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Curiosamente, o Dia dos Pais e o Dia das Mães são dois momentos no ano que recebo mensagens de adultos buscando a educação financeira dos seus filhos.
A situação é sempre a mesma: o pai ou a mãe me escrevem perguntando sobre como educar financeiramente os seus filhos. Eu respondo tentando entender se ele(a) se considera educado(a) financeiramente.
A resposta padrão é: “Não… sou um desastre. Mas quero que meus filhos sejam diferentes.”
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Tudo bem se você não fala inglês, mas quer que seu filho seja fluente nesse idioma. Se você é um péssimo jogador de futebol, mas sonha em ver seus pequenos brilharem nos campos. Funciona até se você não teve acesso a nenhuma educação formal e quer ver seus descendentes terminarem o Doutorado.
Mas muitas coisas os seus filhos vão aprender errado se você souber errado. Lidar com o dinheiro é uma delas. Se você é consumista, não compara preços antes de comprar, vive com dívidas e lida de forma catastrófica com o dinheiro, a chance que seus filhos sejam iguais é altíssima.
Existe um processo chamado “Socialização Econômica” em que, principalmente nos primeiros sete anos de vida, absorvemos dos adultos as maneiras de lidar com o dinheiro. Mais do que falar o que é certo, você precisa fazer o que é certo.
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Partindo dessa premissa, de que não haverá boa educação financeira dos seus filhos se você não tiver a sua, onde alguém, depois de adulto, pode aprender?
A resposta mais óbvia é a internet. Basta “dar um Google” e encontrar de tudo sobre educação financeira. Gente boa e séria, amadores sem profundidade e gente desonesta com promessas de ganhos fáceis.
Você pode até aprender por vídeos do YouTube, mas um processo educacional completo precisa de uma boa curadoria, de metodologia. E há um lugar mais “institucional” no qual os adultos poderiam, e deveriam, aprender educação financeira: as empresas.
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Faz sentido para o colaborador, e faz sentido para a empresa. A baixa educação financeira dos adultos ocasiona problemas de diversas ordens. Hoje, a maioria dos empregadores reconhece a conexão entre o bem-estar financeiro e a produtividade, por exemplo.
Segundo a pesquisa “2021 PwC Employee Financial Wellness Survey” desenvolvida pela PricewaterhouseCoopers (PwC), um em cada quatro trabalhadores já perdeu o sono devido a preocupações financeiras e 59% afirmam que as preocupações financeiras atuais os impedem de ter um melhor desempenho.
Com a Covid-19, a situação se agravou. Segundo a PwC, o número de funcionários altamente estressados por conta das suas finanças é maior do que nunca. A situação é pior entre os mais jovens.
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Mais da metade dos funcionários relatam que a maior causa de stress é relacionada a questões financeiras. 1 em cada 3 estão perdendo mais de 3 horas ou mais a cada semana tentando lidar com seus problemas financeiros.
A queda no bem-estar financeiro afeta as relações de trabalho. Quase metade (46%) dos colaboradores afirma que a pressão financeira afetou o relacionamento com seu gestor.
Esses problemas financeiros que transbordam para diversas outras áreas da vida viram uma bola de neve. Como já escrevi por aqui , saúde financeira e mental andam de mãos dadas e devem ser tratadas com igual seriedade.
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A percepção de que as empresas podem atuar para o bem-estar financeiro é generalizada entre os colaboradores, segundo a pesquisa. A maioria acredita que seus empregadores deveriam apoiar seu bem-estar financeiro. Mas apenas uma em cada cinco pessoas está satisfeita com as medidas implementadas nas empresas para ajudá-las a administrar suas finanças.
No passado, não recebemos educação financeira na escola. Mas, hoje, podemos receber no ambiente de trabalho. As empresas são o lugar certo para fornecer orientação financeira nos momentos em que seus colaboradores mais precisam de ajuda.
A educação financeira dos colaboradores trará maior autonomia para decisões de aposentadoria, poupança e investimentos, acompanhada a um menor estresse financeiro e endividamento.
As empresas podem apoiar o bem-estar financeiro de seus funcionários fornecendo uma variedade de tipos de apoio, desde palestras e acesso a aconselhamento financeiro, cursos online de educação financeira e até empréstimos ou subsídios de baixo custo para gerenciar emergências financeiras de curto prazo.
Se possível, é importante posicionar o bem-estar financeiro dentro de um programa holístico mais amplo – reconhecendo a ligação entre o bem-estar financeiro e outros aspectos da saúde física e mental.
Não há saúde mental positiva se a saúde financeira estiver comprometida. Uma pessoa endividada perde o sono, tensiona as relações pessoais e não consegue entregar o seu melhor como profissional.
É importante que a empresa se certifique de que o programa seja claro, prático e que inclua estudos de caso que permitirão aos participantes aplicar a orientação diretamente às suas circunstâncias e que incluam insights comportamentais para aumentar o engajamento e os resultados do programa.
A educação financeira em nosso país só vai evoluir de verdade quando o setor público e o privado assumirem o tema com responsabilidade. Quando escolas e empresas estiverem oferecendo educação financeira e formando um ecossistema que educa, regulamenta e protege o cidadão para que ele tome boas decisões financeiras durante sua vida.