Baseado em que você disse isso?

Alguns profissionais exageram na sua vontade de dizer sua opinião a respeito de qualquer assunto. Desse modo, um fato mal acabou de acontecer, e eles já se julgam capazes de fazer análises profundas a respeito e emitir um veredicto do que está errado e quem é o culpado. Destituídos de embasamento em suas argumentações, apresentam soluções pífias ou estapafúrdias, que, em geral, nada têm a ver com a realidade.

Silvio Celestino

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Publicidade

Alguns profissionais exageram na sua vontade de dizer sua opinião a respeito de qualquer assunto. Desse modo, um fato mal acabou de acontecer, e eles já se julgam capazes de fazer análises profundas a respeito e emitir um veredicto do que está errado e quem é o culpado. Destituídos de embasamento em suas argumentações, apresentam soluções pífias ou estapafúrdias, que, em geral, nada têm a ver com a realidade.

A causa disso é que vivemos uma cultura na qual as pessoas desejam ser líderes e imaginam que o bom gerente é aquele que fala bem. Por esse motivo que somos liderados, não apenas nas empresas, por indivíduos que falam bem, especialmente quando sob a luz de holofotes, e que não são, necessariamente, bons líderes. Entretanto, como são modelos, fazem com que profissionais ainda em formação também comecem a dialogar sobre todo tipo de assunto, sem ter lido um único livro a respeito, conversado com alguma autoridade relevante no tema, ou mesmo se interessado em refletir, um pouco que seja, antes de falar e fazer grandes bobagens.

Vivemos em um mar de opiniões e, muitas vezes, quem as emite fica exposto ao ridículo, pelos números e evidências – como o que aconteceu recentemente com os “rolezinhos” nos shoppings, quando algumas autoridades disseram que era um reflexo de um problema de discriminação racial e social. Entretanto, os números de uma pesquisa da Datafolha desmentiram essa opinião.

Continua depois da publicidade

Para que você não caia nessa armadilha, procure sempre refletir antes de dizer algo. Essa reflexão deve responder a 3 perguntas básicas: Qual é o objetivo? Você deve pensar em transformar aquilo que é o resultado desejado em algo visível e que possa ser compreendido por todos os envolvidos. Pense se o que você fala é filmável. Você vai dar um grande salto em sua comunicação, se evitar o uso de palavras subjetivas, como tentar, certo, errado e verdade. Descreva exatamente o objetivo a ser alcançado.

Uma vez definido o objetivo, é o momento de conversar sobre as alternativas para obtê-lo. Quais planos de ações viáveis existem para chegar a ele? Uma alternativa viável deve ser estudada e esclarecida em termos de custos, tempo, consequências, pessoas envolvidas, estruturas e sequência de ações.

Se você não pensou em tudo isso, é melhor continuar a refletir, ler, consultar especialistas, profissionais e empresas que já resolveram esse problema. Aqui está o principal incentivo à opinião: ela não precisa de base e, portanto, é produzida instantaneamente. Lembre-se, quando vamos a um médico, usamos a expressão: “Queremos ouvir sua opinião, doutor”. Entretanto, o que ele nos dá, na verdade é um diagnóstico, baseado em uma avaliação embasada em seu conhecimento e experiência.

Continua depois da publicidade

Agora que você tem as alternativas viáveis, precisa dizer qual é a melhor. Para tanto, há os critérios de escolha. Isto é, evidências que demonstrem o que é mais apropriado para o momento e que apontem para uma das alternativas existentes. Portanto, a pergunta a responder é: qual é o critério?

Um dos maiores problemas que enfrentamos é que as pessoas falam sem objetivo, não oferecem alternativas viáveis e não possuem critérios em apontar soluções. No mundo empresarial isso causa grande distrações de temas que são de fato relevantes. Por exemplo, o Brasil em 2014 será mais afetado pelos “rolezinhos”, ou por um dos maiores bancos do mundo limitar o saque de seus correntistas desde a semana passada na Inglaterra? (Notícia sobre a qual você, provavelmente, não leu nada na imprensa nacional).

Seja um profissional respeitado, invista seu tempo no aprofundamento de questões decisivas para sua carreira, departamento e organização.

Continua depois da publicidade

Sobre quais assuntos você anda conversando? Seu tempo é precioso demais para você distrair-se com temas que não afetam seu futuro, da empresa e do país.

Vamos em frente!

Tópicos relacionados

Silvio Celestino

É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.