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Sem dúvida alguma é extremamente saudável que os investidores estejam sempre atualizados e de olho nos investimentos mais rentáveis e promissores de cada período.
No entanto, percebo com certa frequência uma fissura em relação à rentabilidade dos títulos de renda fixa de uma parte dos investidores, que não é necessariamente inteligente.
Se em um dia esses investidores compram um CDB de 100% do CDI e amanhã descobrem que existe um novo título na plataforma pagando 101% do CDI, se sentem completamente frustrados por terem perdido essa “oportunidade imperdível”.
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Na busca pela maior rentabilidade, podem também acabar optando por um título duvidoso, simplesmente porque ele paga alguns pontinhos percentuais adicionais.
Ou ainda se prendem por anos numa carência sem fim para conseguir conquistar esse “jurinho” excedente.
Mas será que mais rentabilidade sempre vale a pena?
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A questão é que apesar de rendimento extra ser sempre bem-vindo, alguns sacrifícios pagos para obter esse benefício muitas vezes não fazem o menor sentido.
Especialmente em um cenário de taxa de juros caminhando para mínimas históricas, isso é ainda mais insignificante.
Duvida? Então faça as contas comigo:
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Devemos terminar o ano com uma taxa Selic de 7% ao ano, de acordo com as expectativas do mercado divulgadas pelo relatório Focus do Banco Central. Como o CDI é em geral bem próximo da Selic, usaremos ela como base no texto.
1% dessa taxa, portanto, é equivalente a 0,07% ao ano. Se transformarmos essa taxa em mensal, então teremos “incríveis” 0,0058% de juros para cada 1% do CDI.
Trazendo para a prática, isso quer dizer simplesmente que com 10 mil reais investidos, você terá um rendimento adicional de 58 centavos mensais (ou 7 reais anuais) para cada 1% do CDI que você conseguir conquistar com um investimento supostamente “melhor”.
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Tudo bem que dinheiro extra nunca é demais e que com montantes maiores a diferença vai ficando mais significativa. Afinal, se o investimento fosse de 1 milhão de reais, a diferença anual já seria de 700 reais.
Por outro lado, se você tiver que assumir custos maiores para isso é bom fazer uma análise mais criteriosa, pois seu rendimento excedente poderá acabar sendo simplesmente anulado ou até mesmo superado por eles.
A seguir, listo os 3 pontos mais importantes que você precisará se atentar antes de fazer essa escolha:
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Liquidez
O primeiro ponto talvez seja o mais comum. O investidor se depara com uma oferta de título que remunera em 100% do CDI com carência de 1 ano, 101% do CDI com carência de 3 anos ou 102% do CDI com carência de 5 anos.
Estranhamente essa pessoa fica tentada a escolher o título de 5 anos. Mas se esse for o caso, ela certamente não fez nenhuma conta.
Veja bem, usando a taxa de juros do começo do texto e um investimento de 10 mil reais como base, a diferença seria de apenas 21 reais adicionais para o título de 3 anos (no período total) e de 35 reais adicionais para o título de 5 anos (no período total).
Ou seja, a pessoa abriria mão do dinheiro dela por 5 anos por apenas 35 reais a mais de rendimento!
E mesmo considerando que montantes maiores dariam uma diferença mais significativa, qual seria o custo de oportunidade de congelar seu dinheiro por 5 anos?
Será que ao longo de 5 anos não existirá nenhuma nova oportunidade mais interessante de investimento que deixará esse investidor novamente tentado?
Ou mesmo se esse investidor viesse a precisar desse dinheiro em alguma emergência?
Portanto, se for prender seu dinheiro a uma carência mais longa, que valha muito a pena.
Risco
Um de meus sócios costuma dizer uma frase muito interessante aos clientes dele com certa frequência: “Não faz sentido arriscar reais para ganhar centavos”.
E ele tem total razão!
Um dos princípios básicos das finanças é a de que os riscos devem que compensar os retornos.
Logo, não vale a pena trocar uma LCI (com proteção do FGC) por um CRI (sem proteção do FGC) se o prêmio de rentabilidade não for satisfatório. O mesmo vale para LCAs e CRAs, CDBs e Debêntures e assim por diante.
Por 1% do CDI de diferença, permaneça na segurança.
Custo tributário
Se você já tiver seu dinheiro aplicado em um título hoje e amanhã aparecer um melhor, pense muito bem antes de trocar.
Afinal de contas, muitos investimentos em renda fixa (com exceção óbvia dos isentos) sofrem a incidência da tabela regressiva de imposto de renda sobre os rendimentos.
Isso quer dizer que quanto menos tempo você deixar seu dinheiro aplicado, mais caro você terá que pagar para o leão na hora de resgatá-lo.
Em termos práticos, se você já tivesse investido aqueles 10 mil reais em um CDB de 100% do CDI ao longo de 5 meses, teria que pagar ao governo 64 reais dos seus lucros para resgatar o dinheiro.
Ou seja, aqueles 7 reais extras que você vai ganhar com 1% do CDI a mais vão levar um bom tempo pra pagar essa conta.
Custos operacionais adicionais
Apesar de óbvio, achei melhor não deixar esse tópico de fora.
A ideia é que se você tiver que incorrer em quaisquer custos operacionais adicionais para investir no título que paga mais, então o rendimento extra tem que ser maior que os custos e mais o lucro da outra opção.
Logo, se for trocar de um investimento que não te cobra nada para outro que cobre, por exemplo, taxa de custódia, certifique-se que o rendimento adicional continua ganhando mesmo depois de pagar esses custos.
Conclusão
O objetivo desse texto foi apontar que embora seja bom investir sempre no que rende mais, essa nunca deve ser a única variável levada em consideração.
Qualquer investimento existe sobre um tripé de retorno, liquidez e risco que precisam estar equilibrados.
Se um investimento tiver um rendimento superior, provavelmente será compensado nas outras duas pernas (mais risco ou menor liquidez) e você só deverá optar por esse investimento se o ganho de rentabilidade compensar essas perdas.
E aí, preparado para o próximo investimento?