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Na última terça-feira, 31 de dezembro, um grupo de milicianos xiitas atacou a embaixada dos EUA no Iraque. O presidente americano, Donald Trump, acusou o Irã de estar por trás dos ataques, mas o país negou responsabilidade.
Aparentemente, o ataque ocorreu em resposta à ação americana contra cinco instalações da mílicia Kataib Hezbollah no Iraque e na Síria, que deixou 25 mortos e 51 feridos no dia 29 de dezembro.
É claro que o ataque dos EUA ao Hezbollah pode ter sido o estopim, a “justificativa” necessária, para a invasão da embaixada americana, mas não foi o motivo real.
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O ponto é que o Irã não tem gostado do endurecimento da política externa americana iniciada no governo Trump. Anteriormente, com Obama, o Ocidente assinava um acordo nuclear com Teerã, enquanto o Irã continuava a enriquecer urânio.
Como não gostar de Obama? Vendia-se para o mundo a ilusão de que a ameaça nuclear iraniana estava resolvida com o pacifismo progressista de Obama, enquanto o Irã caminhava para a construção de uma bomba atômica.
No entanto, este céu de brigadeiro para o Irã começou a mudar. Com a eleição de Donald Trump, os EUA rompem o acordo nuclear com o Irã e adotam sanções econômicas contra a ditadura islâmica xiita.
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As medidas têm surtido efeito. O PIB do Irã caiu 4,8% em 2018 e deve cair 9,5% em 2019, de acordo com projeção do FMI. Até 2024, o crescimento do PIB do Irã deve ficar entre 0% e 1%.
A estratégia americana é utilizar as sanções econômicas para trazer o Irã novamente para a mesa de negociação e rever o acordo nuclear. É claro que o Irã não quer.
Isso posto, o motivo do ataque à embaixada dos EUA, além do antiamericanismo, é uma reação às sanções econômicas americanas, que têm prejudicado a economia iraniana e dificultando o avanço do programa nuclear do Irã.
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O ataque à embaixada americana faz parte da estratégia do Irã em gerar instabilidade na região de tal forma que consigam avançar com o programa nuclear sem as restrições econômicas. Embora o Irã negue a autoria dos ataques à embaixada dos EUA, os fatos apontam em direção contrária.
Após o ataque à embaixada, os EUA realizam um ataque aéreo e matam um general iraniano (Qassem Soleimani) no Iraque. Aliás, o que fazia um general iraniano no Iraque? Ação militar ou terrorismo?
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A resposta parece óbvia. Tão óbvia quanto entender que uma guerra dos EUA no Iraque contra o Irã seria uma catástrofe do ponto de vista econômico e humanitário. Vale lembrar que o Irã é um ator geopolítico mais poderoso do que o Iraque, com boas relações com a Rússia e com a China.
Por enquanto, a estratégia de Trump tem sido correta. Sanções econômicas e ataques militares pontuais. Cruzar essa linha só interessa àqueles que torcem pela desestabilização de Trump. O discurso do partido Democrata nos próximos dias será um bom termômetro para medir a quem interessa uma nova guerra no Oriente Médio, uma vez que o impeachment não deu certo…
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Alan Ghani é economista, PhD em Finanças e professor de pós graduação