Com fim de encargo, contas de luz podem ficar mais baratas em 2011

De acordo com instituto Acende Brasil, cobrança da Reserva Global de Reversão está prevista para acabar em dezembro deste ano

Ana Paula Ribeiro

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SÃO PAULO – As contas de luz podem ficar mais baratas em 2011, com o fim da cobrança de um encargo do setor elétrico, conforme previsto em lei que o regulamenta.

Conforme divulgado pelo instituto Acende Brasil, pela legislação, a RGR (Reserva Global de Reversão) deve ser extinta em 31 de dezembro de 2010, mais de meio século depois de criada, o que pode levar a uma redução de 1,23% nos valores das contas.

Deixar de recolher a RGR não implica a extinção do fundo já existente, que, segundo o instituto, acumulou montante o suficiente para atender aos seus objetivos, apesar de o saldo total ser considerado “um mistério”. “Em 2009, por exemplo, além dos R$ 1,586 bilhão em arrecadação de cotas, a Eletrobrás recebeu R$ 1,313 bilhão por conta da utilização do dinheiro dessas cotas como fonte de financiamento e em aplicações financeiras”, afirma o presidente do Acende Brasil, Cláudio Sales. “A partir de 2011, mesmo sem a cobrança do encargo, haverá milhões de reais em crédito a receber de investimentos já efetuados, além do patrimônio já acumulado, que é não é divulgado pela Eletrobrás”, completa ele, referindo-se à administradora do fundo.

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Mudanças no encargo
A RGR foi criada originalmente em 1953 para indenizar concessões. A proposta era gerar uma espécie de seguro, que seria usado no caso de reversão à União de concessões de energia elétrica. Com o tempo, conforme observa o Acende Brasil, a RGR foi destinada para finalidades diferentes, que seriam atendidas por outros encargos, como a CCC (Conta de Consumo de Combustíveis), o Proinfa e a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético).

A cobrança da RGR deveria ser extinta já em 2002, mas a edição de uma nova lei alterou as destinações do encargo e, além de prorrogá-lo por mais oito anos, criou o Proinfa e a CDE.

“Uma nova postergação agora, entretanto, exigirá alteração da lei. Então, cabe ao Congresso Nacional zelar pelo consumidor de eletricidade e evitar que isso aconteça”, afirma Sales.

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Um motivo para diminuir, vários para aumentar
Se de um lado o fim do encargo pode baratear as contas de luz, por outro, outros fatos podem encarecê-las. Entre eles, estão o acionamento de usinas termelétricas, que empregam fonte de energia mais cara, como diesel e óleo combustível, o aumento no preço da energia comprada do Paraguai por Itaipu e até o apagão ocorrido nesta mesma hidrelétrica. No caso do blecaute, que atingiu estados brasileiros e o vizinho paraguaio em novembro do ano passado, o custo adicional nas contas pode somar R$ 160 milhões.

Erros no cálculo de reajuste das tarifas de energia também vinham aumentando os valores das contas, causando um prejuízo de cerca de R$ 1 bilhão aos consumidores, entre 2002 e 2007, de acordo com dados do TCU (Tribunal de Contas da União).

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Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney