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Eu não diria que carros elétricos (CE) são certamente o futuro, mas não dá para negar que são uma parte importante dele. Estamos mudando de um mundo em que a indústria automotiva é dominada por motores à combustão, para um em que os veículos elétricos ganham cada vez mais relevância e atenção.
Carros elétricos têm vantagens com relação aos veículos de combustão interna, como menor manutenção, menos peças, menos poluição, maior aceleração, maior segurança e conforto. Por outro lado, o custo das baterias é uma barreira para o desenvolvimento dessa tecnologia, assim como o tempo de recarga, que em alguns veículos podem demorar até 13h para obter-se 100% de carga, embora apenas 3h para 80%.
Apesar disso, os CE ainda são extremamente dependentes de subsídios do governo. Nos EUA, por exemplo, cada CE recebe incentivos de até US$7,500 somente do governo federal, sem mencionar as vantagens que a cidade oferece e outros subsídios dados pelo estado, em alguns casos. Na Noruega, os subsídios são ainda maiores e incluem isenção de impostos, pontos de recarga gratuitos espalhados pelo país e vagas preferenciais para estacionamento.
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Acredito que essa ajuda governamental continuará sendo importante num futuro próximo, enquanto os governos quiserem promover o desenvolvimento dessa indústria. Mas, uma vez atingido um certo nível, esses subsídios terão que cessar ou serem consideravelmente reduzidos. Como o número de carros elétricos deve subir, o volume de receitas dos governos deve cair e todos sabemos como os governos se adaptam a menores receitas.
Enfim, esse é um mercado que vem crescendo bastante nos últimos anos, tal como ilustrado no gráfico abaixo.
E falar sobre carros elétricos implica quase que necessariamente em falar sobre o maior expoente dessa indústria: a Tesla, que é uma fabricante de veículos elétricos e que tem ações negociadas na Nasdaq.
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A empresa, que é conhecida pelo seu excêntrico CEO, Elon Musk, fabrica o Model S, que tem uma autonomia de 335 milhas (cerca de 540km) e custa cerca de US$83.000 (o preço pode subir muito, dependendo das configurações e opcionais). Ela fabrica também o Model X, um SUV lançado em 2015, com autonomia para 295 milhas (cerca de 470km). O preço de um Model X começa em US$84.000, mas, assim como o Model S, seu preço pode ser significativamente mais alto.
Esses carros são realmente de primeiríssima linha. Eu pessoalmente visitei algumas lojas da empresa e fiquei impressionado com o acabamento, pacote de equipamentos e visual. Bom, mas acho que é isso que alguém espera de um carro caro, não é mesmo?
Pois então, as vendas desses carros nunca foram excepcionais.
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Mas, enfim, chegamos ao ponto que é o lançamento do carro que, segundo os fãs do CEO, revolucionará o mercado de CE: o Model 3.
O Model 3 foi lançado a US$35.000 e, como os outros modelos, seu preço pode subir substancialmente e atingir quase US$60.000, se todos os opcionais forem incluídos. Sua autonomia é de 350km, menor que a dos outros modelos, mas ainda bem impressionante para um CE.
Algumas perguntas muito pertinentes devem ser feitas. Por exemplo, se a tecnologia para fabricar o Model 3 é similar à dos outros carros, como a Tesla vai ter lucro vendendo um carro com custo similar a um preço 3 vezes menor que o dos outros?
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Isso, sem contar com os problemas que a empresa está enfrentando na sua Gigafactory 1, uma fábrica de dimensões colossais, e com o fato de que várias pessoas estão deixando de comprar os modelos mais caros para adquirir o Model 3, mais barato.
No final das contas, o CE é moderno, dispõe de vários mecanismos sofisticados, baterias modernas e softwares de ponta, mas o processo de fabricação ainda é o mesmo: linha de montagem! E isso está sendo um grande problema para o CEO, que não consegue entregar os resultados prometidos.
Abaixo um gráfico comparativo com os dados estimados pela Bloomberg, obtido por meio de Grant Williams, e as expectativas da própria empresa.
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E isso tudo está acontecendo no mesmo período que os subsídios para a Tesla estão acabando e ainda nem começaram para os competidores. Por falar nisso, o número de competidores não para de aumentar: Jaguar, Audi, BMW e Faraday, para citar alguns, estão vindo ao mercado ainda em 2018. Ano que vem é a vez da Porsche e em 2020 da Volkswagen, Volvo e GM.
Além disso, as baterias, parte importante em um carro elétrico, estão mudando rapidamente. A Toyota lançou um carro movido a hidrogênio, que emite água e gasta apenas 5 minutos para recarregar, confrontando um dos pontos fracos dos carros elétricos: (https://ssl.toyota.com/mirai/assets/modules/carpageallfeatures/docs/MY18_Mirai_eBrochure_Lifestyle.pdf).
Uma análise mais completa da Tesla está disponível no link: https://l2capital.com.br/pt/tesla-yet-again/
Assim como Nikola Tesla, o famoso inventor cuja personalidade excêntrica e objetivos ambiciosos para a ciência fez com que as pessoas pensassem que era louco, parece que a empresa de veículos elétricos que carrega seu nome poderá ter o mesmo fim: bancarrota no final.