Álbum da Copa chega primeiro no online e deixa colecionador-raiz só com figurinhas nas bancas

Publicação foi lançada nesta sexta (19), mas espaços físicos só terão modelos brochura no dia 26 e os de capa dura em 2 de setembro

Gilmara Santos

Capa do álbum de figurinhas da Copa do Mundo do Catar (Imagem: Divulgação/Panini)
Capa do álbum de figurinhas da Copa do Mundo do Catar (Imagem: Divulgação/Panini)

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Quem foi às bancas de jornais ou livrarias em busca do álbum da Copa do Mundo de Futebol saiu apenas com as figurinhas. Apesar de o lançamento ter sido marcado para esta sexta-feira (19), os livros colecionáveis ainda não estavam disponíveis nos pontos físicos de venda. Mas já é possível comprar a publicação pelo site da Panini, editora italiana responsável pelo produto, com entrega em até 4 quatro dias úteis, dependendo do endereço.

Quem participou da pré-venda, também online, conseguiu agendar a entrega do álbum para esta sexta, segundo a Panini. Já os revendedores de lojas físicas só terão os álbuns em duas datas distintas: os modelos de brochura estarão disponíveis a partir do dia 26 de agosto; e os de capa dura em 2 de setembro.

“Comprando direto no site é mais rápido e isso é muito prejudicial para o pequeno comerciante. Muitos podem desistir de comprar no espaço físico”, avalia Thais Pimentel, do Espaço Sophia, em São Paulo.

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Pimentel afirma que foi surpreendida, nesta sexta, com a chegada apenas das figurinhas. De acordo com os comerciantes, não houve nenhum aviso prévio sobre a prorrogação da entrega dos álbuns. “Havia uma expectativa do lançamento, que foi frustrada”, comenta.

Há 30 anos com banca de jornal na zona leste da capital paulista, Luiz Fiukuyana disse à reportagem do InfoMoney que, neste ano, é a primeira vez em que as figurinhas são entregues antes do álbum.

“Figurinha sem álbum não existe. O que vai fazer com um monte de figurinha sem álbum?”, questionou Fiukuyana. “Para os negócios, isso é terrível. As vendas de figurinhas foram mínimas neste primeiro dia”, afirmou.

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Mais caro

Além de ter que esperar mais pelos livros colecionáveis, os consumidores terão que desembolsar mais para levar o álbum da Copa do Catar para casa.

Neste ano, está custando R$ 12, alta de 52% em relação aos R$ 7,90 da Copa de 2018, disputada na Rússia, e mais que o dobro dos R$ 5,90 da Copa de 2014, realizada no Brasil.

O preço do pacote com 5 cromos também subiu — sai por R$ 4, o dobro da Copa de 2018 e o quádruplo da Copa de 2014.

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Nos últimos 4 anos, enquanto o preço do pacotinho subiu 100% e o álbum, 52%, a inflação medida pelo IPCA (o índice oficial de preços do Brasil) foi de 25%.

Comparando com a Copa de 2002, quando o Brasil ganhou o torneio pela última vez e se tornou pentacampeão, a diferença fica ainda mais evidente: o álbum custava R$ 3,90 e o pacote de figurinhas, R$ 0,50 (e vinha com 6 cromos, não com 5). Ou seja: uma figurinha custava R$ 0,083 há 20 anos, quase um décimo dos R$ 0,80 de hoje.

Uma forma de medir a perda do poder de compra em relação às figurinhas da Copa é comparar o que dá para adquirir ao longo do tempo com a mesma quantidade de dinheiro.

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Enquanto em 2002 era possível comprar 1 álbum e 1.152 figurinhas com R$ 100, hoje essa mesma quantidade de dinheiro compra apenas 1 álbum e 110 figurinhas — uma redução de mais de 90% no número de cromos.

Eram necessários R$ 12,40 para comprar o álbum e 100 figurinhas há 20 anos. Hoje, é preciso desembolsar R$ 92 para comprar a mesma quantidade (quase o dobro de apenas 4 anos atrás).

Outro lado

A Panini informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o álbum de figurinhas apresenta um aumento exponencial em seu volume de produção, fruto do interesse e da demanda do mercado mundial.

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Sobre a chegada, primeiro, das figurinhas às bancas nesta sexta, data do lançamento do produto, a empresa culpou o tamanho do país, que dificulta a distribuição equânime dos materiais. “Em relação ao Brasil, dado os desafios logísticos de um país de dimensões continentais e a capilaridade de distribuição, algumas regiões podem apresentar menor oferta de produtos em relação a outras”, disse.

“A fim de buscar alternativas ao consumidor, a editora estabeleceu diversas parcerias comerciais com os principais varejistas nacionais, que oferecerão alternativas para o público. Ao todo, mais de 90 players do segmento, entre eles Magazine Luiza, Lojas Americanas, Amazon, Grupo Muffato, Livraria Leitura e Havan”, diz a nota. “Além disso, a Editora Panini tem investido na modernização de seu e-commerce, para atender os colecionadores em diferentes frentes.”

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Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC.