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SÃO PAULO – O bilionário Carlos Slim está prestes a se tornar o maior acionista do New York Times depois de já ter quase duplicado o dinheiro investido quando ajudou o jornal a atravessar a crise financeira.
Slim, que acumulou uma fortuna de US$ 73 bilhões detectando avaliações deprimidas, emprestou US$ 250 milhões ao Times em janeiro de 2009. Depois de já ter sido mais do que reembolsada, a segunda pessoa mais rica do mundo está agora em vias de aumentar sua participação acionária, se exercer suas opções até o prazo de 15 de janeiro. Slim possuiria então quase 17% das ações Classe A do Times, participação avaliada em cerca de US$ 349 milhões.
O retorno financeiro de Slim mostra o tamanho do sacrifício feito pelo Times para conseguir sua ajuda na época, mas também ilustra sua confiança no futuro do célebre jornal – mesmo quando leitores e comerciantes estavam indo para a internet, onde a maioria dos conteúdos era grátis e os preços para publicar anúncios eram mais baratos. E ele não estava sozinho em sua fé na mídia: o bilionário Jeff Bezos comprou o Washington Post em 2013 e Warren Buffett investiu em vários jornais locais.
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Se Slim decidir aumentar sua participação, seria “um voto de confiança no Times”, disse Ken Doctor, analista independente de mídia para a Newsonomics. “São principalmente as pessoas mais ricas que têm a capacidade de assumir o que ainda é uma operação arriscada em relação ao futuro dos negócios da indústria de notícias”.
Quando Slim, de 74 anos, decidiu emprestar dinheiro ao Times em 2009, a empresa tinha acabado de cancelar seu dividendo, para preservar o caixa, e uma linha de crédito estava quase expirando. O investimento de Slim deu tempo suficiente à empresa para achar compradores para ativos como o Boston Globe.
Daí em diante, o Times limpou seu balanço, tornou seu site pago e lançou novos produtos digitais. Slim planejava exercer as garantias e conservar a participação acionária expandida em vez de vender as ações para obter uma rentabilidade imediata, disse uma fonte do setor no ano passado.
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Mesmo com a participação maior, uma aquisição não desejada seria difícil porque os proprietários controladores – a família Ochs-Sulzberger – possuem ações com direito a voto que lhes dão uma posição firme nos assentos no conselho. A participação de Slim lhe permite votar apenas para diretores de Classe A, grupo que representa no máximo um terço dos membros do conselho da empresa. As ações Classe B da família, que não são negociadas em bolsa, elegem os dois terços restantes do conselho.
O ano passado foi tumultuoso para o Times, tanto na redação quanto na parte comercial. Em maio, o presidente e editor Arthur Sulzberger Jr. demitiu a editora-chefe Jill Abramson, que estava a menos de três anos no cargo. E no final do ano passado, o jornal eliminou mais de cem postos na redação por meio de aquisições e demissões a fim de reduzir custos.
Enquanto isso, a empresa está tentando manter o crescimento das assinaturas on-line, que chegaram a cerca de 875.000 no fim do terceiro trimestre, e o número de leitores da edição impressa continua caindo. A receita com publicidade digital aumentou, mas não o suficiente para compensar a queda da publicidade impressa.
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O investimento no Times é apenas um elemento no império de Slim, que abrange de bancos e energia até varejo. A maior parte da sua fortuna vem de uma participação majoritária na América Móvil SAB, a operadora de telefonia celular que está tentando vender ativos no México para reduzir sua participação no mercado.
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