Militares farão revistas de malas e passageiros nos aeroportos de Cumbica e Galeão com vigência da GLO?

Presença da FAB nos aeroportos do Sudeste busca coibir crime de tráfico internacional de drogas

Gilmara Santos

Bagagem na esteira
Bagagem na esteira

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, neste mês, decreto que cria uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para apoiar as forças estaduais no policiamento de portos e aeroportos para combater a atuação do crime organizado nos Estados de Rio de Janeiro e São Paulo.

A decisão do governo federal vem no momento em que mais um caso de troca de bagagens foi registrado no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) e que levou uma pessoa inocente à prisão. Desta vez, a vítima foi um líbio que teve a etiqueta de uma bagagem trocada por outra com 43 kg de cocaína no maior aeroporto do país. Antes, duas brasileiras foram presas na Alemanha, também com drogas, na bagagem que foi trocada em Guarulhos.

O objetivo da medida é fortalecer o combate ao tráfico de drogas, armas e outras condutas ilícitas por meio de ações preventivas e repressivas. Neste sentido, a FAB (Força Aérea Brasileira) foi acionada para atuar na GLO no Aeroporto Internacional Tom Jobim – Galeão (RJ) e em Guarulhos (SP). A operação começou em 6 de novembro e seguirá até 3 de maio de 2024.

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“A missão da FAB compreende o emprego de meios de força aérea, de forma singular, ou interagências, bem como a realização de atividades operacionais de Polícia da Aeronáutica, e ações subsidiárias mediante ordem, a fim de degradar a capacidade das Organizações Criminosas (ORCRIM) na repressão às ações ilícitas”, diz nota divulgada pela assessoria de imprensa.

Cerca de 600 militares foram destacados para atuarem conjuntamente com a Polícia Federal, Receita Federal, Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Polícia Militar e Polícia Civil tanto na área de manobra de aeronaves quanto nas áreas de movimentação de bagagens, com a ajuda dos cães farejadores.

“O efetivo está dividido para atuar no Galeão e em Guarulhos. Vamos trabalhar junto aos órgãos que já atuam nos aeroportos no seu cotidiano, como uma maneira de reforçar a segurança e o combate aos ilícitos, como o transporte de drogas e de armas e outros delitos que porventura venham a ser identificados. Desde o início desse planejamento, o espírito é de colaboração e de cooperação, para aumentar a efetividade do trabalho. Vamos complementar as ações que já são rotineiramente feitas no aeroporto”, disse Luiz Guilherme da Silva Magarão, major-brigadeiro do ar.

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“Poderemos, sim, participar de revistas de passageiros e também de revistas de cargas e de bagagens. Mas vamos atuar sem prejudicar a fluidez do comércio exterior e garantindo o sigilo fiscal e a intimidade dos viajantes, respeitando o direito das pessoas”, acrescentou.

Ao todo, 3.700 militares estão destacados para ampliar o combate a crimes na faixa de fronteira e em operação de GLO específica nos portos de Itaguaí, do Rio de Janeiro; de Santos (SP), além dos aeroportos do Sudeste. A GLO é um instrumento que concede poder de polícia aos militares para atuarem nessas áreas.

“Este é o nosso momento de pré-alta temporada, e a presença da Força Aérea vai trazer mais senso de segurança aos passageiros. Temos os órgãos anuentes públicos federais, logo, essa sinergia é fundamental para o sucesso da sua missão”, pontuou o diretor de operações do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Dimas Salvia.

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Articulação

No caso de Guarulhos, a FAB também irá atuar no acesso ao aeroporto em parceria com a Polícia Rodoviária Federal. Já nas vias que levam ao Galeão, estarão presentes as forças de segurança que já fazem o patrulhamento cotidianamente, sobretudo pela Polícia Militar.

Segundo Magarão, há detalhes da atuação da FAB que ainda estão sendo coordenados com os órgãos e as agências que atuam nos aeroportos, em busca de um entendimento comum sobre como o emprego dos militares será mais efetivo. O superintendente da Receita Federal, Claudiney Cubeiro dos Santos, reiterou a articulação. “A Receita Federal continua desempenhando as suas atribuições. Teremos uma integração entre os órgãos e isso nos fortalece. É uma integração para combater o crime organizado”, avaliou.

De acordo com o delegado da Polícia Federal (PF) Jacson Rosales, questões como as revistas pessoais e a revista de bagagens ainda estão sendo discutidas. “Estamos alinhando para que a sociedade seja o menos impactada possível com essas ações”, disse. Rosales pontua que, embora a decretação de seis meses de GLO gere na sociedade uma expectativa por um maior número de prisões e apreensões de substâncias ilícitas nos aeroportos, essa não deve ser a forma de medir o sucesso do trabalho.

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“A presença do Estado aqui, de forma tão massiva e ostensiva, faz com que o crime organizado naturalmente evite cometer os ilícitos neste aeroporto. Por isso, nós temos que tomar cuidado com os parâmetros estabelecidos e com as métricas a serem impostas para avaliar o trabalho. Se tiver menos apreensões e prisões não significa que a operação não foi exitosa”, avalia. Segundo ele, a GLO pode ser considerada exitosa se coibir as ações do crime organizado e tornar o aeroporto um local mais seguro.

*Com informações da Agência Brasil

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Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC.