São todos iguais, mas o PT é diferente

Quem o diz é a história. Desde a reabertura democrática, nenhum partido travou a disputa político-ideológica de maneira tão vil

Mario Vitor Rodrigues

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Para efeito de antecipar possíveis espantalhos, convém tirar logo o bode da sala: sim, a corrupção é um problema nacional. Transcende a própria política. E esse fato, o de ser uma prática recorrente nas mais variadas áreas da nossa sociedade, diz muito sobre o comportamento adotado pelos nossos representantes. Convenhamos, estranho seria se fossem diferentes.

Pois bem, feito o disclaimer, cabe dizer as coisas como elas são. Se a nossa cena política é desanimadora, com bandidos e desqualificados ocupando praticamente todo o espectro partidário, e se por isso tendemos a repetir o surrado “eles são todos iguais”, a ressalva não pode faltar: podem até ser todos iguais, mas o PT é diferente.

Quem o diz é a história. Desde a reabertura democrática, nenhum partido travou a disputa político-ideológica de maneira tão vil. Nem foi tão eloquente ao negar agendas benéficas para a nação, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Plano Real e até a Constituição.

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 Tampouco foi hábil ao difundir premissas talhadas para dividir a população de modo a alcançar o poder. No sentido mais apurado possível do lema divide et impera, houve inclusive um flerte óbvio com o racismo, ainda que escorado na tal luta de classes. E, é claro, não seria possível ignorar os sistemáticos pedidos de impeachment de todos os presidentes eleitos pelo povo até que esse capitulasse em seu favor.

Quando finalmente alcançou o seu objetivo, e sob a batuta de um líder tão astuto quanto pragmático, o Partido dos Trabalhadores não se contentou em jogar o jogo, mas reescreveu as suas regras. Otimizou-as em proveito próprio. Azeitou a máquina de um jeito como jamais se viu.

Quem o diz é a história. Nenhum partido reuniu tamanha militância, foi liderado por um cacique tão popular e permaneceu tanto tempo no poder. Nem foi tão voraz ou manipulou a democracia de acordo com seus próprios interesses.

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Pois eis que agora, pego em um flagrante somente negado pelos mais crédulos, o PT comprova o seu verdadeiro caráter com esse episódio de campanha secreta no Twitter para Gleisi Hoffmann, Wellington Dias e Luiz Marinho. 

Acostumados a estabelecer narrativas e repetir métodos, não demorou para que os petistas envolvidos logo negassem sua ligação com o caso e difundissem a tese da iniciativa isolada. É inevitável lembrar do Escândalo dos Aloprados, quando, em 2006, o próprio partido esteve envolvido em outra tentativa de fraude eleitoral.

Mensalão, compra de dossiê, estelionato eleitoral e, agora, o pagamento secreto para que pessoas opinem positivamente a respeito de seus candidatos.

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Insisto, quem o diz é a história. A sede petista pelo poder é tamanha que esse fim acaba justificando qualquer meio. E se funciona dessa forma, se os casos de ofensa ao processo eleitoral se avolumam ao longo dos anos, já está mais do que na hora de o TSE tomar uma providência.

Quem sabe, de uma vez por todas?         

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