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Retomando a busca por empresas fora do radar, nesse post faremos algo um pouco diferente.
Partiremos de uma visão macroeconômica para uma micro e posteriormente levaremos essas conclusões para casos individualizados.
Alguns conceitos devem ser trazidos aqui para explicar o nosso objetivo.
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Um importante conceito, é a formação bruta de capital fixo (FBCF).
Trata-se de um indicador que mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital, ou seja, aqueles bens que servem para produzir outros bens: máquinas, equipamentos e material de construção.
Ele é importante porque indica se a capacidade de produção de um país está crescendo e também se os empresários estão confiantes no futuro.
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Complementando, temos o índice de confiança do empresário industrial (ICEI), onde um número acima de 50 demonstra confiança no futuro, e abaixo um pessimismo.
Mais um índice que deve ser acompanhado com lupa é a chamada (UCI) – Utilização da Capacidade Instalada – que mostra a utilização média das indústrias, demonstrando dinamismo ou não da economia e sua necessidade de novos investimentos.
Feita a conceituação vamos aos números contextualizados.
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O ano de 2017 continua com fraca atividade econômica e demanda inconstante, alternando meses de alta e de baixa, apesar de alguns dados econômicos indicarem uma recuperação da economia brasileira.
Comecemos pela FBCF. Os dados abaixo são sempre relativos aos últimos 12 meses tomando o ano como base comparativa.
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Podemos verificar a brutal diminuição desse índice nos últimos anos, considerando que houve um estimulo artificial no ano de 2013.
Tomando como base 100, tivemos uma queda de 26,30% neste indicador nos últimos 6 anos, o que pode demonstrar a necessidade de um reinvestimento no parque industrial, caso haja uma retomada da economia.
Já o (ICEI) atingiu 50,6 pontos em julho, após ter alcançado seu menor índice no início de 2016, de 36,5 pontos, o que demonstra que se iniciava um processo de retomada gradual, até surgir o caso JBS, conforme abaixo demonstrado.
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Por fim, o (UCI) continua em níveis bastante baixos (66%), mas atingindo percentual levemente superior ao do mesmo período de 2016(62%), que registrou o menor percentual da série mensal (com início em janeiro de 2011)
Podemos dizer que o cenário econômico continua com alto grau de incerteza e volatilidade, o que não estimula no momento a expansão dos negócios no país.
Contudo, a perspectiva de inflação controlada, e uma taxa de juros mais competitiva, podem criar um ambiente mais favorável aos investimentos, mesmo que de forma lenta.
Dessa forma, percebemos que, da analise dos dados acima, nos últimos 6 anos não tivemos uma renovação do parque fabril, o que pode gerar perda de eficiência numa retomada, mas ao mesmo tempo um aumento considerável na formação bruta de capital fixo.
Com base nessas diretrizes macroeconômicas, analisaremos algumas empresas do setor industrial listadas na Bolsa de Valores em busca de oportunidades.
Vamos aos casos individualizados:
Marcopolo: empresa de carrocerias de ônibus, que se utiliza dos chassis das principais montadoras do país (Volvo, Scania e Mercedes), tendo participação de quase 70% no mercado de ônibus rodoviários e 30% nos urbanos, possuindo unidades de produção em diversos países como: Mexico, Argentina, Canadá, Egito, que com receitas externas somadas as exportações representam mais de 70% do faturamento da companhia.
Diferencia-se da concorrência com produtos melhor construídos e com um design atual, trazendo padrões diferenciados de sofisticação, associados a um menor custo de operação e manutenção. Além de inovações que aproveitam nichos de mercado, onde os seus competidores não atuam. Tudo isso, atendidas pela maior rede nacional de distribuição e assistência técnica.
Na atual crise, a empresa foi obrigada a fazer dowsizing das suas unidades, diminuindo o número de funcionários, com objetivo de readequar-se a nova realidade do país, além de uma revisão de seus processos produtivos, objetivando uma maior eficiência.
Isso gerou um custo de desmobilização de R$28 milhões, visando buscar economia anual de R$40 milhões.
Para se ter ideia do impacto da crise sobre suas vendas, foram comercializadas no ano de 2016 apenas 11 mil ônibus no Brasil. Considerando que a frota brasileira possui mais de 600 mil unidades(FENABRAVE), com uma idade média de 15 anos, podemos estimar que uma taxa de renovação de 20 mil/ano seja razoável, sendo que no pico de vendas atingimos as 35 mil unidades vendidas em 2011.
Fica comprovado, assim, o equivoco da política de credito farto e barato (BNDES/PSI) incentivada pelo governo, que antecipou uma demanda de ônibus de 5 anos.
Mas mesmo neste período de crise, a empresa conseguiu aumentar seu market share para 45,8% de participação do mercado. Destaque para um aumento de 16% no segmento rodoviário e 35,9% no segmento microonibus.
Assim, a empresa encontra-se nesse momento com o dever de casa realizado, com a linha de produção em fase final de readequação, possibilitando assim o aumento das margens e rentabilidade, aguardando a retomada da economia, em novas bases, nos próximos trimestre. Estamos confiantes.
Mahle Metal Leve: Empresa que investe parte substancial da sua receita com inovação, e possui como clientes as principais montadoras de automóveis do pais, onde desenvolve em conjunto com as mesmas, peças internas do motor(pistões, anéis de vedação, válvulas etc), objetivando redução de tamanho e eficiência energética.
Apesar da crise aguda no setor em que atua, conseguiu sair se bem, uma vez que tem suas receitas diversificadas em: mercado externo, aftermarket, e peças originais para as montadoras.
Com essas diversificação, conseguiu direcionar sua produção para o exterior e para o mercado de reposição, reafirmando sua histórica resiliencia em crises.
Contudo, vem sofrendo ação concorrencial das próprias montadoras no mercado de aftermarket, obrigando a empresa a reduzir suas margens.
Acreditamos que o movimento de queda se deu em função disso. Mas consideramos que haja um exagero, uma vez que nos atuais níveis de preço a empresa se torna uma excelente pagadora de dividendos.
Indústrias Romi – A característica mais importante dessa empresa de base é compilar em sua carteira a maioria dos pedidos dos diversos setores da indústria. Por exemplo: O setor automobilístico representa 23% do PIB, provavelmente representará este percentual na carteira de pedidos.
Com isso, temos um diagnostico amplo da indústria, de antecipadamente observar de qual setor virá a retomada. Sendo assim, uma analise mais apurada da sua carteira de pedidos, pode indicar os maiores drives de crescimento.
A Inds Romi apresentou um balanço bem positivo com melhoras de Receita(11%), Margem Bruta de (21,9% p/ 26,9%) , EBIT de 5% e EBITDA de 10%, isso tudo em função também da readequação e na revisão de processos industriais, visando melhora de eficiência e rentabilidade dentro dos novos parâmetros econômicos.
Estamos cientes das adversidades macro, mas acreditamos que a economia se recuperará de forma lenta e consistente e que isso se refletirá positivamente.
Assim, passando rapidamente da análise macro para a microeconômica, podemos concluir que as empresas que se ajustaram ao novo momento econômico de forma mais rápida, sairão com mais força da crise, e por isso seguimos acreditando em empresas com esse perfil.
Até mais.