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Em 2012, o mercado celebrava Eike Batista como um novo menino-prodígio. Seu patrimônio superava os US$30 bilhões e suas empresas, embora produzissem pouco ou nada, obtinham valuations estratosféricos.
Eike estava aumentando sua fortuna a passos largos, com empresas na área de mineração de ferro (MMX) e ouro (AGX), extração de petróleo (OGX), construção de navios (OSX), produção de energia (MPX), logística (LLX), dentre outras.
Sua marca registrada era o “X” no final das empresas, para mostrar multiplicação. Ou assim ele dizia.
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Pois bem, um homem só tentando entrar em diversas áreas muito mais complexas que a primeira onde ele fez fama e fortuna não inspiram confiança. De repente, a atenção de Eike dividida entre várias empresas, com dificuldades e necessidades diferentes, fez com que problemas começassem a aparecer.
Eike começou a tentar salvar suas empresas, emitindo fatos relevantes e fazendo promessas que sabia não seriam (pra dizer o mínimo) fáceis de cumprir. Todo seu foco era nos preços das ações, esquecendo-se que eles somente refletem o humor do mercado a respeito das empresas subjacentes.
A brincadeira após alguns anos era que Eike Batista tinha conseguido levantar mais capital com o PowerPoint do que o próprio Bill Gates, dono da desenvolvedor do software.
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Pois bem, voltando para o presente, “descobri” mais um Eike Batista. Um homem cujas empresas não dão lucro, vive exagerando seus feitos, está envolvido em uma miríade de negócios bem complicados e competitivos, não sai do Twitter (novo PowerPoint) incitando seus asseclas a hostilizar os short sellers (quem vende a descoberto) e faz promessas que sabe muito bem não ser capaz de cumprir, a fim de aumentar o preço de suas ações.
Sim, estou falando do Elon “Batista” Musk, uma celebridade que ganhou fama após a venda do PayPal. Obviamente Musk teve mérito no negócio, embora tenha sido demitido como CEO em poucos meses (para não quebrar a empresa) e substituído por Peter Thiel, que conseguiu salvar o Paypal e o vendeu em 2002 por US$1,5 bilhão para o Ebay.
Os sinais estão todos aí, só não vê quem não quer. A Tesla, uma eterna startup que não consegue dar lucro, mas que impressiona pelo seu valuation, acima de US$60 bilhões. E sempre que as ações começam a cair, Musk vem ao resgate, com tweets que prometem coisas (vou ser camarada na minha observação) bem difíceis de ser entregues.
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O CEO da Tesla passa mais tempo no Twitter do que na própria fábrica, onde os problemas sobejam. E seu ódio pelos short sellers é impressionante, lembrando mesmo nosso querido Eike. Abaixo temos um pequeno exemplo:
De acordo com Elon Musk, hoje é o dia do grande spike no preço da Tesla (spoiler: não foi). Mas será que o CEO de uma empresa de US$60 bilhões que nunca conseguiu atingir o lucro não tem nada melhor pra fazer do que incitar seus fãs contra os que vendem as ações a descoberto, apostando na sua queda?
O part-time CEO da Tesla (Musk também é CEO de empresas como SpaceX, the Boring Company, Neuralinks, etc – nenhuma delas lucrativa) e full-time participante do Twitter está com problemas. E em vez de focar seu tempo em resolvê-los, o flamboyant CEO se preocupa com o preço de suas ações, assim como fez Eike.
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Um pequeno mal-estar nos mercados pode derrubar rapidamente – e muito – o preço das ações da Tesla. Os riscos estão aumentando e acredito que os tweets de Musk se tornarão mais ácidos, a fim de tentar salvar sua fama e empresa. Claro, até a SEC por um fim nessa brincadeira.
DISCLOSURE: O autor e/ou carteiras sob sua gestão estão vendidos em ações da TSLA e, embora expresse sua opinião sobre o assunto, o texto em questão não constitui, de qualquer maneira, uma recomendação de investimento.