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Caro leitor; digníssima leitora: o mês de agosto encerrou com 230,7 mil carros vendidos. Registramos – com isso – a primeira retração nas vendas deste ano, sobre o ano passado. O setor amargou queda de 3,6% sobre agosto de 2018, quando tivemos quase 240 mil carros vendidos.
Não vou entrar aqui naquele “chove-não-molha” das marcas que estão crescendo ou aquelas que estão indo ladeira abaixo cada vez mais rápido…
Vou dar continuidade sobre o conceito da “bolha automotiva” que estamos vivenciando, o qual tratamos semana passada (aqui).
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O foco central é que as montadoras – em geral – se debruçaram nas fábulas de Esopo e estão levando isso muito a sério! No caso em questão, o conto “A galinha dos ovos de ouro” virou um mantra.
Vou exemplificar com um demonstrativo do mês passado – mais que fresquíssimo – sobre como como a venda (ou faturamento) direta virou um cancro, e como a quase ausência dela só traz bons resultados.
Abordaremos a venda de SUVs – que são o desejo de dois em cada três consumidores no Brasil hoje em dia.
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Selecionamos seis marcas com seus modelos de grande representatividade: Renault Duster e Captur; Ford Ecosport; Honda HR-V; Hyundai Creta e Jeep Renegade.
Esses veículos somados venderam no mês de julho 21.941 unidades. E, no mês passado, tivemos a comercialização de 22.107 carros. Um aumento de 0,76% – se consideramos que o mercado retraiu 3,6%, o resultado até que foi muito bom.
Mas o ponto central é que esses modelos oscilaram muito, conforme a tabela abaixo:
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MODELO | AGOSTO | JULHO | V% |
CAPTUR | 1.995 | 2.679 | -25,53% |
CRETA | 6.656 | 5.307 | 25,42% |
DUSTER | 1.263 | 1.777 | -28,93% |
ECOSPORT | 3.044 | 2.531 | 20,27% |
HR-V | 4.098 | 3.857 | 6,25% |
RENEGADE | 5.051 | 5.790 | -12,76% |
TOTAL | 22.107 | 21.941 | 0,76% |
Vamos começar explicando o “bom”, para depois falar do ruim.
O nosso “troféu joinha” do mês de agosto foi para o pessoal da Hyundai. Eles conseguiram cravar um crescimento de mais de 25% sobre o mês anterior!
Mas como os coreanos conseguiram essa façanha? Qual foi a mágica que eles aprontaram?
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Depois deles muito pensarem:
Chegaram à grande conclusão: vender o carro certo, ao preço (de mercado) certo!
Eu sei que pode parecer uma coisa um tanto quanto “lógica”, mas lembremos que o pessoal é fã das fábulas de Esopo.
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O Creta ganhou uma versão automática mais acessível no final de 2018, e fechou o mês de agosto como o SUV (da sua categoria) mais vendido.
Não é a primeira vez que isso acontece: desde o lançamento do HB20, há quase sete anos, a Hyundai vêm sempre mexendo no status quo do mercado, gerando uma bagunça terrível para as até então quatro “grandes” (Volkswagen, Chevrolet, Ford e Fiat).
Com carros atraentes para o público brasileiro, forte campanha de marketing e pós-venda bem avaliado, eles são aquelas crianças que descem para o play e não sabem brincar.
Já do ponto negativo, vamos tratar das marcas que tiveram um mau resultado em agosto.
O digníssimo leitor, que tem a vibe de ser o “xerox holmes”, deve estar pensando: “…eles tiveram queda nas vendas por causa da dinâmica do mercado…”, uma vez que o pessoal da Hyundai pegou pesado com eles.
Em partes, isso é meia-verdade.
E qual é a outra metade?
As vendas diretas.
Para você entender o conceito, o melhor é você ler o post da semana passada (aqui) para não se perder.
Levantamos qual foi o percentual de venda direta que esses modelos tiveram no mês de agosto, e o resultado foi esse aqui:
MODELO | PART. VD AGOSTO |
CAPTUR | 47,59% |
CRETA | 25,92% |
DUSTER | 47,09% |
ECOSPORT | 37,26% |
HR-V | 8,03% |
RENEGADE | 71,39% |
TOTAL | 39,55% |
Dos modelos que tiveram forte retração nas vendas (Captur; Duster e Renegade), as vendas diretas estão na casa de 55% em média.
A Jeep vendeu 72% dos seus Renegade através desta modalidade, seja ele para: locadoras; pequenas e médias empresas; Produtor Rural; Taxista ou PCD.
Foram 72% – ficamos boquiabertos!!!
Qual é a sacada? Quando alguma locadora (por exemplo) decide não querer comprar carro, ela derruba o mercado. Veja o resultado dos produtos da Renault neste mês que passou: queda de 27% nos emplacamentos de seus SUVs.
Quando falamos que o mercado automotivo está entrando numa “bolha de esperteza”, era por conta de exemplos como esse.
No caso Jeep, onde quase 3/4 dos Renegade vendidos foram através da venda (ou faturamento) direta, alguma coisa na sua sistemática está muito errada. Fazendo uma analogia, o pessoal da Jeep está igual usuário de drogas: passou do “uso recreativo” para a “dependência química total”.
E, para variar, os japoneses da Honda são outros que também não sabem brincar: apenas 8% dos seus carros foram vendidos através desta sistemática.
Isso é um dos motivos para os veículos da Honda e Toyota serem considerados sempre o filé-mignon do mercado – e para a saúde dessas marcas em solo brasileiro ser bem melhor que a da concorrência.
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ERRATA: Atualização às 15h02 do dia 04/09/2019. O estagiário falhou miseravelmente na hora de colocar a participação da venda direta dos respectivos modelos (segunda tabela). Havíamos apontado que a participação da venda direta do Renegade era de hediondos 96%. Estávamos errados! É de “apenas” 71,39%, o que é apenas “menos hediondo”. Com isso, esperamos que o nome do estagiário não vá parar na boca do sapo…