Semana de Política Monetária ofuscada

Em semana de decisão de política monetária no Brasil e nos EUA, vários outros tópicos roubam a cena, com destaque principalmente para o Japão e para o Tesouro Americano

Alexandre Aagesen

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Depois de dois dias sem publicar (por motivo de força maior), tem assunto infinito para falar aqui. Começo com as falas do Lula sobre déficit fiscal: ninguém no mercado esperava de fato o zero para 2024, mas quando o Lula joga água nesse chopp, faz preço. O importante é perseguir, como diria o Haddad, mas o mercado vê com maus olhos se nem isso será feito. Haddad deve falar hoje depois da reunião ministerial com o Lula, dependendo de como for. Durante o governo do Marechal Deodoro da Fonseca, uma das reuniões terminou com ele desafiando um de seus ministros para um duelo formal, mas não acho que Lula e Haddad vão chegar a tanto. Tivemos também o PL de tributação das Offshores e Fundos Exclusivos sendo pautado poucas horas depois de a presidente da CEF cair e entrar um indicado do Lira. Como diria Chandler Muriel Bing, “Eu não sou muito bom em dar conselhos. Você não prefere um comentário sarcástico?” (eu também não).

Nos EUA vimos um PCE (inflação) mais alto e um GDP (PIB) mais aquecido jogando lenha (não gasolina, que está muito cara) na fogueira do FOMC (já falo dele). E juntando Magic Johnson com Michael Jordan, temos finalmente um speaker na casa: Mike Johnson, um dos 8 Republicanos mais barulhentos (por falta de palavra melhor) e menos propensos a aumentar gastos. É ele que vai pautar (ou não) o novo pacote de gastos do executivo: apoio à Ucrânia, a Israel, a Taiwan e à fronteira sul com o México, no combate contra a imigração ilegal. Claramente está sobrando orçamento (ou não). Como diria Chandler Muriel Bing “faço piadas quando estou desconfortável” (eu também, também).

Além disso temos Israel com “boots on the ground” em Gaza e Conselho de Segurança da ONU se reunindo hoje. Tivemos as primárias da oposição na Venezuela (lembram da contrapartida para EUA retirar as sanções?) e o governo Maduro, de forma imatura (sorry, precisava fazer essa) já reclamando e querendo judicializar. Ainda em LATAM, a terceira colocada na Argentina, Patrícia Bullrich, decidiu apoiar o segundo, Javier Milei. Para essa semana, temos COPOM, FOMC e reunião de política monetária no BoE e no BoJ. Desses, vale MUITO acompanhar BoJ (amanhã), os demais devem ser sem surpresas. Além desses, vale acompanhar o plano de financiamento do Tesouro, principalmente emissão de títulos de longo prazo, na quarta-feira. São eles que fazem preço. Como diria Chandler Muriel Bing “Certo, crianças, tenho que ir trabalhar. Se eu não for até lá fazer aqueles cálculos… não vai fazer a menor diferença.” (eu também, também, também – mas espero que faça alguma diferença sim).

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Alexandre Aagesen

Com mais de 15 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", host do podcast "Mercado Aberto" e Investor na XP Investimentos