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Quem me acompanha há um tempo já me ouviu falar que não vai demorar para que tudo seja “tokenizado”. Um dos setores nos quais isso pode ter um impacto importante é o setor imobiliário, que é ainda muito analógico e concentra grande parte da riqueza do mundo. Mas qual o tamanho da transformação que se aproxima? Vamos a ela.
Em uma recente live com foco em “tokenização” de imóveis, pude me atualizar sobre os últimos dois anos da Netspaces, uma startup focada no desenvolvimento de soluções via blockchain para o setor de imóveis. Um dos pontos de discussão foi como, assim que tivermos “tokenizada” a propriedade dos imóveis, isso pode alterar a forma como os empréstimos imobiliários acontecerão.
Eu sempre vi uma vantagem enorme na “tokenização” para que o imóvel pudesse ser utilizado de lastro para operações de empréstimos via token. Algo que poderia funcionar tão facilmente como usar o token como lastro em plataformas como a MakerDao para tomarmos empréstimos com base nele. Para isso, bastaria a MakerDao aceitar o token e definir os limites de crédito que aquele token poderia te fornecer.
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Por exemplo, vamos dizer que um token representativo de um imóvel de R$ 500 mil poderia ser usado como lastro para uma operação de empréstimo de, no máximo, R$ 300 mil. Falando em linguagem da Maker, teríamos um token usado de lastro, que possibilitaria a montagem de uma stablecoin no valor máximo de R$ 300 mil. Claro que hoje isso ainda não é possível, mas, do ponto de vista de tecnologia, já está tudo pronto.
Durante a live que mencionei, Andreas Blazoudakis, CEO da Netspaces, trouxe outro angulo que havia passado desapercebido da minha análise: o financiamento pulverizado do imóvel.
Imagine que exista um marketplace de compradores e vendedores de imóveis. Nele, você pode fazer uma oferta para comprar os tokens que representem 50% de determinado imóvel. Em relação aos outros 50%, você entra em um contrato de pagamentos constantes por 20 anos com os detentores deles, de tal forma que, após esses pagamentos e passados os 20 anos, você se torne o dono de 100% dos tokens daquele imóvel.
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Isso seria uma forma de descentralizar o mercado de financiamento imobiliário de uma forma diferente do modelo da MakerDao, no qual há emissão de uma stablecoin e sempre há o risco de você ser liquidado no seu empréstimo por conta da volatilidade no preço do token.
Outro aspecto da “tokenização” de imóveis é que, para morar no apartamento, você não necessariamente tem que deter 100% dos tokens dele. A coisa pode funcionar como a governança de empresas de forma que, quanto mais pulverizada a distribuição dos tokens for, menor o percentual deles que você necessita ter para ser a pessoa com o “controle” do imóvel. Imagine você morando em um apartamento do qual detém somente 10% e paga aluguel ou financiamento dos outros 90%?
Também há a vantagem de poder ir comprando o apartamento aos poucos. Separando um valor todo mês e ir comprando tokens do imóvel até acumular o valor necessário de tokens para ter o controle do imóvel.
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Um fator incrível disso é que esses tokens podem estar em áreas geográficas muito diversas. Você poderia ter 0,5% de um apartamento em Paris, 0,4% de uma casa em Capri, 2% de um terreno no Texas, 5% de uma casa em Fernando de Noronha e por aí vai.
Vejo dois setores sendo os mais impactados nesse cenário. O primeiro é o de negociação de imóveis e aluguel. Corretoras e cartórios de registro de imóveis, cada um no seu foco, teriam que ter seus modelos de negócio repensados. O segundo é toda a cadeia de financiamento de imóveis. Considerando que os imóveis são o ativo mais utilizado em lastro no mercado financeiro atualmente, os modelos de empréstimos por meio de bancos também sofreriam mudanças expressivas com a “tokenização”.
O caminho para que cheguemos nesses cenários está sendo traçado e me parece uma questão de tempo para termos o seu principal fator de entrave, a regulação, resolvida. E com isso definido, o céu é o limite.
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E você? Concorda com esse caminho? Já começou a experimentar comprar imóveis por meio de tokens?
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