À espera de um milagre

Dólar, Ibovespa e juros de curto prazo ainda não fizeram a grande reversão

José Faria Júnior

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Caro leitor,

Nos dois últimos posts deste blog, indicava que o cenário interno era binário (com ou sem aprovação da reforma da Previdência) e que o cenário externo era relativamente benigno.

O país caminhava para a aprovação das reformas até quarta-feira à noite, quando foram divulgadas notícias devastadoras e desalentadoras. O objetivo não é analisar questões políticas, mas analisar a evolução dos preços dos ativos do mercado financeiro e do PIB.

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1-      Preço dos ativos

Neste momento, segunda-feira dia 22 de maio, o dólar comercial, o índice Ibovespa e os juros de curto prazo (janeiro de 2018 e janeiro de 2019) ainda seguem em suas tendências de longo prazo observadas nos últimos meses. Os gráficos, extraídos do modelo quantitativo e proprietário da Wagner Investimentos, mostram que o mercado financeiro está severamente machucado, mas ainda não sofreu o stop de posições de longo prazo em ativos considerados chaves.

Podemos observar que há uma linha horizontal pontilhada de cor cinza (apontada por uma flecha verde), chamada de “gatilho de reversão”. Este gatilho ainda está vivo e, por isto, é possível acreditar em solução para esta crise.

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Contudo, é pouco provável que os preços destes ativos voltem no curto prazo para os patamares de uma semana atrás: Ibovespa perto de 69.000 pontos, dólar/real perto de R$3,10 e juros abaixo de 10% a.a. Mas, há esperança que uma solução seja viabilizada no curto prazo e que as feridas do mercado financeiro sejam cicatrizadas.

2-      PIB

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Para observar os efeitos na economia real, proponho a continuar observando a relação entre o crescimento trimestral do PIB versus a variação mensal do índice de confiança da indústria (ICI) da FGV (veja mais em: http://homolog.infomoney.com.br/mercados/noticia/5430444/conheca-indicador-que-fara-voce-adivinhar-resultado-pib-brasileiro).

No gráfico abaixo, observa-se que há uma correlação entre estas variáveis e que o PIB do 1º trimestre deste ano, que será divulgado na próxima semana, deve ter crescido novamente. E mais, pelos dados do ICI-FGV, o PIB continuou crescendo até meados de maio.

 

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A grande vantagem do ICI-FGV (sugiro o índice da indústria por ser este o setor mais cíclico da economia) é que podemos verificar o que ocorreu com o crescimento do país com alguns meses de antecedência. É importante comentar que a correlação não é perfeita, logo o efeito preditivo é relativamente limitado, mas o que mais importa é a direção.

3-      Conclusão

É fundamental resolver esta gravíssima crise política o mais breve possível. Poderemos acompanhar este desenrolar através do comportamento dos preços dos ativos, que estão à espera de um milagre. E poderemos acompanhar a evolução da economia real através do comportamento de índices de confiança, como o ICI-FGV. Se a solução for rápida e a favor das reformas, teremos impacto limitado nos preços dos ativos e no crescimento do PIB. Caso contrário, dólar e juros deverão subir ainda mais, a bolsa deverá recuar dos 60.000 pontos e a recessão poderá voltar, trazendo consigo o aumento do desemprego.

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Enfim, o cenário brasileiro segue binário!