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A indústria precisa ser revitalizada, e isso passa por capacitar e empoderar os trabalhadores da linha de frente nas fábricas. Além disso, os conceitos sobre a próxima onda de inovação que deve atingir o setor, conhecida como Indústria 4.0, também são de interesse dos operários, de modo que o assunto não deva ficar restrito a gestores e diretores de linhas de montagem. Isso é o que pensa Igor Marinelli, fundador e coCEO da Tractian, startup especializada em manutenção preditiva.
Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Marinelli conta que a solução desenvolvida pela Tractian – um sensor que, acoplado a uma máquina, permite identificar falhas prestes a acontecer, similar ao modo como o aplicativo Shazam reconhece músicas em som ambiente – foi desenvolvida pensando no dia a dia de técnicos em manutenção.
A exemplo disso, defende que a funcionalidade de equipamentos e softwares direcionados à produção fabril contemple, principalmente, as necessidades dos trabalhadores do setor.
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Não adianta falar em Indústria 4.0 e encher de termos que não significam nada”
“Precisamos destrinchar o que isso realmente significa para quem está na linha de frente [das fábricas]”, afirma o empresário.
“É quase um paralelo com o mercado financeiro. Como as empresas estão tornando os investimentos mais acessíveis? Tirando um monte de termos que não interessam ao consumidor final e falando do que realmente se trata. Este movimento é parecido. Quando você fala a língua da pessoa, você a empodera”, acrescenta.
Na visão de Marinelli, o setor industrial carece de conteúdo voltado aos trabalhadores, cujas atividades ainda são vistas como essencialmente braçais. Pensando nesta lacuna, a Tractian, recentemente, adquiriu publicações especializadas em processos fabris, com o objetivo de tornar a comunicação mais assertiva e eficiente para todos que transitem na área.
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“As pessoas precisam ser capacitadas. Estamos falando de um crescimento industrial nos próximos anos, e as pessoas precisam desejar trabalhar na área. Não é só aquela ideia do manutentor [técnico em manutenção] que só aperta parafuso e vive sujo de graxa. Não é mais assim”, reforça o executivo. “Noventa por cento do seu tempo é [gasto] analisando dados, tomando decisões e organizando rotinas”, pontua.
Além disso, Marinelli destaca que gestores e diretores precisam entender que as aplicações industriais precisam ser funcionais para as equipes de operação.
“Não é escolher uma solução e fazer o top down [de cima para baixo], ‘você vai usar isso e pronto’. A manutenção pode escolher o que utilizar”, salienta. “Estou mais preocupado com o técnico de manutenção do que com o diretor. A solução precisa ser útil e válida”, frisa.