O Bitcoin ficou para trás?

Apesar de outras criptos, como o Ethereum, ganharem força em 2022, podemos seguir otimistas com o BTC

Hashdex

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

(Shutterstock)
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*Por Christian Gazzetta

No cenário dinâmico dos criptoativos, o Bitcoin (BTC) pode parecer lento. Principalmente em um ano tão agitado para o Ethereum (ETH), com o Merge, os primeiros zk-rollups e diversos lançamentos com NFTs, mas sem grandes manchetes sobre a tecnologia da principal criptomoeda.

Mas o gigante não tem pressa: após treze anos de validação e melhoramentos, o Bitcoin alcançou níveis de validação e demanda sem paralelos entre os criptoativos.

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Além disso, o desenvolvimento de tecnologias complementares e o cenário regulatório ajudam a constituir uma posição favorável.

Veremos, a seguir, os fatores que justificam o otimismo com o futuro do Bitcoin.

Proposta de valor

O Bitcoin é uma plataforma de pagamentos digitais. Sua tecnologia descentralizada permite que qualquer pessoa transfira valores pela internet a qualquer momento, independente do acesso a serviços financeiros tradicionais.

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Além disso, o Bitcoin tem características de uma boa reserva de valor. Sua oferta se expande de forma previsível e decrescente, se tornando escassa com o crescimento da demanda; as taxas de transação independem dos valores transferidos, sendo especialmente vantajosas para transações de alto volume; e a transparência do seu registro facilita a auditoria de valores em BTC.

Essas e outras características parecem justificar uma crescente demanda do bitcoin como reserva de valor. No gráfico abaixo, a área rosa ilustra a parcela dos bitcoins parados por pelo menos 2 anos, atualmente próxima de 45%. O crescimento dessa parcela sinaliza o uso do ativo como reserva de valor para o longo prazo.

Fonte: Hashdex

A demanda de longo prazo tem contribuído para resultados impressionantes: o bitcoin foi um dos únicos ativos globais – e o único criptoativo – a atingir US$1 trilhão em valor de mercado, levando apenas 12 anos para essa marca (Google e Apple levaram 21 e 42 anos, respectivamente).

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Validações

Em 2008, era difícil de acreditar que um fórum de cientistas da computação e matemáticos pudesse propor uma moeda com o impacto e a dimensão do Bitcoin de hoje.

Mas, nos últimos mais de 13 anos, a rede mostrou a que veio. Manteve-se ativa por 99,98% do tempo; mostrou-se imune a tentativas de hacks e ao fracasso de grandes empresas do setor; e levou apenas 6 meses para superar uma queda de 56% no poder computacional (hash rate) de mineração após o banimento da atividade na China (gráfico abaixo).

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Fonte: Hashdex

A criptomoeda também superou a incredulidade de governantes, reguladores e referências do mercado, como Warren Buffett e Jamie Dimon. Após anos sendo criticado como uma pirâmide, um ativo sem valor intrínseco, um ativo especulativo inútil e, até, um artifício chinês para combater a hegemonia dos EUA, o Bitcoin já não é controverso como outrora.

Até as críticas ambientais, centradas no consumo energético da sua mineração, estão perdendo força: estudos revelam que a rede Bitcoin consome 56 vezes menos eletricidade do que o sistema tradicional de pagamentos – você pode saber mais sobre o impacto ambiental do Bitcoin neste artigo.

Cenário institucional

O esgotamento das críticas parece coincidir com o avanço da adoção institucional: desde 2020, dois países adotaram o Bitcoin como moeda de curso legal; diversos ETFs e ETPs foram lançados em países como Brasil, EUA, Suíça e Canadá; a gestora BlackRock (US$10 trilhões sob gestão) lançou um trust de BTC para clientes institucionais; e surgiram diferentes opções de fundos de aposentadoria investidos na criptomoeda.

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Fonte: Hashdex

E ainda há espaço para crescer: a tão esperada clareza regulatória está chegando para os investidores do mundo todo, com destaque para a relativa celeridade dos reguladores da América Latina e Europa.

Já nos EUA, o setor cripto pode ser afetado por questionamentos das autoridades às stablecoins, aos tokens de governança e utilidade, mas o Bitcoin já é reconhecido como uma commodity – o que o livra de eventuais problemas caso fosse considerado um valor mobiliário.

Tecnologias complementares

Outro fator importante para o Bitcoin continuar crescendo é o desenvolvimento do seu ecossistema. Enquanto a primeira blockchain segue com sua proposta simples, de processar pagamentos digitais, há um rol de tecnologias complementares trazendo mais usabilidade para a plataforma.

Uma de destaque é a Lightning Network, que impulsiona a capacidade técnica do Bitcoin por meio de canais de pagamento. A solução já conta com mais de 15 mil participantes ativos e 80 mil canais, com uma capacidade de pagamentos superior a US$100 milhões.

A rede Bitcoin ainda poderá ser usada para circulação de outros ativos, com a implementação do protocolo Taro e das stablecoins com lastro em BTC possibilitadas pela Fuji Money.

Conclusão

O Bitcoin é uma rede em franca ascensão. Apesar da relativa simplicidade de sua tecnologia, ele tem sido adotado por muitas das maiores instituições do planeta e evoluído em sua  tese emergente de reserva de valor digital.

Neste cenário, a crescente clareza regulatória e o desenvolvimento de tecnologias complementares estão pavimentando um caminho para sua adoção em massa. Enquanto isso, os investidores com foco no longo prazo tendem a se beneficiar com a crescente demanda pelo principal criptoativo do mercado.

Estes e outros argumentos foram explorados em profundidade no artigo “Antigo, mas não obsoleto: a importância do Bitcoin no cenário dinâmico de cripto”, feito pelo research da Hashdex.

*Redator da Hashdex formado em Economia pela UFRJ, se dedica a aprender e ensinar sobre cripto desde 2017. Nos últimos anos, dirigiu grupos de estudo e palestrou em eventos como a Bitconf, além de organizar debates e palestras com representantes de entidades como IBM, CVM, ITS Rio, Mercado Bitcoin e Foxbit.

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Hashdex

Maior gestora de criptoativos da América Latina, já desenvolveu diversos produtos de investimento regulados. É pioneira no setor, tendo lançado o primeiro ETF de cripto da B3, a bolsa brasileira, e o primeiro ETF de índice de cripto do mundo, o HASH11, em parceria com a Nasdaq.