo, vale colocar que hoje a rede Ethereum é a principal rede de blockchain pública do mundo, tendo mais de 11.000 tokens, startups ou provas de conceito, como gosto de ver, atreladas à sua rede. Uma imensidão de iniciativas que vão de DeFi a games, passando do NFTs e que movimentam mais de US$ 100 bilhões por dia.

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A mudança da rede Ethereum passou por dividir duas funcionalidades da rede de maneira a minimizar os impactos da mudança e abrir espaço para facilitar o desenvolvimento para frente.

Isso está sendo feito via a separação da parte relativa à execução das operações da parte relativa ao consenso. Se a primeira é responsável pela junção e execução das transações que entrarão no bloco, a segunda é responsável pelo carimbo de validação dos blocos e, por consequência, das transações.

Essa mudança é de uma complexidade imensa, se não pela mudança em si, pelo fato de fazê-la em um ambiente que negocia bilhões de dólares por dia e que não pode parar. Ilustrativamente falando, é como trocar um motor à combustão para elétrico de um carro em movimento.

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Após sua implementação teremos uma rede Ethereum mais ESG, mais rápida e mais segura.

A questão de ter uma rede mais ESG vem por conta da mudança do mecanismo de consenso de PoW (Proof-of-Work) para PoS (Proof of Stake). Enquanto o primeiro se baseia em uma competição que requer muita energia, para ver quem vai registrar o bloco, o segundo requer somente a prova de que você é um validador para fazê-lo.

Com isso, o consumo de energia da mineração de Ethereum deve cair mais de 99% dos níveis atuais, tirando a Ethereum do foco de quem a rotula como uma rede que faz mal ao ambiente.

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Um outro aspecto dessa mudança é a queda de preços que devem ter as placas de vídeo, que hoje são amplamente utilizadas para a mineração do Ethereum e que não serão mais necessárias. Um bom side-effect para os gamers de plantão!

A questão de segurança está atrelada ao número de clientes para o consenso e sua distribuição. Tudo o que vi leva a crer que teremos uma boa distribuição entre eles. Esse é um dos objetivos e uma das razões pelas quais tivemos algumas postergações de implementação.

Um dos axiomas de tecnologia é que não conseguimos maximizar velocidade, segurança e distribuição ao mesmo tempo. Sempre temos que desistir de maximizar um em detrimento de maximizar dois.

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O importante é saber dosar o que de um poderemos abrir mão para segurar os dois outros. Isso cada vez se mostra mais importante, principalmente após o caso do hack da Solana dessa semana, rede que todos sabem que pesou muito a mão em ter uma velocidade enorme.

Uma das discussões que eu ainda não consegui formar consenso é o efeito dessa mudança sobre a capacidade da rede de realizar mais transações por segundo. O Vitalik comenta que a rede passará a comportar na casa de milhares de transações por segundo, mas ao mesmo tempo o tamanho do bloco não se altera e devemos continuar a ter 1 bloco a cada, aproximadamente, 13 segundos.

Falando com o Jeff Prestes, que entende muito da rede Ethereum, sobre isso, entendi que os desenvolvedores acabaram tomando um caminho mais seguro e que fará com que, nesse momento, a velocidade não se altere, podendo sim serem implementadas mudanças para frente que resultarão em um aumento de transações por segundo.

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Independentemente disso, está claro para mim que não é o objetivo ter a Ethereum como uma rede que comportará micro pagamentos, ou pagamentos em larga escala, e que isso deve ficar com os layers 2.

Afora toda essa tecnicidade e formas de fazer essa mudança, o que cada vez mais vejo é a rede Ethereum se tornando uma infraestrutura de mercado para várias soluções. Com a quantidade cada vez maior de soluções utilizando sua rede, seu papel cada vez mais se tornará essencial.

Se o Bitcoin (BTC) veio para mostrar para nós que conseguimos transferir dinheiro sem a necessidade de um intermediário, a Ethereum veio para nós mostrar que é possível colocar um condicionante nessa transferência, e isso abre caminho para inúmeros modelos de negócio novos.

Minha cabeça hoje tem várias perguntas quando olho isso tudo pelo ponto de vista de investimento, e as principais são: Considerando-se que essa migração tenha sucesso, até quando a rede Ethereum terá um market cap inferior ao da rede Bitcoin? Quando o mercado passará a descorrelacionar esses dois ativos?

Qual sua resposta?

Para você ir além:

O que é a rede Ethereum
Market cap da rede Ethereum
Sobre o Merge do Ethereum 2.0
Talk muito bom do Vitalik em julho de 2022
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Gustavo Cunha

Autor do livro A tokenização do Dinheiro, fundador da Fintrender.com, profissional com mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro tradicional, tendo sido diretor do Rabobank no Brasil e mais de oito anos de atuação em inovação (majoritariamente cripto e blockchain)