Depois do FOMC

Depois do FOMC, do COPOM e do tesouro, o mercado reagiu muito positivamente. Hoje parte do movimento ainda deve dar folego para as bolsas enquanto o mercado espera dados de emprego nos EUA

Alexandre Aagesen

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FOMC manteve juros, como sabíamos que iria manter. Powell ficou em cima do muro, como sabíamos que ele ficaria. Cada player iria ler no comunicado o que quisesse, como sabíamos que fariam. No geral, tom mais brando, mas deixando porta aberta pra subir em dezembro “a depender dos dados”. No Brasil, COPOM cortou 50bps, como sabíamos que iriam cortar. Comunicado trouxe ‘risco fiscal’, como sabíamos que iria trazer. Trouxe também uma continuidade de movimento, como também sabíamos que iria trazer. Movimentos (no plural) semelhantes (no plural) nas próximas (no plural) reuniões (no plural). Até aí, sem surpresas. O fato de o FOMC manter o juro curto parado não fez a treasury de 30 anos cair 15bps (claro que não!), nem as bolsas subirem o que subiram ao redor do mundo (também é claro que não, todo mundo sabia que ia manter os juros). Nem o discurso do Powell fez isso. Gogó de banqueiro central tem poder, mas não exagera. Dá pra saber pelo momento que os juros começaram a cair e que as bolsas começaram a subir, e não foi às 15, após a decisão do FOMC.

Foi logo pela manhã. Como a gente estava falando ao longo da semana, teve um outro acontecimento, muito mais importante para os mercados. Do mesmo jeito que aqui no Brasil temos o Roberto Campos Neto no BC e o Haddad na Fazenda (e eles não são formalmente de um mesmo time), nos EUA temos o Powell no FED e a Yellen no Tesouro. E foi o Tesouro que puxou o mercado. Ainda de manhã, o Departamento do Tesouro dos EUA passou o planejamento de emissão de novas dívidas, e foi muitíssimo bem recebido. O plano é aumentar gradualmente o tamanho dos leilões ao longo dos próximos 3 a 6 meses. Além de ser gradual e, principalmente, em vencimentos mais curtos do que o mercado esperava (o que pressiona menos as taxas mais longas), o volume também foi menor do que o temido. Mais curto, menos volume e mais gradual? Bate juros, toma bolsa!

Ontem não teve pregão por aqui, mas teve lá fora. Teve juros ainda caindo, bolsas subindo e modo risk-on ligado. Inclusive o ETF de bolsa brasileira em dólares (EWZ) puxou quase 3% de alta. Hoje, não acho que vai ter pouca liquidez por aqui, não. Vai ter muito gestor trabalhando nessa emenda. E se na emenda we work, na WeWork acho que WeDon’tWork mais. Claramente depois de ler o One Page de quarta, os advogados da cia decidiram antecipar o movimento. WeCrashed!

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Alexandre Aagesen

Com mais de 15 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", host do podcast "Mercado Aberto" e Investor na XP Investimentos