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O setor de seguros teve um bom 2022 e viu a arrecadação subir 16,2%, muito acima do crescimento da economia, mas um segmento se destacou ainda mais: o seguro rural. A arrecadação cresceu 39,4% no ano passado e não apontou para uma desaceleração em dezembro, ao contrário do restante do setor.
O segmento rural cresceu 31,6% no último mês de 2022 (contra uma média de 8,5% do setor). Já as indenizações tiveram uma forte alta de 47,1% no acumulado do ano, mas despencaram 84,2% em dezembro.
Foram R$ 13,4 bilhões em arrecadação e R$ 10,5 bilhões em indenizações no acumulado do ano, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) divulgados nesta semana e compilados pela CNSeg (confederação da seguradoras).
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O seguro rural triplicou de tamanho nos últimos 5 anos, impulsionado por subsídios governamentais e por problemas no campo, como quebras de safra. Variações drásticas no clima — como secas ou chuvas excessivas — fizeram com que os clientes acionassem o seguro contratado, aumentando as indenizações.
As seguradoras repassam esse aumento de custo para os clientes na renovação do seguro, elevando os preços (o que aumenta a arrecadação). Essa dinâmica ocorreu nos últimos 2 anos e é semelhante à ocorrida no segmento auto (os preços do seguro dispararam junto com o preço dos carros e das peças, além do aumento nos roubos de carros e de acidentes com o arrefecimento da pandemia).
BB ganha mercado
Em meio a essa dinâmica no seguro rural, o Banco do Brasil (BBAS3), que já domina o mercado com mais de 50% de participação, aumentou ainda mais o seu market share. Ele cresceu 4,5 pontos percentuais em 2022, de 54,3% para 58,9%, segundo os dados da Susep compilados pelo Bradesco BBI (os números são um pouco diferentes dos divulgados pela CNSeg, mas apontam para a mesma direção).
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O BB atua no setor de seguros, previdência e capitalização através da BB Seguridade (BBSE3). O banco tem 66,25% de participação na empresa, enquanto os outros 33,75% são negociados em bolsa. A BB Seguridade, por sua vez, tem 74,99% da Brasilseg (seu braço de seguros) e o restante é da espanhola Mapfre.
Com o crescimento da Brasilseg, outras seguradoras perderam marketshare, como a Fairfax e a Newe. A participação da Fairfax no seguro rural caiu 3,3 pontos percentuais, de 4,3% em 2021 para apenas 1,0% em 2022 (o que fez a empresa despencar da 4ª para a 9ª posição do ranking); já a da Newe retraiu 2,6 p.p., de 3,9% para 1,3% (e a companhia caiu do 5º para o 7º lugar).
Além do Banco do Brasil, a Mapfre (que também atua sozinha no segmento) e a Swis RE ganharam mercado. O marketshare da empresa espanhola cresceu 0,7 ponto percentual (de 7,9% para 8,5%) e o da companhia suíça, 0,1 p.p. (de 3,2% para 3,3%).
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Em números absolutos, os prêmios emitidos pela Brasilseg (a arrecadação) aumentou 52% no ano passado, de R$ 5,2 bilhões para R$ 7,9 bilhões. O mesmo percentual de alta foi registrado pela Mapfre (de R$ 758 milhões para R$ 1,1 bilhão).
Na outra ponta, a arrecadação da Fairfax com prêmios despencou 67% (de R$ 414 milhões para R$ 135 milhões), a da Newe, 54% (de R$ 375 milhões para R$ 173 milhões) e a da Tokio Marine, 48% (de R$ 249 milhões para R$ 128 milhões).
Participação de mercado | |||
Seguradora | 2022 | 2021 | Diferença |
Brasilseg | 58,9% | 54,3% | +4,5 p.p. |
Mapfre | 8,6% | 7,9% | +0,7 p.p. |
Essor | 6,4% | 6,6% | -0,2 p.p. |
Swiss RE | 3,3% | 3,2% | +0,1 p.p. |
Sompo | 2,7% | 2,7% | 0 p.p. |
Allianz | 1,7% | 2,6% | -0,9 p.p. |
Newe | 1,3% | 3,9% | -2,6 p.p. |
Sancor | 1,3% | 1,3% | 0 p.p. |
Fairfax | 1,0% | 4,3% | -3,3 p.p. |
Tokio Marine | 0,9% | 2,6% | -1,6 p.p. |
O Bradesco BBI disse em seu relatório que a BB Seguridade “reportou fortes números financeiros, indicando um sólido quatro trimestre à frente” (o documento também destacou os números da Brasilprev, braço de previdência da empresa administrado em parceria com a americana Principal Financial Group),
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Importância do ressegurador
Dyogo de Oliveira, diretor-presidente da CNSeg, minimiza o ganho de participação da Brasilseg. Ele afirma que o seguro rural é concentrado por causa da concessão de crédito (que também é concentrada no BB, por causa do Plano Safra).
“É uma tendência natural o BB continuar liderando o mercado. Ele tem o privilégio de estar com o cliente na frente dele antes dos concorrentes, quando vai pedir o crédito. Então o BB já sabe que esse cliente vai contratar o seguro”, afirma o executivo.
Oliveira, que foi ministro do Planejamento e presidente do BNDES no governo Michel Temer (MDB), também aponta as resseguradoras como um dos motivos para a concentração do setor (como o seguro rural envolve grandes valores, as seguradoras dividem parte do risco — e da arrecadação — com as resseguradoras, para evitar perdas muito grandes).
“Muitas empresas reduziram sua exposição no rural, principalmente porque muitas resseguradoras tiraram exposição. Como o ressegurador reduziu [sua exposição], por mais que uma empresa quisesse continuar no segmento, ela não vai assumir o risco sozinha”, afirma o diretor-presidente da CNSeg.
Apesar de o Banco do Brasil dominar o seguro rural com quase 59% do mercado, Oliveira afirma que o mercado é “muito competitivo” e tem cerca de 40 empresas operando. “É que muitas empresas falaram: o seguro rural está há 2 anos no negativo, então vamos ‘dar uma segurada’. O BB foi exatamente quem não fez isso, então ganhou terreno”.
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