Publicidade
A virada do ano trouxe um presente para aqueles que têm planos de viajar para o exterior: cotação do dólar em torno de R$3,20! Após o susto no câmbio entre a eleição de Trump e a reunião do FOMC (que é o Comitê de política monetária do Fed – Banco Central dos Estados Unidos) de dezembro, o dólar caiu!
Destaco quatro fatores internos fundamentais para a queda do dólar (não obrigatoriamente nesta ordem):
1- Captações das empresas brasileiras, que aceleram o ritmo das emissões de bônus externos após o anúncio de intenção de captação em euros do Tesouro Nacional e antes da posse de Trump, marcada para o dia 20 de janeiro. Enquanto a principal Lei da Economia não for revogada – Oferta e Procura, o dólar não tem forças para subir;
Continua depois da publicidade
2- CDS de 5 anos, que representa o risco país, caiu aproximadamente 20% desde a sua máxima de nov/dez e 10% desde o final do ano passado.
3- Expectativa de aprovação da reforma da Previdência após a promulgação da PEC 55 (que limita os gastos do Governo) e com a crença na manutenção de Rodrigo Maia na presidência da Câmara;
Continua depois da publicidade
4- Recesso do Judiciário, que provoca ausência de notícias da Lava Jato.
Estes fatos, além da forte alta das commodities metálicas (minério de ferro subiu aproximadamente 30% após a eleição de Trump), ofuscaram as altas súbitas do Dollar Index (que mede a variação do dólar contra cesta de 6 moedas: euro, yen, libra, dólar canadense, coroa sueca e franco francês) e dos juros das Treasuries de 10 anos (que subiu da faixa de 1,80% do início de novembro para a faixa de 2,40% atualmente).
O gráfico abaixo mostra a evolução do Dollar Index e dólar dos Estados Unidos contra a moeda do Brasil (USD/BRL) e contra a moeda da Austrália (USD/AUD). A moeda da Austrália apresenta no longo prazo comportamento muito semelhante ao real.
Continua depois da publicidade
Data inicial: 31 de outubro de 2016, todas as moedas com base 100
Eleição de Trump: 08 de novembro de 2016
Reunião do FOMC: 14 de dezembro de 2016
Continua depois da publicidade
Data final: 09 de janeiro de 2017
Fonte: Wagner Investimentos
Continua depois da publicidade
Conclusão: o real iniciou e terminou o período estável, mas o Dollar Index subiu 3,5% e a moeda da Austrália caiu 3,4%, fatos que sugerem que o dólar deveria estar mais próximo de R$3,30 do que de R$3,20.
Observado o passado, vamos verificar o que nos espera até o início de fevereiro, período que terá agenda muito intensa, sobretudo nos Estados Unidos.
A- Eventos externos:
1- 11 de janeiro – coletiva de imprensa de Donald Trump. É muito importante destacar que o vice-presidente eleito, Mike Pence, disse na semana passada que Trump tem a intenção de cumprir as suas promessas de campanha;
2- 19 de janeiro – reunião do BCE (Banco Central Europeu);
3- 20 de janeiro – posse de Donald Trump;
4- 01 de fevereiro – indicadores PMI (Purchasing Managers’ Index, que são indicadores antecedentes do PIB) da China, Europa e Estados Unidos e reunião do FOMC;
5- 03 de fevereiro – divulgação dos dados do emprego nos Estados Unidos, incluindo o número de vagas criadas (payroll), taxa de desemprego e valor dos salários. Este indicador, junto com o PMI, explica a maior parte das movimentações do mercado nos Estados Unidos, e quanto mais forte, maior a chance do Fed apertar os juros.
B- Eventos internos:
1- 11 de janeiro – IPCA de 2016 e reunião do Copom;
2- 12 de janeiro – divulgação do Prisma Fiscal (expectativa dos agentes econômicos do déficit do governo);
3- 02 de fevereiro – eleição do presidente da Câmara
Abaixo, a agenda em tópicos:
Neste ambiente, acredito que o dólar/real é negociado perto do seu piso para o momento e se Trump confirmar o seu discurso de campanha, o dólar tenderá a subir em direção a 3,30, talvez não muito mais do que isto.
Caso as notícias sejam mais favoráveis, com Trump recuando do discurso de campanha e com o Fed menos hawkish (termo usado para bancos centrais com disposição de subir os juros), o dólar deverá continuar a sua atual tendência de baixa e pode testar a região de R$3,10 / R$3,15.
Somente para lembrar, no blog do dia 16 de novembro fiz dois comentários importantes:
1- Se o dólar respeitasse a região de R$3,50, a tendência era de que o pior teria ficado para trás;
2- Se os juros das Treasuries de 10 anos se acomodassem, o dólar também ficaria mais calmo por aqui. No dia, a taxa estava em 2,30% e quase dois meses depois, em 2,37%.
Até o presente momento, os fatos mostraram que estes comentários foram válidos.
Na próxima semana teremos passados por eventos importantes, fato que deverá deixar o cenário mais claro.
Até a próxima segunda-feira!