Na contramão do mercado, vendas de carros elétricos e híbridos crescem 58% em 2022 no Brasil

'Se tivesse incentivo, como na maioria dos países, mercado brasileiro de carros elétricos já seria bem maior hoje', diz Adalberto Maluf, presidente da ABVE

Estadão Conteúdo

(Getty Images)
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Enquanto o mercado automotivo em geral enfrenta queda nas vendas, o segmento de carros elétricos e híbridos vem ganhando velocidade. De janeiro a maio, as vendas desses modelos cresceram 57,7% no Brasil.

No mesmo período, o mercado total de automóveis e comerciais leves caiu 18%, no comparativo com igual intervalo do ano passado. Esse nicho passou a representar 2,3% das vendas totais do setor, ante 0,4% há três anos.

De forma lenta, mas constante, os modelos 100% elétricos e híbridos vêm conquistando consumidores que querem um carro menos poluente ou que estão curiosos para testar a nova tecnologia.

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Embora as vendas ainda sejam pequenas em números absolutos — de 16,4 mil veículos em cinco meses—, o Brasil tem hoje 70 modelos disponíveis entre os 100% elétricos (conhecidos pela sigla BEV); os híbridos (HEV, que têm motor a combustão e elétrico, com bateria autorrecarregável); e os híbridos plug-in (PHEV, que também recarregam na tomada).

Esse número deve ficar próximo de 100 até o fim do ano com a chegada de novos produtos já anunciados (sem contar as variações de versões).

Para Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a maior oferta tem a ver com o interesse do consumidor por novas tecnologias. Como comparativo, ele informa que nos EUA também há 70 modelos elétricos e híbridos à venda.

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Lá, a participação no mercado total foi de 4,5% em 2021. Na Alemanha, onde os elétricos e os híbridos plug-in já respondem por 26% do mercado, há 160 modelos à venda.

“Mesmo sem uma política de incentivos, o brasileiro está comprando carros elétricos; se tivesse incentivo, como na maioria dos países, o mercado já seria bem maior hoje”, avalia Maluf.

Competição põe mais opções no mercado

O crescimento da oferta de veículos elétricos e híbridos reflete a disputa entre as montadoras para não ficar para trás na corrida pela eletrificação no país. Com exceção da Volkswagen, todas as fabricantes têm algum modelo do tipo à venda, ou terão até o fim do ano.

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Entre as importadoras, só a Ford, que quando tinha fábrica no Brasil foi a primeira a vender um carro híbrido, agora está fora desse nicho.

Nas últimas semanas, duas montadoras de marcas chinesas, a Caoa Chery e a Great Wall Motors, anunciaram a produção local de carros híbridos flex, indicando que a eletrificação ganha força e investimentos no Brasil. Até agora, só a japonesa Toyota fabricava esse tipo de veículo no país.

A Caoa Chery também iniciou a pré-venda do subcompacto elétrico iCar por R$ 140 mil, o que faz dele o mais barato do mercado. O carro é importado da China e tem capacidade para quatro passageiros.

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Já a General Motors (GM), dona da Chevrolet, voltará a vender o Bolt no país, em versão atualizada, e promete para 2023 o SUV Bolt, além da Blazer e do Equinox — todos elétricos.

O diretor de Estratégia da GM América do Sul, Marcos Paiva, ressalta que a venda desses veículos cresce no mundo todo — só modelos elétricos tiveram vendas de 4,9 milhões de unidades em 2021, mais que o dobro do ano anterior.

“Políticas voltadas à redução de emissões e o aumento nos preços dos combustíveis contribuem para o maior interesse global pelos elétricos, assim como a maior oferta de modelos e a redução da diferença de preço em relação aos demais automóveis”, diz Paiva.

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A maior oferta de elétricos também atende o mercado de locação de veículos. A Movida, empresa de aluguel de carros, tem 600 modelos elétricos híbridos em sua frota de 191 mil veículos. No ano passado, o grupo inaugurou na zona leste de São Paulo uma loja-conceito com 11 carregadores de alta velocidade e ultrarrápidos, que permitem uma carga completa em 40 minutos.

E os preços?

No Brasil, os preços dos eletrificados vão dos R$ 140 mil cobrados pelo iCar, da Caoa Chery, até R$ 7,4 milhões da Ferrari Stradale ou, ainda, R$ 8,4 milhões da versão Spider, ambas híbridas plug-in. De janeiro a abril, foram vendidas quatro unidades de ambos os modelos.

Apesar dos valores elevados, a relação de preços entre elétricos e carros a combustão vem diminuindo. Em 2019, o elétrico mais barato à venda no mercado brasileiro era o JAC iEV, que também custava R$ 140 mil.

O valor era 4,88 vezes maior do que o do modelo a combustão mais barato na época, o Chery QQ, vendido a R$ 28,7 mil. Hoje, o novato iCar custa 2,23 a mais do que o Mobi, o mais em conta entre os carros a combustão (R$ 62,7 mil).

“Os preços dos elétricos estão caindo no mundo todo com o aumento de escala de produção e a redução do custo da bateria”, diz Adalberto Maluf, da Associação Brasileira do Veículo Elétrico.

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