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O que será do nosso futuro? E do amanhã imediato? Quem vai perder o emprego? Quem vai ficar inadimplente? São perguntas que todos estão se fazendo diante do quadro atual de incertezas políticas e econômicas. Só que as respostas têm variado muito de tom e de forma, dependendo da visão de cada um ou de suas vicissitudes correntes. Um grande número de brasileiros decidiu formar o blocão dos pessimistas, sendo que muitos deles chegam a externar a vontade de emigrar para ambientes mais prósperos. Pessoalmente, não vejo nada de errado com esse desejo, pois a mobilidade migratória é uma atitude normal, incorporada à história de muitas nações (especialmente as do Novo Mundo) e quase sempre agregou um fator de prosperidade às sociedades e às economias que se beneficiaram delas, como é o nosso próprio caso. O que está errado, em minha opinião, é o pessimismo exacerbado e a falta de garra na busca de uma solução para os nossos problemas. Há, também, um contingente significativo de “enraizados” que não pensa em emigrar e deseja a construção de um país melhor para seus filhos e netos. Não são pessimistas exacerbados, mas também não se manifestam de maneira assertiva e nem contribuem para a mudança de cultura e de métodos necessários à retomada do crescimento. Quando perguntados, geralmente aqueles que integram esse último grupo respondem que “o Brasil pode dar certo”, quase sempre seguido de um titubeante “se fizerem as coisas certas”, como se essa correção de rumo fosse dever de terceiras e inominadas pessoas.
Algo tem que sacudir essa pasmaceira, nem que seja um tremor cívico resultante da indignação geral. Os brasileiros precisam acreditar mais na sua própria capacidade individual de intervenção no rumo dos acontecimentos.Precisam cobrar mudanças e procedimentos e, sobretudo, precisam se convencer de que o Brasil vai dar certo. Essa convicção e a sua persecução tenaz têm um enorme poder de alterar o panorama, sendo, antes de tudo, um ingrediente indispensável, tanto para a necessária mobilização, como para a reversão dos absurdos que nos lançaram neste pantanal de ineficiência administrativa e de desvios éticos, políticos e morais. Mudar isso está ao nosso alcance, se nos convencermos de que “querer é poder” e de que os cidadãos podem “fazer acontecer”. Se, a maioria de nós acreditar nisso, ou seja, de que o Brasil vai dar certo, com ênfase e certeza, e se cada um sair de sua zona de conforto para engajar-se efetivamente na luta, arregaçando as suas mangas e fazendo a sua parte, vamos conquistar a vitória.
Já temos experiência suficiente para escolher o rumo certo e para abandonar experimentos caros e equivocados. Aprendemos a duras penas que “não existe almoço grátis” e que o governo não produz dinheiro, já que tudo o que chega ao cofre do Estado nada mais é que a arrecadação, na forma de impostos, contribuições e taxas, de uma parte do trabalho dos brasileiros e do setor produtivo. Já aprendemos que a gastança inconseqüente e o desperdício do dinheiro público levam ao desequilíbrio fiscal, ao aumento dos impostos, à perda de renda e dos postos de trabalho e à paralisação da economia. Sabemos que isso tem de acabar. Os brasileiros já sabem, mesmo os que ainda estão surpresos e atordoados com a ressaca atual, que os países só podem dar certo quando os seus governantes têm disciplina fiscal e gastam com eficácia e eficiência o dinheiro do povo (que trabalha ordeiramente e paga os seus impostos para sustentar o Estado). Já sabem, também, que, para sairmos dessa situação crítica, temos que vencer, primeiro, três grandes inimigos: a exorbitante carga tributária nacional, a inflação elevada e visivelmente mais alta do que a observada ao redor do mundo (que devasta o poder de compra dos salários) e os juros estratosféricos (que amarram a economia e potencializam a inadimplência familiar). Temos que mudar isso, também. Na realidade, temos outros inimigos a enfrentar nessa batalha escalonada: infraestrutura deteriorada e subdimensionada, educação básica e profissionalizante muito deficiente, péssima estrutura de saúde pública e uma burocracia infernal.
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Por outro lado, contamos com muitos fatores positivos que serão de grande valia nessa luta e em sua divisa: “o Brasil vai dar certo”. Temos um arranjo institucional já maduro, materializado em um Estado Democrático de Direito, na separação harmoniosa dos poderes, nas liberdades individuais e coletivas, entre as quais se sobressai a liberdade de expressão e na alternância política no poder. Os brasileiros sabem, ainda, que, se quisermos podemos ter uma economia balanceada e relativamente estável, pela existência de um agronegócio dinâmico e produtivo, um mercado interno de dimensões avantajadas, uma base industrial apta a retomar a sua pujança anterior desde que eliminados os entraves que foram lançados contra ela e uma matriz energética de base hídrica que pode ser recuperada e expandida. Além de tudo isso, os brasileiros sabem também que ainda poderemos aproveitar uma boa parte do período de “bônus demográfico” que nos está dando de presente uma relação mais eficiente entre o tamanho da força de trabalho e o número de dependentes a sustentar (crianças, idosos, incapazes e mulheres excluídas do mercado de trabalho). Por conta de tudo isso e de outros fatores positivos cuja menção já extrapolaria o limitado espaço deste blog, tenho a convicção pessoal de que, se todos arregaçarem as mangas para combater o bom combate (os brasileiros, os seus congressistas e os seus governantes) o Brasil vai dar certo! Certíssimo.