Enfim, o crédito para veículos está voltando!

Após sete anos consecutivos de baixa demanda no crédito de veículos, ele voltou a crescer, e consequentemente, as vendas de veículos estão melhorando!

Raphael Galante

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Após um longo e tenebroso inverno, as vendas de veículos estão crescendo neste ano (na real, só a venda de carros. O resto está uma draga!).

 O ponto aqui, que delimita o sucesso do setor automotivo (e em qualquer setor da economia) É a oferta de crédito. Então…. você se lembra, lá das aulas de faculdade, sobre o conceito da “velocidade da moeda”? A grosso modo, estamos falando disso.

 O crédito para aquisição de veículos – segundo o BC – está ladeira abaixo. Quando pegamos os saldos das carteiras de crédito, temos a seguinte curva:

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Mas já notamos que as concessões de crédito voltaram a crescer, conforme o gráfico abaixo.

Se você reparar na curva de média móvel,  perceberá que no período entre o fim do ano passado e o começo deste ano, houve a inversão da curva para um cenário com viés positivo. Esse é um dos pontos que explica (para o setor de carros) a recuperação nas suas vendas. No caso de automóveis, devemos encerrar esse primeiro semestre com uma evolução de 3%. O que já é um milagre, no devido cenário!

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Porém, apesar dessa recuperação, o mercado ainda terá um longoooooooooooooooooo caminho para se recuperar.

O pessoal da B3 (antiga CETIP) divulgou algumas informações sobre a questão de veículos alienados (financiados).

Com as informações da B3, nós reconfirmarmos a nossa teoria.

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Na parte de carros, a penetração do financiamento em 2016 foi de 31,2%. Já nesse ano ela cresceu para 32,8%.

Apesar dessa recuperação, o que percebemos é que o crédito ainda está muito longeeeeeeeeeeeeeeeeeeee do que ele já foi. A grosso modo, em 2010, 50% de todos os carros vendidos no Brasil foram financiados. Já neste ano, estamos próximo a 30%.

Além disso, o lado grave é que “praticamente” não existe crédito para o carro usado. E, hoje em dia, o carro usado é a principal “moeda” na compra de um carro novo. Se eu não vender o carro usado, é mais difícil comprar o novo. 

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Se o crédito para carros usados está ruim, para o setor de motocicletas está pior ainda!

Quando falamos de crédito para motocicletas usadas, esse tipo de opção é quase inexistente! O crédito bancário para motocicletas sumiu há muito tempo. O que existe hoje é o consórcio de motocicleta que é vendido pelo (em especial) Consórcio Nacional Honda, além de outras administradoras. O consórcio representa por 50% de todas as motocicletas novas financiadas. E a moto usada? Bom… você tem que pagar à vista! Para você ter uma ideia, no ano passado, das quase 3 milhões de motocicletas usadas vendidas, somente 4% foram financiadas. Repetindo: DE TRÊS MILHÕES DE MOTOCICLETAS VENDIDAS, SOMENTE 100 MIL FORAM FINANCIADAS. O restante foi vendido à vista, ou aconteceu algum rolo entre as partes.

A linha de crédito é tão restrita para o mercado de motos que atualmente apenas 20% das motocicletas vendidas foram financiadas. Esse percentual é menos da metade sobre o ano de 2010, quando 42% das motos vendidas foram financiadas.

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A ausência de crédito para o setor de motocicletas foi o principal motivo para a sua derrocada. A venda média deste ano sobre a média de 2010, mostra que o segmento recuou 56%. Se o crédito para o setor fosse equivalente ao do ano de 2010 (penetração de 42%) o percentual de queda seria hoje de 8%.

 

PERÍODO REALIZADO PROJETADO
11 / 10 2,11% 7,69%
12 / 11 -27,18% -6,92%
13 / 12 -8,11% 2,27%
14 / 13 -8,18% 4,50%
15 / 14 -12,05% -2,10%
16 / 15 -21,41% -7,79%
17 / 16 -5,14% 2,26%
17 / 10 -55,66% -8,26%

No mercado de veículos pesados (caminhões; ônibus e Implementos Rodoviários) a queda – como vocês podem ver no gráfico – foi brutal. Mas o que aconteceu? É simples!! Entre 2010 e 2014 o governo pedalava e soltava dinheiro a rodo (fácil e barato) para o financiamento destes produtos. Já a partir de 2015, quando o governo decidiu tirar as rodinhas da bicicleta e tomou um tombo, o dinheiro secou e as vendas caíram e continuam caindo num poço sem fim…

Finalizando, a média geral do segmento é essa que está aqui embaixo. Somente míseros 30% de todos os veículos vendidos são financiados. Nesse ritmo, ainda vai demorar “um pouco” para o setor se recuperar!

 

E ai? O que achou? Dúvidas? Me manda um e-mail aqui.

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva