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Números dão sentido aos impactos enfrentados pelo bolso do brasileiro. Nesta sexta-feira (24), o IPCA-15, indicador prévio da inflação do IBGE, mostrou que o preço das passagens aéreas literalmente está nas alturas.
Nos últimos 12 meses até junho, os bilhetes acumularam inflação de 123,26% no Brasil. Entre os subitens do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), as passagens aéreas registraram alta mais significativa. No mês, em junho, o preço dos bilhetes subiu 11,36%, após alcançar 18,40, em maio.
A forte inflação das passagens aéreas segue o rastro da maior demanda por viagens, após a queda das restrições na pandemia de Covid-19, e do aumento do preço do querosene de aviação, combustível responsável por pressionar os custos das companhias aéreas.
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Analistas do mercado ouvidos pelo InfoMoney classificaram as passagens aéreas como as grandes vilãs do índice na prévia de junho.
Bilhetes mais caros
Willie Walsh, diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), disse, nesta semana, que o passageiro de avião terá de se acostumar com bilhetes mais caros.
“As pessoas terão de se acostumar (com passagens mais caras). Não sou mais um CEO de uma companhia aérea, mas olho os fundamentos”, disse Walsh. “O preço do petróleo está muito alto, e ele é o maior custo de uma aérea. As empresas podem fazer pouco quanto a isso”, diz Walsh.
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Segundo Walsh, as empresas podem até fazer um hedge (proteção) de curto prazo. “Mas, no longo prazo, todo mundo tem de pagar o preço do petróleo, que mudou de forma estrutural para um patamar mais alto. E não há um modo de as companhias aéreas absorverem isso.”
Resposta às críticas
O diretor da Iata discorda das críticas às companhias aéreas e as classifica como “injustas”. “Não acho que seja difícil para as pessoas entenderem. Uma empresa aérea que está perdendo dinheiro não pode ser acusada de especulação quando está aumentando seus preços porque os custos aumentaram de forma significativa. Elas ainda estão perdendo dinheiro.”
Levantamento da Iata, divulgado nesta semana, mostra que as perdas do setor aéreo neste ano devem ficar em US$ 9,7 bilhões, ainda por conta da pandemia de Covid-19. A entidade estima que 2023 deve, finalmente, ser o ano em que o setor como um todo voltará a registrar lucros.
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Entre os motivos para o otimismo relativo no setor estão a retomada forte da demanda que vem sendo verificada e os ganhos de eficiência das empresas, mesmo com o salto no preço do petróleo. Em países avançados, o baixo nível de desemprego também tem favorecido a retomada.
Mesmo na América Latina, apesar de a economia ainda estar fraca, as companhias recuperaram o tráfego “de forma robusta”, segundo a Iata. A demanda hoje está em 94,2% do nível pré-crise, abaixo apenas da verificada na América do Norte (95%).
“Os preços de energia estão elevando a inflação e sendo repassados aos consumidores. Acho que é injusto as pessoas criticarem as companhias aéreas quando elas não têm opção”, diz Walsh. “As aéreas estão perdendo dinheiro, os custos estão subindo. Elas têm que adotar todas as medidas que podem para sobreviver neste ambiente.”
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