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O comportamento do juiz Flávio Roberto de Souza, que foi responsável pelos processos contra Eike Batista e foi visto dirigindo um de seus carros apreendidos, nos faz pensar que o problema das pessoas, e não apenas das novas gerações, nunca foi a respeito de seu comportamento nas redes sociais, mas em todos os lugares. E nós somos observados praticamente em todos os momentos.

Silvio Celestino

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O comportamento do juiz Flávio Roberto de Souza, que foi responsável pelos processos contra Eike Batista e foi visto dirigindo um de seus carros apreendidos, nos faz pensar que o problema das pessoas, e não apenas das novas gerações, nunca foi a respeito de seu comportamento nas redes sociais, mas em todos os lugares. E nós somos observados praticamente em todos os momentos.

É verdade que algumas pessoas agem de maneira antiética, para dizer o mínimo, mas o grande risco que corremos é nosso comportamento e nossas palavras serem retirados do contexto e interpretados de um modo que não imaginamos. Claro que não estou me referindo a ações criminosas, mas atos cotidianos que podem ser considerados ofensivos ou não apropriados por alguém que os vê a distância.

A causa disso é que as transformações em nosso mundo são intensas, mas nem sempre visíveis, e as pessoas não as acompanham com a devida velocidade. Ignorar que hoje todos estão com sua câmera e microfone ligados é correr o risco de ser capturado fazendo ou dizendo algo que pode ser mal interpretado.

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Uma luz para isso é minimizar os atos impensados e refletir com maior atenção sobre os motivos que nos levam a falar e agir em cada situação. Portanto, tudo começa com o propósito de cada gesto e palavra. Não é nada fácil escolher um propósito para cada momento, mas determiná-lo é um caminho mais seguro para delinear o que dizer e o que não dizer. Que ações tomar e quais evitar.

Quando estiver do outro lado, ou seja, vendo uma ação ou diálogo que considere suspeitos, é melhor pensar novamente se o que está observando não foi retirado do contexto. Afinal, todos nós temos certa inflexão julgadora e, nesse papel, queremos que as demais pessoas sejam perfeitas e politicamente corretas.

Isso nos torna duros demais com os fatos da vida e, por vezes, desumanos. Essa desumanização, levada a extremos, pode causar situações sérias e sem retorno. Como o caso daquela mulher que foi linchada em Guarujá, São Paulo, em 2014, acusada de fazer rituais de magia negra com crianças. A informação era falsa, mas correu as redes sociais com ares de verdade, e as pessoas fizeram justiça com as próprias mãos.

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O importante é que sejamos mais conscientes do momento de cada ato, e como ele pode se refletir em nossas vidas e carreiras.

Em um momento tão difícil como o atual, quando recebemos tantas notícias de crimes, imoralidades e desfaçatezes daqueles que deveriam dar o exemplo, devemos buscar, ainda que à custa de muito esforço, manter a lucidez ao agir e ao interpretar outras pessoas. Afinal, a serenidade e os propósitos elevados podem fazer muito bem às nossas vidas, carreiras e ao mundo.

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Silvio Celestino

É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.