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O segundo trimestre de 2023 foi marcado por uma performance surpreendentemente boa dos mercados no mundo e em particular dos ativos brasileiros. Por isso, vale destacarmos alguns deles.
Durante essa janela de três meses, a bolsa brasileira (Ibovespa) mostrou alta de quase 16,0% – com movimento mais expressivo nos meses de maio e junho; a curva de juros pré-fixada fechou em todos os vértices – porém, o destaque foi a parte longa, com mais de 200 pontos base de fechamento; e o câmbio apreciou mais de 5,0%, chegando a bater R$ 4,76, patamar mais baixo desde maio de 2022.
Esse movimento tão forte faz sentido?
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Neste artigo trazemos argumentos para responder de forma positiva a essa pergunta. Foram cinco fatores que tiveram maior relevância. São eles: revisão de crescimento, melhora da inflação corrente e das expectativas, iminência do Banco Central (BC) cortar a Selic, redução da incerteza fiscal e encaminhamento da reforma tributária.
As revisões de crescimento que vimos nesse trimestre foram impressionantes. Há menos de três meses, as projeções do Focus apontavam para um PIB menor do que 1,0%.
O pessimismo mudou quando o crescimento do primeiro trimestre surpreendeu significativamente para cima, com impacto do setor agropecuário. Ainda assim, parece haver uma força remanescente no setor de serviços e os indicadores de confiança já não estão mais caindo. Por isso, parece factível vermos um PIB de 2,5% ou, até mesmo, ao redor dos 3,0% neste ano.
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Do lado de inflação, a fotografia também é mais construtiva. Em meados de abril, a expectativa de 2024 rodava em 4,2% e, a de 2025 em diante, estava em 4,0%. A inflação corrente melhorou bem, o que ajudou na desaceleração das expectativas.
Soma-se a isso o fato de a incerteza em relação a mudança de meta de inflação ser completamente retirada do cenário. Atualmente, espera-se uma inflação de 3,9% em 2024 com viés baixista e as expectativas de 2025 em diante retornaram para ao redor dos 3,5%.
Fazendo o gancho com inflação, estamos na iminência de o BC reduzir a Selic. As principais condições elencadas pelo Banco Central estão se acumulando de forma construtiva: ancoragem das expectativas de inflação e redução do risco fiscal por meio da apresentação do novo arcabouço, atrelado ao reconhecimento em relação ao esforço da Fazenda na recomposição das receitas fiscais.
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Sobre o lado fiscal, a apresentação e a votação da nova regra diminuiu significativamente a incerteza fiscal que pairava sobre a economia há três meses. A estruturação de instrumentos capazes de gerar maior enforcement, colocados pelo Congresso na regra, foi positiva: gatilhos em caso de descumprimento da meta de primário, contingenciamento obrigatório. Além disso, ela deve passar sem empecilhos após o recesso parlamentar.
Por fim, a reforma tributária foi uma verdadeira epopeia nas últimas semanas. O seu encaminhamento e o hercúleo esforço de Arthur Lira para concluir a aprovação no Congresso, agora no primeiro semestre, tem sido um driver importante.
Ainda remanescem alguns pontos de interrogação em relação à proposta e como ela deve sair da votação ainda pendente no Senado. Mas, muito provavelmente, sairá com um conjunto de tributos a serem implantados gradualmente, muito mais racionalizados, simplificados e com menores distorções dentro do processo produtivo.
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Se for minimamente preservado no Senado o que foi aprovado na Câmara, a reforma tem potencial de aumentar o nosso crescimento em 1,0% a 1,5% ao ano, sendo inclusive positiva para a dinâmica da dívida e para o âmbito fiscal.
Quando olhamos esses elementos, os ventos parecem estar orientados à uma trajetória bem mais positiva. E, como o Congresso tem minimamente segurado a agenda antirreformas, aumenta a chance de a agenda positiva prevalecer.
Será que esses ventos se transformam em uma corrente capaz de direcionar a economia brasileira para um ciclo virtuoso?
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Este artigo tem a coautoria do economista da Jive Investments Luan Takada