BMW enfrenta mau cheiro e gera energia a partir do estrume

Tudo por uma boa causa

Bloomberg

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(SÃO PAULO) – A unidade de montagem de carros da BMW AG na África do Sul está fazendo sua parte para ajudar a fabricante de veículos alemã a avançar em direção à meta global de abastecer toda sua produção com energia renovável: está tirando parte de sua energia do estrume de vaca.

A empresa fechou um acordo de 10 anos para a compra de até 4,4 megawatts de eletricidade de uma usina de biogás localizada a cerca de 80 quilômetros de sua fábrica, a noroeste de Pretória, a capital sul-africana. Cercada por terras onde pastam cerca de 30.000 cabeças de gado, a usina opera usando o gás emitido por uma mistura fétida de esterco e resíduos orgânicos, como iogurte azedo e ração canina descartada.

O acordo com a Bio2Watt (Pty) Ltd., a empresa de capital fechado que opera a usina de energia, foi fechado para levar a BMW, que tem sede em Munique, um passo adiante rumo à sua meta para as energias renováveis, segundo o porta-voz da fabricante na África do Sul, Diederik Reitsma. Quando atingir sua capacidade plena, a unidade de biogás representará 25 por cento a 30 por cento do consumo de eletricidade da unidade de produção da BMW, disse ele em entrevista na fábrica de automóveis.

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“Somos um grande consumidor, então é bastante”, disse Reitsma. “Esses resíduos não serão mais desperdiçados”.

A BMW já adquire cerca de 51 por cento de sua energia de fontes de energia renovável, segundo a empresa. Na África do Sul, a fabricante de veículos poderá considerar outras fontes de energia limpa, inclusive solar, para a fábrica de Rosslyn, que foi a primeira planta estrangeira da BMW quando estabelecida, em 1973. A instalação produz mais de 60.000 sedãs Série 3 por ano para os mercados local e de exportação e produziu seu milionésimo veículo em fevereiro.

Para as empresas de alimentos e resíduos, o fornecimento para a usina é uma forma conveniente e amigável ao meio ambiente de se livrar dos resíduos orgânicos que o governo está tentando desviar dos aterros sanitários. A planta também recebe resíduos de diversas grandes empresas de alimentos, segundo o CEO da Bio2Watt, Sean Thomas.

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“Você está vendo cerca de 500 toneladas de resíduos entrando na usina todos os dias e sendo processados na planta”, disse Thomas. “Muitos consultores e empresas de resíduos estão batendo à nossa porta”.

Esterco fresco

Com produção plena, a planta da Bio2Watt receberá entregas diárias de esterco — “tão fresco quanto possível”, segundo Thomas — totalizando cerca de 160 toneladas. A outra matéria-prima principal da usina é a chamada lama de papel proveniente da unidade local da fabricante de papel higiênico americana Kimberly-Clark Corp. e o restante é uma mistura de restos de frutas e vegetais, gordura oriunda de restaurantes, resíduos de matadouros, iogurte, ração de cachorro e refrigerantes vencidos.

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A Beefcor (Pty) Ltd., empresa fornecedora de carne proprietária do curral que circunda a usina de biogás, enxerga a oferta de estrume para a Bio2Watt como uma forma econômica e amigável ao meio ambiente de disposição de resíduos, disse o diretor-gerente Robin Watson, por telefone, nesta sexta-feira.

Apesar de a BMW estar adquirindo energia gerada na usina de biogás, essa eletricidade será direcionada à rede local, que é operada e pertence à Eskom Holdings SOC Ltd., a empresa estatal de energia, que posteriormente a conecta à fábrica de automóveis por meio da rede de distribuição de eletricidade da cidade de Tshwane. Esta é a área metropolitana onde ambas as fábricas estão localizadas, e facilitará o processo de faturamento.

Com a dependência da rede local de energia, a Bio2Watt não poderá garantir a segurança da oferta de energia para a BMW se a Eskom programar blecautes na área, disse Thomas. A empresa de energia, que fornece cerca de 95 por cento da eletricidade consumida na África do Sul, impôs seguidos cortes de energia ao longo do inverno deste ano para realizar manutenção em suas plantas mais antigas após anos de baixos investimentos.

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E quanto ao mau cheiro? Após algum tempo no local, “você deixa de senti-lo”, disse Thomas, que visita o projeto pelo menos uma vez por semana. “O problema é se você vai para uma reunião mais tarde, porque ele está nas suas roupas, está por toda parte”.

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