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Chegamos ao final de mais um semestre. Como dizem os pensadores, os dias continuam demorando a passar, mas o tempo está voando, não é mesmo?
Começamos o ano, após tanto se falar da pandemia do Covid-19 (já estamos em 2022), com altas esperanças de que as novas cepas do vírus iriam nos dar alguma trégua e, de repente, em 24 de fevereiro de 2022, outra calamidade aconteceu: o início da invasão pelo exército russo do território da vizinha, Ucrânia.
Basicamente, entram em guerra importantes players das cadeias de commodities, entre elas gás natural, petróleo, insumos agrícolas, fertilizantes e outros itens relevantes em cadeias mundiais de produção.
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Deste modo, um mundo que já estava vendo uma inflação galopante e a necessidade de aumentos de taxas de juros, passou a ficar ainda mais preocupado com o avanço dos níveis dessas variáveis que continuaram subindo. O petróleo brent, por exemplo, termina o semestre em US$ 109 o barril. No início de 2022 era comercializado a praticamente US$ 82.
A Europa começa a sofrer com um possível desabastecimento de energia uma vez que decidiu impor sanções à Rússia e passou a não comprar o gás natural de lá, tão importante em sua matriz energética e, em um passado recente, integralmente fornecido pelos russos.
A partir desse cenário e tanto por conta da inflação que já vinha fazendo muita pressão no mundo inteiro, com consequente subida dos juros para contê-la (no caso brasileiro, o ciclo de ajustes foi iniciado em março de 2021), a euforia nos mercados de capitais começou a baixar.
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Baixou significativamente desde agosto do ano passado, quando a fila das aberturas de capital começou paulatinamente a reduzir até se esvaziar. Estamos há praticamente 10 meses sem ver uma abertura inicial de capital (IPOs) em território nacional.
Continua havendo emissões de empresas já listadas, em menor volume, mas ainda existem. A maior, até o momento, foi a recente privatização da Eletrobras (ELET3;ELET6), que ocorreu por meio de uma das maiores ofertas públicas subsequentes em Bolsa, no montante de R$ 33,7 bilhões.
Isso mostra que há apetite para ações, porém as histórias das empresas precisam ser mais provadas e comprovadas. Outro caso, emblemático em 2022, foi a BRF (BRFS3), que fez uma oferta de R$ 5,4 bilhões em fevereiro de 2022, antes da invasão russa.
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Perspectivas
Bem, isto posto, tendo um placar zerado desde agosto de 2021, a pergunta é: será que esse mercado volta?
Sinceramente, acredito que sim. Há necessidade de a tensão corrente diminuir, a inflação entrar em rota de controle pelos Bancos Centrais mundo afora e, em nosso caso, termos um pouco mais de visibilidade quanto às eleições de 2022.
Portanto, devemos ter algumas, não muitas, aberturas de capital no último bimestre deste ano, que é a última janela viável para aberturas após os balanços de 30 de setembro. Obviamente, parto do princípio de que não teremos qualquer tipo de ruptura institucional após a contagem do último voto no segundo turno.
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Qualquer que seja o resultado, tanto com a vitória do atual governo nas urnas quanto com um novo governo de um velho conhecido, o cenário macro não será tão diferente.
Digo isso pois ambos serão populistas a seu modo e a economia não deveria ter grandes avanços. Como tudo isto parece bastante precificado pelo mercado, deveria haver alguma calmaria, com a tendência de retomada das aberturas de capital em 2023.
Fusões e aquisições
Outro termômetro importante para o mercado são as fusões e aquisições, famoso mercado de M&A. As negociações mostram que, apesar de tudo, há ainda muito calor sendo liberado.
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As transações envolvendo compra e venda de empresas continuam a toda carga. Provavelmente, o mercado crescerá na casa de 20% na comparação de 2021 para 2022, sendo que, segundo dados da TTR [Transactional Track Record], já tivemos 34% de aumento do volume de M&As nos cinco primeiros meses deste ano comparado ao mesmo período do ano passado.
Esse mercado sempre mostra bastante robustez, independente do cenário macroeconômico, pois a economia pujante impulsiona transações e a economia declinante também o faz.
Em meus 25 anos de M&A, vi o mercado parar em dois momentos: setembro de 2008 e março de 2020.
Em ambas as situações, as fusões e aquisições pararam pelo mesmo motivo: completa ausência de visibilidade. Empresas e agentes do mercado não conseguiam enxergar um palmo à sua frente e, por isso, frearam as operações.
Exceto nestes períodos, havendo visibilidade ainda que se vejam nuvens no horizonte, as transações acontecem. Mas vale notar que a euforia está menor nestes seis meses iniciais, e um mercado que havia crescido quase 90% em 2021 frente a 2020 agora está crescendo em torno de 30%.
Ainda assim, é um significativo aumento dado todo o cenário que expusemos inicialmente.
Olhando os próximos seis meses que nos separam do “adeus ano velho e feliz ano novo”, enquanto pulamos algumas ondinhas no mar, o mercado de IPOs deve ser bastante reduzido – mesmo se houver algumas chegadas de novas empresas no último bimestre do ano – e o mercado de M&A deve finalizar 2022 com um crescimento da ordem de 20%.