O “método Julia Roberts” para evitar fundos ruins

No cinema ou no mercado dos fundos de investimento, a decisão de se casar é coisa séria

Carolina Oliveira

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Julia Roberts é, sem dúvida, uma das minhas atrizes favoritas. Quando eu era pequena, costumava assistir aos seus filmes repetidas vezes. Mas tinha um que se destacava: “O Casamento do Meu Melhor Amigo”.

No filme, Julianne (papel de Julia) e seu melhor amigo Michael (interpretado por Dermot Mulroney) fazem um acordo: caso os dois chegassem aos 28 anos ainda solteiros, eles se casariam. Mas, três semanas antes de seu 28º aniversário, ela recebe um convite para ser madrinha de casamento de Michael com outra mulher. Julianne, que até então não percebera seus sentimentos pelo amigo, aceita o convite como parte de um plano para tentar desfazer a união.

Ela também acredita que Kimberly (Cameron Diaz), a escolhida de seu amado, não tem absolutamente nada a ver com ele. Michael tem origem simples, enquanto a noiva é herdeira de uma família muito rica; a diferença de idade entre eles é considerável; e, ainda, eles não possuem um elo, algo que o próprio Michael admitiu para Julianne – no caso, uma música que embala a história de amor.

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Eu sei, você deve estar se perguntando onde os fundos de investimento entram nessa trama. Pois bem, assim como Julianne tinha um acordo com Michael, eu também tenho com os investidores: recomendar fundos de investimento e de previdência que sejam adequados aos quesitos risco, retorno e custo.

Quando um investidor ou uma investidora me avisa que vai “se casar” com um fundo de investimento por pura paixão, sem realmente procurar conhecer bem o outro lado, me sinto como Julianne: minha paixão, que é fazer de tudo para que o investidor comum tenha tratamento de gente grande e não invista em furadas, vem à tona, e isso acaba sempre resultando na tentativa de desfazer esse casamento.

Por isso, quero listar algumas dicas que você deve observar antes de investir em um fundo, com o mesmo cuidado que você teria ao decidir se relacionar com outra pessoa, para não acabar a vida inteira com um investimento que não tem nada a ver com você:

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– Entenda o que você realmente quer na relação. Antes de juntar as escovas de dente com Vini, meu “namorido”, eu costumava brincar que só casaria se o pretendente fosse aprovado em todos os quesitos da minha “lista de exigências”. Pois bem, essa realidade também é válida na hora de investir. O investidor ou a investidora que deseja retornos elevados tem que estar disposto ou disposta a correr mais risco. Já a pessoa mais conservadora vai precisar entender que não existem milagres – correr menos riscos sacrifica os retornos, e vai ser preciso investir mais pra isso.

– Antes de investir de fato, namore ou, no caso, conheça o histórico dos gestores e, principalmente, quem está por trás do dia a dia do investimento. Para isso, vale a pena gastar um tempinho conhecendo a filosofia de investimento de um fundo e qual é o mandato do gestor na estratégia.

– Tome cuidado com falsas promessas. Se você já se iludiu com alguém que te prometeu mundos e fundos na relação, vai entender. E aqui vale o mesmo: retornos altíssimos, consistentes e com risco zero não existem no planeta Terra. Inclusive, os maiores investidores do mercado financeiro costumam ter retornos muito mais modestos do que as “promessas de 20% ao mês” que vemos por aí.

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– Peça referências. Sabe quando a gente procura um amigo ou uma amiga da pessoa de quem a gente gosta para entender mais sobre ela? No mundo dos fundos, isso é parte do meu trabalho: vamos atrás de referências, depoimentos de cotistas e declarações do mesmo gestor para ver se tem algo que vá contra o investimento.

– Invista em algo dentro das suas possibilidades. Afinal, acredito que ninguém deseja gastar uma nota em uma festa de casamento, mas se separar meses depois. Isso pode acontecer quando um investidor aloca todas as suas economias em uma única estratégia de fundos e acaba resgatando recursos que estão investidos sem considerar o seu estômago pra risco e horizonte de investimento.

– Foque no longo prazo. Como estamos falando de “casamento”, o ideal é que um investimento em fundos dure pelo menos o tempo dos seus objetivos – ou, como questiona a Luciana Seabra, CEO da Spiti: por que não durar pra sempre? Nada mau deixar uns fundos de investimento de herança para as crianças que virão, por exemplo.

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– E, para finalizar: se não der certo, termine. O gestor não agiu conforme o esperado ou você precisa de um rebalanceamento? Dê um fim ao relacionamento. Não precisa ficar se arrastando em um investimento que não tem nada a ver com você. Como todo rompimento, vai ser doloroso, mas no longo prazo pode te fazer bem.

Abraços,

Carol Oliveira

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Carolina Oliveira

Carolina Oliveira é especialista em fundos de investimento na Spiti, analista CNPI, economista e mestre em Economia Empresarial. Atuou nas áreas de investimentos de fundos de pensão por quase uma década. Acredita que os investimentos foram feitos para beneficiar aquele que investe e que o pequeno investidor deveria ser capaz de conseguir investir sem firulas e com o calibre de um investidor grande. É por essa causa que está disposta a advogar.